INVESTIGAÇÃO

Justiça solta PMs do Bope que mataram homens durante operação no Recife

Seis policiais estavam presos preventivamente desde o dia 22 de novembro, após ação violenta na comunidade do Detran

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Raphael Guerra

Publicado em 19/12/2023 às 13:36 | Atualizado em 19/12/2023 às 13:53
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A Justiça decidiu soltar, nessa segunda-feira (18), seis policiais militares do Batalhão de Operações Especiais (Bope) envolvidos na ação que resultou nas mortes de dois homens na comunidade do Detran, na Iputinga, Zona Oeste do Recife, em novembro deste ano. 

De acordo com o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), a decisão foi tomada durante audiência na Vara da Justiça Militar. "Foi decidida a concessão da liberdade provisória, com a fixação de medidas cautelares, com base no artigo 259 do Código de Processo Penal Militar, e em que as circunstâncias fáticas supervenientes indicam que a manutenção das prisões preventivas não mais se justifica", disse a nota oficial. 

Estavam presos preventivamente os PMs Carlos Alberto de Amorim Júnior, Ítalo José de Lucena Souza, Josias Andrade Silva Júnior, Brunno Matteus Berto Lacerda, Rafael de Alencar Sampaio e Lucas de Almeida Freire Albuquerque Oliveira. Os seis teriam entrado na casa onde os homens foram mortos.

A Justiça determinou que os policiais estão proibidos de voltar ao local do fato. Também devem cumprir atividades internas no batalhão, ou seja, não podem trabalhar nas ruas.

COMO FOI A OPERAÇÃO?

A operação ocorreu na noite de 20 de novembro. Uma câmera de segurança filmou o momento em que policiais do Bope invadiram residência e atiraram várias vezes. Depois, dois corpos enrolados em lençóis são retirados e levados nas viaturas. 

Os homens foram identificados como Bruno Henrique Vicente da Silva, de 28 anos, e Rhaldney Fernandes da Silva Caluete, 32. Ambos já chegaram mortos à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Caxangá. 

VERSÃO NÃO SE SUSTENTOU

Logo após as mortes, os militares do Bope se apresentaram na sede do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), no bairro do Cordeiro, e relataram que os homens foram mortos porque reagiram à abordagem.

Os PMs disseram que, na ação, foram apreendidos 527 gramas e mais 28 pequenas porções de maconha, 150 pedras de crack, uma balança de precisão, dois revólveres calibre 38 e 12 munições - sendo nove deflagradas.

Eles chegaram a ser liberados após os depoimentos no DHPP. Mas, após análise das imagens da câmera de segurança, a Delegacia de Polícia Judiciária Militar identificou que a versão dos militares não se sustentava e determinou que os PMs fossem autuados em flagrante pelo crime militar de violação de domicílio.

Além dos seis PMs que estavam presos preventivamente, outros três foram autuados: Jonathan de Souza e Silva, Carlos Fonseca Avelino de Albuquerque e Valdecio Francisco da Silva Júnior. Na audiência de custódia, no entanto, receberam a liberdade provisória, a pedido do Ministério Público de Pernambuco (MPPE), que entendeu que eles não estavam na casa no momento dos tiros.

PROCESSO E OUTRAS INVESTIGAÇÕES

Os nove policiais militares respondem, na Vara de Justiça Militar, por descumprimento de missão e violação de domicílio. O processo está na fase de audiências, com ouvida de testemunhas de acusação e defesa, além dos interrogatórios dos réus. Não há prazo para julgamento.

Em paralelo, a Polícia Civil segue com as investigações sobre as duas mortes ocorridas durante a ação dos policiais. O inquérito deve ser encerrado nos próximos dias e pode resultar em mais um processo. 

Por fim, a Corregedoria da Secretaria de Defesa Social (SDS) apura o caso no âmbito administrativo. Ao final, a depender da gravidade, os suspeitos podem até ser expulsos da Polícia Militar.  

 

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