Richie & Black Tie em sutis interpretações de Paul Simon

Publicado em 13/07/2016 às 23:30
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Richie trio Black Tie O inglês Richard David Court, o Richie do tecnopop dos anos 80, que ficou marcado pelo megahit Menina Veneno, lança o disco mais diferente de sua carreira, Old Friends – The Songs of Paul Simon (Independente, distribuição Trattore), creditado a ele e ao trio Black Tie, e produzido por Fábio Tagliaferri, que forma o trio com, Mario Manga, Swami Jr. os três músicos de talento e competências reconhecidas e confirmadas. Mais a participação de Tuco Marcondes. Richie perdeu uma ótima oportunidade de fazer um disco inovador, ao simplesmente diferente do que tinha lançado até então em 60 – Pop Songs, de quatro anos atrás, em que regravou hits dos seus temos de adolescentes na Inglaterra. Mas o conceito era um disco para celebrar os 60 anos que completava. Um presente de aniversário pra ele mesmo. Um repertório tão bom quanto óbvio, e que passou despercebido. É o risco que corre com Old Friends, um álbum com 14 composições de Paul Simon, quase todas da fase com Art Garfunkel, quatro da carreira solo, a mais recente The Boy in The Bubble (1986, do álbum Graceland). À primeira audição soa como mais um disco de covers. Em Scarborough Fair o trio emprega a mesma harmonia ao violão da gravação de Simon & Garfunkel, mas Richie dá uma interpretação folk para uma antiquissima canção inglesa de domínio público. O Trio Black Tie segue os arranjos originais mas aplicando-lhes alterações, em algumas com violão harmonizando, mas em boa parte as modificações são sutis, a exemplo de America, a interpretação de Richie não tem o tom irônico da gravação de Simon & Garfunkel. Embora não seja um cantor de dotes vocais excepcionais, Richie se sai bem na mais difícil das músicas de Paul Simon, Bridge Over Troubled Waters. Não apenas por ser uma música que pede cantores alpinistas de tons altos, mas porque recebeu uma interpretação antológica de Art Garfunkel, e depois de Elvis Presley. Aqui a canção é aberta com harmonizações ao violão, e Richie segue em frente ciente de suas limitações, subindo até onde lhe vai o fôlego. Outra boa interpretação está numa das melhores canções de Paul Simon nos anos 70, Fifty Ways to Leave Your Lover (do álbum Still Crazy After All These Years, 1975). Richie imprime um suingue meio jazzy, enquanto os violões solam e harmonizam meio bluesy. Poderia ter evitado canções com 50 anos de gravadas e regravadas, feito Mrs. Robinson, Sounds of Silence ou The Boxer. Mas no geral Richie se sai bem, com o auxilio requintado do ótimo Trio Black Tie. No mais, é curtir o álbum esquecendo que  este é aquele famoso Richie, de Menina Veneno, música de tanto sucesso, que o estigmatizou a ponto de virar personagem do cartunista Angeli, e ser enquadrado como um one-hit wonder (artista de um único sucesso) Porém Richie teve sua carreira interrompida no auge, por não se sujeitar a fazer show gratuitos, para apresentadores famosos, em troca de aparecer em seus programas. Nos Estados Unidos tal prática levou à prisão famosos apresentadores, como Alan Freed, o homem que batizou o rock and roll. Já no Brasil, apresentadores que fizeram o mesmo, ou mais, são estudados em faculdades de comunicação. Mas aí é outra história, e suja. Confirma clipe de Richie e Trio Black Tie, em Fifty Ways to Leave Your Lover: https://www.youtube.com/watch?v=1_d4rbFbmhU

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