Presidente da Alepe ignora investigação e diz que Bope trocou tiros antes de matar no Recife
Declaração de Álvaro Porto foi feita em solenidade de lançamento do Juntos pela Segurança, na Arena Pernambuco
O presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), Álvaro Porto, ignorou as investigações da Polícia Militar e da Corregedoria da Secretaria de Defesa Social (SDS) e decidiu defender os PMs do Batalhão de Operações Especiais (Bope) envolvidos na ação que resultou nas mortes de dois homens na comunidade do Detran, na Iputinga, Zona Oeste do Recife, na noite de 20 de novembro.
Porto, que é delegado licenciado, declarou que "para enfrentamento com bandidos, policial não pode ir com buquê de flores".
"Na semana passada a gente teve um caso no Detran, do Bope, que reagiram contra a Polícia Militar. A polícia tem que agir daquela maneira, porque com bandido você não pode tratar de modo diferente. (...) A gente precisa que quem esteja na rua tenha totalmente apoio", declarou, em discurso durante solenidade de lançamento do programa estadual Juntos pela Segurança.
O auditório estava lotado de policiais civis e militares. A corregedora geral da SDS, Mariana Cavalcanti, que acompanha a investigação, também estava presente.
É importante pontuar que, diferentemente do que disse Álvaro Porto, as investigações preliminares apontaram que não houve troca de tiros.
Os PMs teriam invadido a casa onde estavam os dois homens e disparado os tiros. Os militares, inclusive, estão sendo investigados pelos crimes de violação de domicílio qualificada, descumprimento de missão e fraude processual.
SEIS POLICIAIS ESTÃO PRESOS
Os dois homens mortos na comunidade do Detran foram identificados como Bruno Henrique Vicente da Silva, de 28 anos, e Rhaldney Fernandes da Silva Caluete, 32. O laudo médico anexado ao auto de prisão em flagrante dos PMs indicou que as vítimas já chegaram mortas à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Caxangá.
Seis PMs tiveram as prisões preventivas decretadas em audiência de custódia, a pedido do Ministério Público. Eles foram identificados por uma câmera de segurança entrando na casa antes dos disparos dos tiros. Outros três militares tiveram a liberdade concedida, mas cumprem medidas cautelares - como o afastamento das atividades nas ruas e a proibição do uso de arma de fogo.
Estão presos preventivamente os PMs Carlos Alberto de Amorim Júnior, Ítalo José de Lucena Souza, Josias Andrade Silva Júnior, Brunno Matteus Berto Lacerda, Rafael de Alencar Sampaio e Lucas de Almeida Freire Albuquerque Oliveira. Eles estão no Centro de Reeducação da Polícia Militar de Pernambuco (Creed), em Abreu e Lima.
INVESTIGAÇÕES EM ANDAMENTO
Há três investigações em andamento para esclarecer a conduta dos PMs. A primeira é um inquérito policial militar, já que o grupo é suspeito de praticar um crime militar (violação em domicílio).
A segunda é da Corregedoria da Secretaria de Defesa Social (SDS), que apura o caso no âmbito administrativo. Ao final, a depender da gravidade, os suspeitos podem até ser expulsos da Polícia Militar.
Por fim, a terceira investigação é da Polícia Civil, responsável por investigar as duas mortes durante a ação dos policiais.
Dois promotores de Justiça foram designados pela Procuradoria-Geral de Justiça para acompanhar as investigações.