Spoon, a banda que sempre faz a coisa certa

Publicado em 09/08/2014 às 12:28
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spoon they_want_my_soul-608x608 A banda americana Spoon (de Austin, Texas) é uma das mais peculiares das últimas duas décadas. Ela consegue ser queridinha da crítica, popular, e cult. O nome do grupo vem de uma faixa de um dos mais enigmáticos e cultuados álbuns do kraut rock, Ege Bamyasi, do Can, que não é exatamente o tipo de som que faz a Spoon. Depois de alcançar um quarto lugar no listão da Billboard, com Transference, em 2010, a banda passou quatro anos sem lançar disco novo,e fechou para balanço. A Spoon reaparece agora com o oitavo álbum em vinte anos de carreira, They want my soul, um disco que seguramente deve figurar entre os melhores álbuns do ano, senão o melhor. Um álbum cujo repertório foi instigado com um peculiar brain storming. Cada integrante fazia uma descrição de uma música predileta, mas sem revelar o título. A banda teria que a identificar, criando uma música em cima da descrição. Compuseram algumas faixas baseada neste jogo. Quase nunca descobriam o o título, mas acertaram em cheio na qualidade do que fizeram. Do you, uma das faixas de Spoon, por exemplo, seguiu a descrição de Wait on a friend, dos Rolling Stones, mas não se parece em nada com os Stones. Assim como a faixa de abertura, Rent i pay vem de uma de Joan Jett lembrando vagamente a música da cantora pelas guitarras na introdução. O álbum inteiro é permeado de citações, mas a música é facilmente identificável com o estilo do grupo texano. Elvis Costello, David Bowie, Alex Chilton, são alguns dos bons artífices da música pop com quem o Spoon é comparado. Algumas comparações chegam até os Beatles, com quem o Spoon tem afinidades. Não no estilo das canções, mas nos enriquecimento do arranjo, com camadas de curtos solos de guitarras, emitidos por todo tipo de pedal, loops de teclados, baterias, contracantos, harmonias vocais, e pela promiscuidade de gêneros, estilos que incorpora à sua música. Neste álbum particularmente incrementado pela entrada do tecladista Alex Fischer (que toca no projeto paralelo de Daniel, o Divine Fits).  Inside out, que lembra vagamente Let’s dance, de David Bowie, tem riffs de piano e teclados que surgem e somem criando tesões e expectativas ao longo da canção.  Ha de tudo um pouco em They want my soul, dos Kinks a Barry White ou Primal Scream, e até Beatles, na pequena obra prima pop pop, Rainy taxi. Cada faixa é completamente diferente da anterior, até quando vai à aparente obviedade de fazer um cover de uma música gravada pelos Beatles. A escolha recaiu sobre I just don’t  understand, interpretada pelo Fab Four em um programa da BBC,  e só lançada oficialmente na série Anthology. A gravação original é da atriz e cantora Ann-Margret, um hit menor em 1961. O que também faz o Spoon lembrar os Beatles é  o bom humor, politicamente incorreto. No teaser do álbum, ao fundo aparece um R.I. P (resquiescat in pace, ou “descanse em paz”, em latim). O que levou quase a um novo jogo" Paul is dead" (uma série de coincidências,em 1969, que apontavam para a suposta e  misteriosa morte do ex-beatle). O R.I. P (na verdade as primeira letras do título da faixa inicial  Rent i pay) seria um aviso de que They want my soul é o disco final da Spoon. As evidências estariam nas letras. O fim da banda estaria ratificado no “good night”, nos versos finais de New York kiss, que fecha o álbum. Pode até ser verdade. E se for, o Spoon deixa como legado uma das mais sólidas obras entre as bandas de sua geração. Confiram a Spoon em Rent i pay:   https://www.youtube.com/watch?v=NOPfmfRVWmk

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