Com aumento de 5,4% nas mortes violentas, Raquel Lyra lança novo programa de segurança em Pernambuco
Após atrasos e cobranças da sociedade e de políticos da oposição, governo do Estado promete ações para reduzir os crimes
Foram meses de atraso, cobranças da sociedade e muitas críticas de políticos da oposição. Mas finalmente, na próxima segunda-feira (27), a governadora Raquel Lyra vai apresentar o novo programa de segurança para combater a violência em Pernambuco, em substituição ao Pacto pela Vida. O evento será a partir das 10h, na Arena Pernambuco.
Mudanças de estratégias na prevenção e repressão aos crimes são mais que necessárias ao Estado, que já acumula um aumento de 5,4% no número de mortes violentas (que englobam os homicídios, feminicídios, latrocínios, lesões corporais seguidas de morte e óbitos durante intervenções policiais).
De janeiro a outubro, 2.994 mortes violentas foram contabilizadas em Pernambuco, de acordo com as estatísticas oficiais da Secretaria de Defesa Social (SDS). No mesmo período de 2022, foram 2.839 casos.
O novo plano vai integrar a política pública do Juntos pela Segurança, que foi lançada pela governadora em 31 de julho deste ano. Na ocasião, o governo do Estado anunciou concursos para as forças de segurança pública (polícias Militar, Civil e Científica e para o Corpo de Bombeiros), além da nomeação de policiais penais e outras ações pontuais, como entregas de novas viaturas e coletes à prova de bala - cobrança antiga dos policiais.
O governo estadual disse que já garantiu de mais de R$ 1 bilhão em recursos para a segurança pública. "A iniciativa é apresentada à sociedade após ampla participação da sociedade civil - através de oficinas temáticas com especialistas e participação popular dos profissionais e da população em geral realizada presencialmente e online", disse a assessoria.
Assim como previa o Pacto pela Vida, o governo Raquel Lyra promete manter a premissa de união com a sociedade civil organizada, municípios, representantes do Legislativo estadual, pesquisadores e do sistema de Justiça (Tribunal de Justiça, Ministério Público e Defensoria Pública) para o cumprimento de metas a partir do monitoramento contínuo.
META DE REDUÇÃO DA VIOLÊNCIA
Uma das expectativas é pelo anúncio da nova meta de redução da violência. No Pacto pela Vida, o governo estadual previa uma redução anual de 12% nos crimes. Agora, conforme informado no lançamento do Juntos pela Segurança, o Estado irá com foco maior não só às mortes violentas, mas também nos crimes contra o patrimônio (roubos) e na violência doméstica/familiar contra a mulher.
Em relação aos roubos, uma das principais preocupações é com a escalada da violência no transporte público. De janeiro a outubro de 2023, a polícia somou 507 assaltos em ônibus da Região Metropolitana do Recife. Houve um aumento de 33,4% em relação ao mesmo período do ano passado.
Em outubro, por exemplo, 45 abordagens criminosas foram contabilizadas nos coletivos. O crescimento foi de 152% em relação ao mesmo período de 2022, quando 21 queixas chegaram às delegacias.
Já em relação ao combate à violência contra a mulher, novos investimentos devem ser anunciados. Em março deste ano, o governo estadual aumentou para seis o número de delegacias especializadas funcionando 24h - uma cobrança antiga da população. Antes, apenas a unidade de Santo Amaro, na área central do Recife, ficava aberta ininterruptamente.
No Estado, uma média de 140 mulheres registram queixa de violência doméstica todos os dias. Entre janeiro e outubro deste ano, foram 42.202 casos somados. Um aumento de 17,8% em relação ao mesmo período de 2022, quando 35.825 vítimas pediram socorro.
METADE DAS PESSOAS MORTAS ERA JOVEM
Outra questão que precisa de atenção do governo estadual é o alto índice de adolescentes e jovens em situação de vulnerabilidade. Políticas públicas precisam ser desenvolvidas para que essas faixas etárias não continuem representando um número tão expressivo no gráfico de assassinatos.
Das 2.719 pessoas mortas no Estado entre janeiro e setembro, 1.349 tinham entre 18 e 30 anos, ou seja 50% dos óbitos.