Recife vai ganhar espaços para aumentar nível de empregabilidade dos jovens, principais alvos da violência
Serão criados equipamentos similares ao Compaz, mas de tamanho menor, voltados à melhoria do diálogo com a comunidade e com foco em tirar a juventude da situação de vulnerabilidade
Não é novidade que os adolescentes e jovens - público de 12 a 29 anos - são as principais vítimas da violência. No Recife, essa faixa etária representa exatamente metade das mortes violentas registradas entre janeiro e outubro deste ano. Por isso, a necessidade de o Poder Público investir pesado em ações para tirar a juventude da situação de vulnerabilidade e, consequentemente, reduzir os números da violência.
De acordo com a Secretaria de Defesa Social (SDS), até agora 474 pessoas foram mortas na capital pernambucana em 2023. Desse total, 237 eram adolescentes e jovens. Mais de 95% eram do sexo masculino.
Sem emprego e sem políticas públicas nas periferias, essa faixa etária segue sendo atraída por facções criminosas, que prometem crescimento financeiro rápido. E, em pouco tempo, parte dela entra para as tristes estatísticas da violência letal.
Com a promessa de tentar mudar essa realidade, a Prefeitura do Recife diz que vai implementar, nos próximos anos, 14 Centros Arrecife. Os equipamentos consistem em espaços integrados de diálogo continuado com a comunidade com o objetivo de promover a proteção social, aumentando o nível de empregabilidade entre os jovens e impactando na redução da violência nas áreas periféricas - com histórica falta de atenção dos gestores públicos.
Em Pernambuco, 27,2% das pessoas com idades entre 15 a 29 anos não estudam, nem trabalham. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada em junho deste ano.
PROJETO
A Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, Direitos Humanos, Juventude E Políticas Sobre Drogas está à frente dos projetos que serão desenvolvidos nos Centros Arrecife - mas tudo está sendo mantido em sigilo.
O que se sabe, por enquanto, é que os equipamentos serão similares ao Compaz, mas em tamanho menor e com custo mais baixo para ser possível fazer mais unidades e contemplar mais comunidades já mapeadas na capital pernambucana.
No espaço, a população terá acesso a serviços do Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), do Núcleo Municipal de Prevenção e Mediação de Conflitos Comunitária, além de formações e oficinas voltadas aos jovens, auxiliando-os no ingresso ao mercado de trabalho.
LICITAÇÃO E PEDIDO DE RECURSOS
Por meio de nota, a prefeitura argumentou que, atualmente, "a iniciativa se encontra na fase de elaboração de projetos executivos para posterior licitação".
Entre as localidades beneficiadas está a Comunidade do Bem, no bairro da Imbiribeira, Zona Sul do Recife. A região, composta pelas localidades de Irmã Dorothy, Beira da Maré/ Nova Esperança e Aritana, irá receber um Centro Arrecife, além de uma creche e uma Unidade de Saúde da Família - USF.
No último dia 8 de novembro, o prefeito João Campos esteve em Brasília, onde se reuniu com a bancada de Pernambuco no Congresso Nacional.
Campos discutiu a destinação de emendas no Orçamento Geral da União para 2024 e pediu apoio para construção e manutenção da rede Compaz (que conta com quatro unidades) e de 14 Centros Arrecife.