JULGAMENTO

Júri popular absolve filho acusado de matar médico; irmão vai recorrer pedindo a condenação

Quatro jurados votaram pela absolvição de Danilo Paes Rodrigues e três pela condenação. O irmão dele, Daniel Paes, pretende entrar com recurso

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JC

Publicado em 25/10/2023 às 22:09 | Atualizado em 26/10/2023 às 8:36
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Em júri realizado nesta quarta-feira (25), na 1ª Vara Criminal de Camaragibe, Danilo Paes Rodrigues, acusado de participar do homicídio do pai, o cardiologista Denirson Paes da Silva, em Aldeia, no ano de 2018, foi absolvido pelo conselho de sentença.

O júri começou na última terça-feira (24), no salão do júri popular do Fórum Desembargador Agenor Ferreira de Lima, e foi presidido pela juíza Marília Falcone Gomes Lócio.

Nesta quarta, a sessão teve início às 9h com o interrogatório do réu. Depois, foi realizada a fase de debates entre a acusação e a defesa. Na tese de argumentação defendida pela acusação, o Ministério Público pediu absolvição entendendo que não há provas suficientes para condenar, porque a própria reprodução simulada dos fatos trouxe dúvidas para a formação de sua convicção.

O assistente de acusação, Carlos André Dantas, por outro lado, defendeu a participação de Danilo Paes de acordo com os laudos periciais e depoimento das testemunhas. Na argumentação, ele apontou, dentre a motivação para a participação do réu no crime, a personalidade de Danilo Paes, que ele considera “impulsiva e instável”, e ainda a manipulação psicológica da mãe, Jussara Rodrigues, para a conquista de bens materiais.

A defesa defendeu a inocência de Danilo Paes também embasada nos laudos periciais e na oitiva das testemunhas, afirmando que Jussara Rodrigues (esposa de Denirson Paes da Silva, condenada a 19 anos de prisão)  teria condições de autoria exclusiva do crime.

Encerrada a fase de debates, a magistrada se reuniu com o conselho de sentença, formado pelos sete jurados, em uma sala secreta, para decidir se o réu era culpado ou inocente das acusações. Quatro jurados votaram pela absolvição do acusado e três pela condenação. No final, a juíza voltou para o plenário para ler a sentença.

Na saída fórum, o advogado Rafael Nunes, responsável pela defesa do réu, comemorou a absolvição. "Estamos muito felizes. Hoje Danilo teve a sua carta de alforria emocional. Nada será capaz de indenizá-lo pelos seis meses que ele passou no presídio, sendo apontado como assassino, sendo humilhado, sem o apoio de ninguém. E, hoje, ele sai pela porta da frente, como inocente", destacou.

Danilo Paes Rodrigues falou rapidamente com a imprensa. "Só Deus ouve, só Deus fala, a justiça dele foi feita", declarou o acusado, que com sua absolvição já tem planos para o futuro. "Vou estudar, trabalhar e crescer."

Renato Ramos / TV Jornal
Danilo Paes Rodrigues foi absolvido pelo júri popular - Renato Ramos / TV Jornal
 

Irmão de Danilo

Surpreso com a decisão do júri, Daniel Paes, irmão de Danilo, criticou a postura do promotor. "No Brasil o crime compensa. No Brasil não existe lei. O Ministério Público passou cinco anos acusando, com base no trabalho da polícia, que foi muito bem realizado, e, em dois dias de júri, o Ministério Público acabou e desmoralizou o trabalho da polícia e da perícia", disparou.

O promotor Leandro Guedes explicou o porquê pediu a absolvição do acusado.

"O pedido foi porque não existiam, nos autos, provas suficientes para a condenação. Lendo atentamente o processo, os inúmeros documentos, as quebras de sigilos telefônicos... Analisamos tudo, com muito compromisso, e não encontramos provas suficientes para colocar Danilo no ato do homicídio do pai dele e no ato da ocultação do cadáver", esclareceu.

Após a decisão do júri pela soltura do seu irmão, Daniel Paes afirmou que pretende recorrer da sentença. 

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