INVESTIGAÇÃO

Presidente do STF diz que juiz foi 'aparentemente assassinado pelo desempenho do seu papel'

Juiz Paulo Torres Pereira da Silva foi morto com um tiro na cabeça, no carro em que dirigia, na noite de quinta-feira (19), em Jaboatão dos Guararapes

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Raphael Guerra

Publicado em 23/10/2023 às 14:41 | Atualizado em 23/10/2023 às 14:55
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O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, declarou, nesta segunda-feira (23), que está preocupado com as investigações do assassinato do juiz Paulo Torres Pereira da Silva, de 69 anos, do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE). O ministro reforçou a forte suspeita de que o crime, na noite da quinta-feira (19), em Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife, pode ter ocorrido em decorrência das atividades do magistrado, que era titular da 21ª Vara Cível da Capital.

"Estou muito preocupado é com a apuração do assassinato do juiz em Pernambuco. Aparentemente assassinado pelo desempenho de seu papel. E isso é gravíssimo", afirmou o ministro a jornalistas antes de participar de um evento voltado a advogados em São Paulo. Barroso disse anda esperar que a apuração da Polícia Civil seja rápida e que haja uma "punição exemplar". 

Na Vara onde o juiz Paulo Torres atuava, havia, por exemplo, processos relacionados a disputa de terras.

Por determinação do presidente do STF, o juiz auxiliar do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) Daniel Avelar está acompanhando as investigações. A coluna Segurança não conseguiu contato com ele.

Por meio de nota, a assessoria do CNJ declarou que, por enquanto, "não nos cabe alguma manifestação já que o devido processo investigativo está em curso pelas autoridades locais".

Em entrevista ao jornal O Globo, um dia após o crime, o irmão do juiz, Eurico Torres Pereira da Silva, também declarou acreditar que o crime tem relação com o trabalho desempenhado por ele. "Tenho certeza que meu irmão não se venderia. E apesar de trabalhar na área cível, ele atuava em casos de disputa de terras, que envolvem pessoas de poder."

COMO OCORREU A EXECUÇÃO DO JUIZ?

Na noite do crime, o magistrado teria ido caminhar na Praia do Paiva, no Cabo de Santo Agostinho. O assassinato aconteceu no retorno dele, a 300 metros de casa, na Rua Maria Digna Gameiro, no bairro de Candeias. 

O tiro foi na cabeça, segundo a polícia. A vítima, após ser baleada, bateu com o carro em um muro. Os criminosos desceram do veículo onde estavam e seguiram armados até perto do juiz, possivelmente para verificar o óbito. Eles usavam máscaras cirúrgicas. 

Nenhum pertence do juiz foi levado no crime. Ele estava sem documentos, mas a família justificou que ele tinha a carteira de habilitação digital no celular. O aparelho está passando por perícia desde a última sexta-feira.

INVESTIGAÇÃO

Durante a semana estão previstos depoimentos de testemunhas - entre familiares e colegas de trabalho do magistrado. 

O TJPE reforçou que a chefia da Assistência Policial Militar e Civil do tribunal nunca recebeu informações sobre algum tipo de ameaça ao magistrado. 

Imagens de câmeras de segurança que mostram parte do percurso feito pelo juiz até o momento em que foi morto também estão sob análise de um grupo restrito de profissionais da segurança para evitar vazamentos.

Os investigadores também querem identificar o ponto exato em que o carro do magistrado passou ser seguido pelo veículo dos criminosos. 

Oficialmente, a Polícia Civil afirmou que nenhum suspeito do crime foi detido até agora. O delegado Roberto Ferreira, titular da 12ª Delegacia de Homicídios, está no comando do inquérito. 

Além do CNJ, uma força-tarefa formada por promotores de Justiça de Jaboatão dos Guararapes e do com o Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público de Pernambuco, também foi criada para acompanhar as investigações. 

VÍDEO: PRESIDENTE DO TJPE LAMENTA MORTE 

QUEM ERA O JUIZ MORTO?

Paulo Torres Pereira da Silva estava na magistratura há mais de três décadas. 

"Conhecido como Paulão, o magistrado era muito querido por todos que fazem o Judiciário pernambucano. Tinha 69 anos e era juiz há quase 34 anos. Em várias oportunidades, atuou como desembargador substituto", disse o TJPE. 

Paulo Torres tomou posse na magistratura pernambucana no dia 25 de abril de 1989. Através do Ato 130/1989, publicado no dia 19 de abril do referido ano, no Diário Oficial da Justiça, ele foi nomeado magistrado, em virtude de aprovação em concurso público de provas e títulos para exercer o cargo de juiz de direito, na Comarca de Verdejante, iniciando o exercício de sua função no dia 26 de abril de 1989.

Em 1991, Paulo Torres assumiu a 2ª Vara da Comarca de Salgueiro. A partir do referido ano, ele também atuou como juiz das Comarcas de Serrita, São José do Belmonte, Parnamirim, Belém de São Francisco e Escada. Em 1993, o magistrado atuou na Comarca de Jaboatão dos Guararapes. Em seguida, atuou na Comarca do Cabo de Santo Agostinho.

A chegada à Comarca da Capital aconteceu em 1994. No Recife, foi juiz na 8ª Vara Cível, na 1ª Vara da Fazenda Municipal e no I Juizado Especial de Pequenas Causas do bairro do Rosarinho. Atuou também nas 1ª, 2ª, 3ª, 4ª, 5ª, 6ª, 10ª, 13ª, 16ª, 17ª e 18ª Varas Cíveis da Capital.

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