Socorro Lira canta a Amazônia que não está na moda

Publicado em 29/01/2016 às 10:44
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socorro lira dvd A cantora paraibana Socorro Lira lembra em Amazônia - Entre Águas e Deserto  (LiraProcult/Palavra Acesa), que há uma outra música na região, e autores. não obrigatoriamente nascido lá, que cantam e cantaram a Amazônia. Uma música mais introspectiva, mais atenta a outros aspectos. Nem tudo no Norte é tecnobrega. Gravado no Auditório Ibirapuera, em São Paulo, em julho de 2014, com direção musical de Jorge Ribas, e direção de arte de Elifas Andreato, o repertório é abrangente, vai do paraense Waldemar Henrique (1905/1995), ao paraibano Vital Farias; do pernambucano Luiz Gonzaga à paraibana Cátia de França, com a predominância de músicas da própria Socorro Lira. Ela é hoje talvez a única intérprete deste tipo de canções Antigamente seria chamada de cantora folclórica, o que era muito comum até os anos 50, com nomes como Estelinha Egg, Inezita Barroso, e que teve na recifense Stefania de Macedo uma precursora nos anos 30. Embora Socorro Lira não interprete canções de domínio público, aqui tudo tem autor certo e sabido, mas são composições ligada ao interior, à ecologia, livre até onde se pode ser livre de influências estrangeiras. A faixa mais conhecida do DVD é Tamba Tajá (Waldemar Henrique), que deu nome ao primeiro álbum de Fafá de Belém. Amazônia de Vital Farias é mais familiar aos que curtem o que se convencionou chamar de “cantoria”, na verdade a música dos sertões do Brasil, geralmente com influência de Elomar Figueira. E tem até música de cantador de viola mesmo, o pernambucano Oliveira de Panelas , de quem Socorro Lira gravou Amor Cósmico. Ela é patroa de si mesmo, e exigente. Seus discos e vídeos têm acabamento final impecável. Ela não é um cantora exceção, destas que vieram para marcar seu espaço com a voz. É uma boa cantora, mas o que há de melhor em seu trabalho é o todo. A cantora, a compositora, a produtora, e arranjadora, a rigorosa curadora da música que grava, sem esquecer a ótima banda que a acompanha. O repertório é redondo, as música são interlinkadas pela temática, 16 faixas, abrindo com Gaia (Nilson Chaves/Eliakim Rufino), e fechando com Poema Didático (dela com texto de Mia Couto). Não falta, nem sobra nada. Tudo no ponto. Socorro Lira contou com os convidados especiais, Oswaldinho do Acordeom, Ricardo Vignini (do Matuto Moderno) e Otilia Françoso. Confiram Socorro Lira em Saga da Amazônia (Vital Farias): https://www.youtube.com/watch?v=4B8q5xoVl_I

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