Abel Silva reafirma talento do letrista em A Bel Prazer

Publicado em 06/08/2016 às 11:03
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147049123910e18566753f7bb9bf33084780ce6830 Abel Silva é um nome que não diz muito para a maioria dos brasileiros. As pessoas costumam ligar à canção apenas ao intérprete. Poucos, portanto, atentam para o fato de que tem a mão de Abel em, por exemplo, Festa no Interior, parceria com Moraes Moreira, uma das mais conhecidas das centenas que assina, assim como Quem Me Levará Sou Eu (com Dominguinhos), Asa Partida (com Fagner), ou Jura Secreta (com Sueli Costa). Edu Lobo, Ivan Lins, João Bosco, João Donato, mais parceiros do compositor fluminense (de Cabo Frio), uma lista longa. Abel Ferreira da Silva, 71 anos, mostra o rosto na capa do CD A Bel Prazer (Biscoito Fino), subintitulado Letras e Canções Inéditas. Repete o que fez em 2009, no CD A Poesia da Canção, com que celebrou 35 anos de carreira. A Bel Prazer traz 14 composições, interpretadas por nomes que incluem intérpretes de velhas datas, Simone, Fagner, Leila Pinheiro e Sueli Costa, com gente que entrou em cena mais tarde, Pedro Miranda, Maria de Moraes, Marcos Sacramento, para citar uma parte, e inaugura parceria com Geraldo Azevedo, mostrando que continua em forma como um dos grandes letristas da MPB. O subtítulo poderia ser omitido da capa, já que tem canções aqui que se aproximam das quatro décadas, como é o caso de Espírito Esportivo, parceria com Moraes Moreira, que a gravou em Alto Falante (1978). Quem a interpreta neste álbum é Teresa Cristina, uma música que não se encaixa no seu estilo mais comedido de canto. Um álbum de altos e baixos, como geralmente acontece nestes tipos de projetos. Começando no baixo, com Simone em um samba, Rio Exaltação, (com Roberto Menescal) que não engrena. Nem tem a melhor interpretação de Simone, nem a melhor letra de Abel, muito menos a melhor melodia de Menescal. Sandra de Sá faz sua pior gravação conhecida, em Só Comigo (melodia de Geraldo Azevedo), irreconhecível. Parece que está aprendendo a música. As canções, em sua maioria, são boas, algumas muito boas, feito Enternecer, parceria com Francis Hime, com um excelente arranjo de Fernando Moura (que neste disco só não assina o arranjo de Espírito Esportivo, feito por Moraes Moreira). Geraldo Azevedo é parceiro e intérprete de outro ótimo momento do disco, Depois de Muito Amor Eu Vou Embora, uma bela toada. Fagner imprime, como sempre, sua marca em Vento Nordeste (com Sueli Costa), que merecia entrar em seu repertório de palco. Mariana Moraes, de quem se tem escutado pouco, interpreta muito bem Entranha (com João Callado), com um coloquialismo de uma Gal Costa nos anos de início dos anos 70. Pedro Miranda, que vem cada vez mais se destacando como intérprete canta O Namorado da Musa (com João Callado), daqueles sambas no estilo de Chico Buarque, enquanto Moska, um intérprete subestimado, está bem em Um Coração Igual ao Seu Nome (com Amaro Pena). Meio Miles Davis fase Kind Of Blue, Sueli Costa canta a inspirada Nuvens e Cetim (melodia dela), mas sempre foi mais autora do que intérprete. Bem melhor está Bettina Graziani, que fecha o disco com Vai Chegar (com Fernando Moura). Confiram Teresa Cristina em Espírito Esportivo: https://www.youtube.com/watch?v=PvZJ2niEnmc  

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