Após 4 meses, polícia não esclareceu quem matou Darik Sampaio, atleta do Sport

Mesmo sem resultado de investigação, Justiça realiza, nesta quarta-feira (17), audiência dos acusados presos durante a morte do adolescente

Publicado em 17/07/2024 às 7:00

Quatro meses após o assassinato do adolescente Darik Sampaio da Silva, de 13 anos, atleta da equipe de futsal sub-14 do Sport Club do Recife, a Polícia Civil de Pernambuco ainda não esclareceu quem foi o responsável pelos dois tiros que atingiram e tiraram a vida dele.

Mesmo sem o resultado da investigação, a Justiça realiza, nesta quarta-feira (17), a audiência de instrução e julgamento dos homens presos durante a ocorrência que resultou na morte do garoto. A sessão está marcada para 10h, na 19ª Vara Criminal da Capital, no Fórum Desembargador Rodolfo Aureliano, na Ilha de Joana Bezerra, área central do Recife. 

A perseguição policial com suposta troca de tiros ocorreu na noite de 16 de março. Darik estava conversando com duas amigas, na calçada da casa de uma delas, na Rua Professora Arcelina Câmara, bairro do Jordão, Zona Sul do Recife. 

Câmeras de segurança registraram o momento em que dois carros passaram pela rua, sendo seguidos por duas viaturas da Polícia Militar. Em poucos segundos, um dos veículos parou e um suspeito saiu dele. Não fica claro, nas imagens, se o homem estava armado. Os policiais também saíram das viaturas e atiraram na direção do homem, que correu e voltou para o veículo. A perseguição continuou. 

Darik acabou atingido por duas balas perdidas, sendo uma na perna e outra no quadril, quase na entrada da casa da amiga. Marcas de tiros foram encontradas em paredes de residências e veículos. 

Uma testemunha, ouvida pela Polícia Civil, afirmou que o carro usado pelos suspeitos estava com os vidros fechados no momento em que o adolescente foi atingido. 

A coluna Segurança questionou à Polícia Civil se houve reprodução simulada ou se ao menos já foi possível identificar se os tiros que mataram Darik foram disparados pela polícia ou pelos suspeitos que estavam sendo perseguidos. Mas não houve resposta.

Em nota, a assessoria da Polícia Civil se limitou a dizer que "o caso segue sob investigação" e que "maiores detalhes só serão repassados após a conclusão do inquérito". Mas sequer informou o prazo para o encerramento da investigação que já dura quatro meses. 

A 3ª Delegacia do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) segue investigando o caso.

VERSÃO DA POLÍCIA MILITAR

No dia seguinte à morte de Darik, a Polícia Militar se pronunciou apenas por nota. Alegou que equipes do 6º Batalhão foram acionadas por uma senhora relatando o roubo de seu veículo, cujo rastreamento indicava a localização no bairro do Jardim Jordão, em Jaboatão dos Guararapes.

"Durante o deslocamento, os policiais avistaram o veículo em fuga, sendo acompanhado por outro veículo. Ao perceberem a aproximação das viaturas, os suspeitos ignoraram as ordens de parar e empreenderam fuga em alta velocidade. O acompanhamento culminou em uma rua sem saída no bairro do Jordão, no Recife, onde os suspeitos colidiram os veículos, desembarcaram e começaram a disparar contra os policiais, que reagiram", disse a PM.

Segundo a corporação, dois suspeitos conseguiram fugir, enquanto dois foram detidos. Um foi ferido por tiro e o outro por escoriações devido a uma colisão. Durante revista, teriam sido encontradas duas armas de fogo, uma calibre 12 e um revólver calibre .38 no veículo dos suspeitos.

Em relação ao adolescente, a Polícia Militar disse que fez o socorro para a policlínica, mas não confirmou se algum policial assumiu a responsabilidade pelos tiros que atingiram a vítima.  

AUDIÊNCIA 

Leonardo de Lima Magalhães e Paulo Roberto da Silva Júnior, presos durante a ocorrência, vão sentar no banco dos réus. Durante a audiência de instrução e julgamento, serão ouvidas as testemunhas de acusação e de defesa. Por fim, será a vez do interrogatório da dupla. 

MAIS VÍTIMAS DE BALAS PERDIDAS

Somente no primeiro semestre deste ano, 41 pessoas foram vítimas de balas perdidas na Região Metropolitana do Recife (RMR), apontou levantamento do Instituto Fogo Cruzado. Desse total, oito morreram. O número é o maior desde 2019, quando os dados da violência armada começaram a ser somados diariamente pelo instituto.

CONFIRA A VARIAÇÃO:

Em 2023, duas pessoas morreram e 24 ficaram feridas;

Em 2022, três morreram e 30 ficaram feridas;

Em 20221, uma morreu e 16 ficaram feridas;

Em 2020, duas morreram e 24 ficaram feridas;

Em 2019, três morreram e 10 ficaram feridas.

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