Uma história do Legião Urbana nos estúdios

Publicado em 12/01/2017 às 10:04
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1484223953700dd0ebc9d2e374c69a89851cbd5ca6 Discobiografia Legionária (Leya), da jornalista fluminense Chris Fuscaldo é um livro de gênese curiosa. Começou, em 2008, com um convite à autora, pela  EMI, para escrever um texto para a reedição da obra do Legião Urbana: “Fiquei na dúvida se teria algo mais a acrescentar às maravilhosas histórias contadas por tantos autores em seus ótimos livros sobre a banda ou sobre seu vocalista, Renato Russo. Mas bastou começar a bateria de entrevistas que me dariam base para a reconstrução de uma história pouco explicada, a da gravação dos discos, para eu lembrar que existem mais coisa entre o céu e a terra do que a sonha a nossa vã filosofia”, conta Chris Fuscaldo na introdução do livro. Depois dos discos lançados, ela passou a receber mensagens de fãs do grupo, por e-mail, pelas redes sociais, interessados no libreto que acompanhou as reedições do LU. Chris achou que não era ético publicar isoladamente o trabalho feito para a gravadora, ao mesmo tempo continuava incomodada pelas alterações sofridas pelo texto na versão final. Resultado: resolveu estendê-lo e transformar o material em livro. A história da banda é, pois, contada através dos discos e gravações avulsas, e os discos solo de Renato Russo, o que, na verdade, é o que realmente interessa. Chris Fuscaldo deixa a vida dos músicos em segundo plano e foca no desenvolvimento das canções, dos discos, com minúcias técnicas, que não foram preocupação principal dos biógrafos do Legião Urbana. “Não quero som de FM, quero minhas músicas tocando nas AMs”, a exigência de Renato Russo durante a mixagem do álbum de estreia, revela um detalhe de uma época cada vez mais distante. Quando o rádio tocava todo tipo de música, e as emissoras tinham suas frequências divididas por estratos sociais. As FMs tocavam a música classe A, as AMs eram sintonizadas pelo povão. A história dos discos da Legião é obviamente vinculada à história da indústria fonográfica. O grupo quando começou esta estava chegando ao ápice, e terminou quando as primeiras crises acossavam as gravadoras. O álbum inicial do grupo vendeu 435 mil cópias, um absurdo para hoje, uma boa vendagem em 1985. Recaiu sobre o banda a responsabilidade do segundo disco, que vendeu 921 mil LPs. No livro, esclarecedores depoimentos do produtor Mayrton Bahia, que produziu os primeiros álbuns do LU. O Legião Urbana foi a banda do Brock mais bem sucedidas comercialmente, vendeu mais de três milhões de álbuns. Chris Fuscaldo, inevitavelmente, teria que relatar fatos que constam em outras biografias, até porque eles são ligados à feitura dos discos. O que inclui o temperamento complexo de Renato Russo que, em meio a uma gravação ia ao bar da esquina tomar um conhaque, precisava ser resgatado de volta ao estúdio, nem sempre em condições de continuar a sessão. Discobiografia Legionária não é livro apenas para fãs da banda, mas igualmente para quem quer conhecer os bastidores de uma das mais cultuadas bandas do rock brasileiro. Confiram a Legião Urbana, em Indios: https://www.youtube.com/watch?v=nM_gEzvhsM0  

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