Hermínio Bello de Carvalho, Isso É Que É Viver

Publicado em 29/11/2015 às 21:26
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29_11_2015_22_14_53 O carioca Hermínio Bello de Carvalho completou, em março de 2015, 80 anos, quase todos eles dedicados à música popular brasileira. Recebeu algumas homenagens, mas muito menos do que merecia. Ganha mais uma agora, da gravadora Biscoito Fino, a coletânea Isso É Que Viver – Hermínio 80 anos. São 16 composições, todas com parceiros, e todas primorosas. Extraídas  de discos e épocas diferentes, mas amarradas pela poesia de Hermínio Bello de Carvalho, um dos maiores letristas da MPB em todos os tempos, sem exagero. Ele é dos poucos que consegue fazer letras se aproximarem de poemas, trafegando na contramão do lugar comum, e com achados antológicos: “Me sinto pisando/um chão de esmeraldas/quando levo o meu coração/ à mangueira” (Chão de Esmeraldas, com Chico Buarque). A seleção das  canções é do próprio Hermínio Bello de Carvalho, e reúne desde sua fase inicial até parcerias mais recentes. Sua produção é extensa e de uma qualidade que mereciam uma caixa robusta, mas esta coletânea simples passa um ideia da grandiosidade da música de um autor que poucos ligam a clássicos como Alvorada (com Cartola e Carlos Cachaça. “Alvorada lá no morro, que beleza/ninguém chora, não há tristeza/ninguém sente dissabor”), ou ainda Timoneiro (com Paulinho da Viola: “Não sou eu quem me navega/quem me navega é o mar/é ele quem me carrega/como nem fosse levar”). O álbum traz parcerias menos conhecidas, como Estrada do Sertão (letra em tema de João Pernambuco), a faixa que dá título ao disco, Isso É Que É Viver (com Pixinguinha), Cantoria (com Paulinho da Viola), ou Amigo é Casa (com Capiba), e Alecrim (com Cristóvão Bastos).  Muitas estão em discos de intérpretes que não freqüentam as paradas como Alaíde Costa ou áurea Martins, ou em outras coletâneas  há muito fora de catálogo, é quase como se fosse inéditas. Os intérpretes fazem jus às canções. Alecrim, por exemplo, é cantada por Zezé Gonzaga e Maria Bethânia, Mulher Faladeira (com Maurício Tapajós e Maurício Carrilho), traz outro impagável dueto, de Chico Buarque e Zeca Pagodinho, Valsa da Solidão (com Paulinho da Viola) é cantada pela Divina Elizeth Cardoso. Pintou e Bordou (com Mauricio Carrilho), tem a doçura da voz de Nara Leão. Fosse um LP, era daqueles que onde a agulha caísse  jorraria música da melhor qualidade. Repertório/intérpretes Chão de Esmeraldas (com Chico Buarque) - Chico Buarque Alvorada (alvorada no morro) (com Cartola /Carlos Cachaça) - Maria Bethânia Timoneiro (Paulinho da Viola/Hermínio Bello de Carvalho - Paulinho da Viola Estrada do Sertão (João Pernambuco/Wilson Rodrigues) - Elba Ramalho Mulher Faladeira (Maurício Carrilho/Maurício Tapajós) - Chico Buarque e Zeca Pagodinho Doce de Coco (com Jacob do Bandolim) - Ney Matogrosso Pressentimento (com Elton Medeiros) - Alcione Mirra, Ouro e Incenso (com Martinho da Vila) - Simone Pastores da Noite (com Vital Lima) -  Vital Lima Quem Mandou  (com Moacyr Luz) - Olivia Hime Cobras e Lagartos  (com Sueli Costa) - Alaíde Costa Pinto e Bordou  (com Maurício Carrilho) - Nara Leão Valsa da Solidão  (com Paulinho da Viola) - Elizeth Cardoso Alecrim (com Cristóvão Bastos) - Zezé Gonzaga e Maria Bethãnia Isso É Que É Viver (com Pixinguinha) - Áurea Martins Amigo É Casa (com Capiba) - Zélia Duncan e Simone Confiram Zélia Duncan e Simone em Amigo É Casa: https://www.youtube.com/watch?v=3v73ecjopiQ

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