Delegados de Pernambuco decidem entregar plantões a partir de novembro
Em assembleia, nesta terça-feira (31), profissionais da segurança aprovaram interrupção de algumas atividades para pressionar governo estadual por melhores salários
Em assembleia realizada nesta terça-feira (31), os delegados da Polícia Civil de Pernambuco decidiram parar de participar dos plantões como forma de pressionar o governo estadual para que seja discutido o reajuste salarial da categoria, além de melhores condições de trabalho.
A decisão foi tomada após cerca de três horas de reunião na sede da Associação dos Delegados e Delegadas de Polícia de Pernambuco (Adeppe), no bairro da Boa Vista, área central do Recife.
A paralisação de alguns serviços já deve ocorrer a partir deste mês de novembro, segundo o presidente da entidade, o delegado Diogo Victor. Ficou decidido que os delegados não participarão mais dos plantões virtuais - criados recentemente para que delegados à distância possam realizar autuações em flagrante, ou seja, sem o contato presencial com o preso.
"Outra medida é a suspensão da Operação de Intervenção Tática, que é aquela operação de investigação tradicional e o planejamento operacional com a mobilização de diversos equipes para cumprimento de mandado de prisão e mandado de busca e apreensão", afirmou o presidente da Adeppe.
"Também vamos diminuir a produtividade. A gente quer trabalhar com mais qualidade nos inquéritos. Há necessidade de a gente robustecer nossos inquéritos policiais, dar melhor qualidade, para que a gente possa de alguma forma contribuir com a diminuição da criminalidade", completou.
O passo seguinte, segundo o delegado, é a entrega dos plantões extraordinários a partir de janeiro de 2024. "Esse plantão é extremamente mal remunerado", apontou.
Caso os delegados se neguem a participar desses plantões, ocorrências de crimes à noite/madrugada e nos fins de semana devem ser drasticamente afetadas.
O QUE PEDE A CATEGORIA?
De acordo com o presidente da Adeppe, em julho desse ano ficou acertado, na Secretaria Estadual de Administração, que as mesas de negociação específicas seriam retomadas no início de setembro, após a conclusão da mesa geral dos servidores, ocorrida em agosto. Entretanto, isso não ocorreu.
"Queremos a retomada da negociação salarial, a retomada das mesas específicas de negociação, a rediscussão de onde vai ser investido o dinheiro que a governadora (Raquel Lyra) tem falado que conseguiu, os empréstimos, para que seja investido na Polícia Civil. Precisamos de melhor estrutura, com locais que sejam condizentes com o serviço que é prestado pela Polícia Civil, para que a gente possa fazer uma entrega de serviço ainda melhor o cidadão", afirmou Diogo Victor.
A coluna Segurança entrou em contato com a assessoria da Polícia Civil de Pernambuco e solicitou posicionamento sobre a decisão dos delegados. Se houver resposta, esse texto será atualizado.
MORTES EM PERNAMBUCO CRESCERAM PELO TERCEIRO MÊS CONSECUTIVO
A decisão de os delegados entregarem os plantões está sendo tomada em meio ao aumento da violência nos últimos meses em Pernambuco. Além disso, o governo estadual ainda não apresentou o novo plano de ações que vai compor a política do Juntos pela Segurança - em substituição ao Pacto pela Vida. O anúncio deveria ter sido feito no final de setembro, conforme promessa da governadora Raquel Lyra.
Segundo as estatísticas da Secretaria de Defesa Social (SDS), 319 pessoas foram mortas em setembro de 2023. No mesmo período do ano anterior, foram somados 222 ocorrências. O aumento foi de 43,68%.
Em julho e agosto deste ano, estatísticas também indicaram crescimento dos crimes contra a vida.
No acumulado deste ano, 2.720 mortes já foram contabilizadas pela polícia. No mesmo período de 2022, foram 2.544. O crescimento é de 6,9%.
Quando se fala em mortes violentas, como elas atualmente são classificadas pela SDS, estão sendo englobados os crimes de homicídios, latrocínios, feminicídios, lesões corporais seguidas de morte e óbitos decorrentes de intervenções policiais.