No dia 27 de maio de 2018, Anderson Dias, então com 24 anos, deixava o Aeroporto do Recife rumo ao Paraguai. Um ano, seis meses e cinco dias mais tarde, o baiano de nascimento e pernambucano de coração desembarcava no arquipélago de Cabo Verde para tentar marcar o seu nome no Guinness World Records (Livro dos Recordes). O feito? Percorrer todos os países do mundo no menor tempo já registrado.
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A aventura foi contada em detalhes na conta de Instagram @196sonhos, monetizada com propagandas e cursos digitais para financiar parte da viagem. O Guiness ainda avalia a documentação, mas com a experiência acumulada com o que viu e ouviu, Anderson pretende fazer palestras, dar consultoria, principalmente para empresas de turismo, e promover o Brasil.
Enquanto os planos estão em suspenso, por causa da pandemia da covid-19, ele adianta alguns insights sobre o futuro do setor. Confira os principais trechos da conversa.
RESETOU, PAROU
A crise é uma das maiores do turismo mundial e atinge muito os microempresários que estão começando agora no setor. O mundo de uma forma geral vinha crescendo. Na viagem que fiz, consegui ver todos os tipos de acomodações, todos os tipos de passeio, quase de tudo um que existe no mundo do turiso hoje. Foi uma oportunidade única em termos de conhecimento. Pelo que eu entendo, pela minha experiência, vai surgir, sim, um novo tipo de viajante e os destinos, hotéis e pousadas vão ter que se adequar a esse novo padrão. Acredito no seguinte: resetou, parou. Daqui para frente, as pessoas vão priorizar cada vez mais as experiências.
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O PAPEL DA TECNOLOGIA
Agora o online e o digital despontam. As empresas precisam aderir definitivamente às redes sociais. Por incrível que pareça, verifiquei na minha viagem que existem muitas empresas ainda sem site nem perfis em redes sociais. Depois dessa crise, elas não vão mais conseguir sobreviver. Existirá um novo padrão. A competitividade vai aumentar. Já existem milhares de agências de turismo no Brasil hoje 100% online, tendência que deve se solidificar.
HIGIENIZAÇÃO
Sobre a questão da higiene, eu sempre destaco por onde passo que o povo brasileiro já é um dos mais limpos do mundo. Já temos um cuidado superior ao que vi em outros países. Esses novos padrões implantados para conter a pandemia acabarão sendo positivos de forma geral, porque certamente reduzirão outros tipos de infecções, como a alimentar.
RELAÇÃO COM O CONSUMIDOR
As empresas vão ter que esclarecer mais as políticas de remarcações e ter um atendimento mais eficiente, porque os viajantes não vão mais se contentar com qualquer tipo de recepção. Também será necessário flexibilizar o pagamento, uma vez que as pessoas estão com as contas afetadas. Por outro lado, o turista estará mais de olho no custo-benefício. Então, quem oferecer um serviço diferente, um paparico, que o brasileiro adora, sairá na frente.
VIAGEM CONSCIENTE
Acredito que daqui para frente haverá um cuidado maior com o planeta. E isso é muito bom. Quanto menos pessoas visitando um mesmo local por dia melhor para a natureza. Essa deve ser uma primeira prática consciente que precisamos adotar.
HOSPEDAGEM ALTERNATIVA
Com o impacto financeiro da pandemia, penso que sobretudo as pessoas mais jovens vão procurar meios alternativos de baratear a viagem. Dessa forma, as trocas de trabalho voluntário por hospedagem, por exemplo, devem crescer muito. Também o uso de plataformas compartilhadas, como a do couchsurfing, que têm a vantagem de oferecer um intercâmbio cultural mais rico e sustentável.
TURISMO INTERNO
Todo mundo sabe o quanto sempre foi caro viajar pelo Brasil. Muitas vezes uma passagem do Recife para o Sul do País custava o mesmo de um bilhete para a Europa. Mas a crise vai virar esse jogo. Companhias aéreas precisam lotar os voos e, para isso, vão fazer promoções. Já estamos vendo também os hotéis oferecerem diárias com descontos. Isso vai incentivar o turismo local e fazer as pessoas turistarem na própria região e nas cidades próximas.
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