Policial militar que matou motoqueiro de aplicativo é afastado das funções por 120 dias
Venilson Cândido da Silva, 50, foi filmado matando a tiros um motoqueiro de aplicativo, em Camaragibe, no domingo (1º). Ele está preso no Creed
O sargento Venilson Cândido da Silva, de 50 anos, preso após ser filmado matando a tiros o motoqueiro de aplicativo Thiago Fernandes Bezerra, 23, em Camaragibe, no Grande Recife, foi afastado das funções públicas por 120 dias.
A portaria, publicada nesta quarta-feira (4), foi assinada pelo secretário de Defesa Social de Pernambuco, Alessandro Carvalho. A coluna Segurança teve acesso à íntegra do documento.
Segundo testemunhas, Venilson matou o motoqueiro após não pagar uma corrida de R$ 7, no último domindo (1º). O suspeito chegou a fugir do local, mas foi capturado por populares e espancado ao entrar em um ônibus. Após ser autuado em flagrante pelo homicídio, o sargento foi preso preventivamente no Centro de Reeducação da Polícia Militar (Creed), em Abreu e Lima, por determinação da Justiça.
Na decisão pelo afastamento do policial militar, o secretário estadual afirmou que o objetivo é "garantir a ordem pública, a instrução regular do processo disciplinar e a viabilização da correta aplicação de sanções disciplinares, já que recai sobre ele indícios de práticas de atos incompatíveis com as funções públicas".
Também foi determinado o recolhimento da identificação funcional e das armas de fogo e outros utensílios funcionais do militar. O prazo de afastamento de 120 dias poderá ser prorrogado, caso o processo administrativo disciplinar não tenha sido concluído pela Corregedoria da SDS.
Em entrevista um dia após a morte do motoqueiro, Alessandro Carvalho afirmou que o sargento deve ser expulso da Polícia Militar ao final do processo administrativo. E classificou o caso como um "crime bárbaro". VEJA VÍDEO:
O CRIME
O crime aconteceu na Rua Barão de São Francisco, no bairro Alberto Maia, após o policial militar sair da moto pilotada por Thiago. O suspeito teria se negado a pagar a corrida. Houve uma discussão, como mostrou uma câmera de segurança.
"Vai fazer o quê? Vai fazer o quê? Vai atira aí", disse Thiago Fernandes, de braços abertos. Logo depois, o PM atirou na vítima, que morreu no local.
Venilson chegou a fugir, mas foi localizado em um ônibus na Avenida Belmino Correia e, por pouco, não foi linchado, segundo a Polícia Militar.
Ele foi socorrido numa viatura oficial e encaminhado para o Hospital da PM. O sargento foi autuado em flagrante por homicídio e a arma dele foi apreendida.
Na manhã da segunda-feira (2), amigos e colegas de trabalho do motoqueiro realizaram um protesto pedindo por justiça. Thiago trabalhava para se sustentar e pagar a moto alugada.
"Arrancaram o meu coração. Quero que a justiça seja feita. Tiraram a vida do meu filho, ele estava trabalhando. A minha vida acabou. Ninguém tem noção do que estou passando", disse a mãe da vítima, Otacília Fernandes, durante o enterro na segunda-feira.
Na esfera criminal, o caso está sendo investigado pela 10ª Delegacia de Polícia de Homicídios (DPH).
DEFESA DO PM
Em nota, a Associação Pernambucana de Cabos e Soldados (ACS), responsável pela defesa do sargento, afirmou que "ao tempo em que lamenta o ocorrido e expressa condolências aos familiares da vítima, informa que está prestando assistência jurídica ao PM associado, para que o mesmo tenha um julgamento justo, observados o contraditório e a ampla defesa, constitucionalmente assegurada".