Raquel Lyra demite policial civil dono de clube de tiro que movimentou R$ 60 milhões

Investigação apontou que empresas de Diego de Almeida Soares vendiam armas de fogo irregularmente e publicavam vídeos para quem pretendia adquiri-las

Publicado em 20/12/2024 às 15:14
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A governadora Raquel Lyra demitiu o policial civil licenciado e empresário Diego de Almeida Soares. Segundo investigação da Polícia Federal, as empresas dele vendiam armas de fogo de forma irregular e publicavam vídeos no Youtube com conteúdos e propagandas para quem pretendia adquiri-las. 

A demissão foi publicada na edição do Diário Oficial do Estado da última quarta-feira (18), cerca de um ano e nove meses após a Corregedoria da Secretaria de Defesa Social (SDS) concluir o processo administrativo. A investigação pontuou que a atuação de Diego à frente de empresas privadas fere o Estatuto dos Policiais Civis de Pernambuco.

Diego, que foi presidente da Associação dos Policiais Civis do Estado, chegou a ser considerado dono de um dos maiores clubes de tiro do País, por causa da movimentação avaliada em mais de R$ 60 milhões em apenas três anos. 

A investigação da Polícia Federal indicou que ele comandava as empresas CTA Clube de Tiro e Shop do Atirador, ambas localizadas no município de Caruaru, no Agreste do Estado, com clientes de todo o Brasil.

O público-alvo da empresa eram os CACs (Colecionadores, Atiradores Desportivos e Caçadores) - atraídos por meio de propaganda massiva em redes sociais, como vídeos em um canal no YouTube, que contava com 97,2 mil inscritos e mais de 11 milhões de visualizações.

OPERAÇÕES DA POLÍCIA FEDERAL

Em duas fases, a operação Zona Cinza cumpriu mandados de prisão e de busca e apreensão entre outubro e dezembro de 2022. Cerca de 3 mil armas e munições foram apreendidas, segundo a Polícia Federal.

Diego foi preso na primeira fase da operação, mas foi solto em fevereiro de 2023 por decisão do Tribunal Regional Federal da 5ª Região. Ele é apontado pelo Ministério Público Federal como o líder do esquema criminoso de comércio e porte ilegais de arma de fogo.

Na Justiça Federal, o policial civil e mais oito acusados respondem por crimes como falsidade ideológica, uso de documento falso e a conduta de oferecer e executar serviços de armaria clandestina – crime hediondo equiparado ao comércio ilegal de arma de fogo.

O inquérito da Polícia Federal destacou que Diego estruturou pessoas jurídicas por ele comandadas para que, formalmente, não aparecesse como principal sócio. No caso do Shop do Atirador, por exemplo, a mãe dele aparece como dona de 99% da empresa.

INVESTIGAÇÃO DO CLUBE DE TIRO

A investigação começou em outubro de 2021, após a Delegacia de Polícia Federal em Caruaru receber a informação de que um clube de tiro e uma loja de armas pertencentes ao mesmo grupo estariam ministrando cursos, prestando serviços de conserto, manutenção e customização de armas de fogo, executados por pessoas sem licença da Polícia Federal para atuarem como armeiros.

O grupo também estaria produzindo documentos ideologicamente falsos em nome de armeiros legalmente credenciados, mas que não mantinham vínculo com essas pessoas jurídicas.

Apesar de atuar principalmente em Caruaru e Santa Cruz do Capibaribe (também no Agreste de Pernambuco), a empresa também tinha ligações com clubes de tiro em Alagoas e em São Paulo.

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