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Bem feita, 'Sangue e Água' peca por um detalhe na Netflix

Série adolescente sul-africana impressiona pela qualidade e ritmo, mas tropeça em seu desfecho

Robson Gomes
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Robson Gomes
Publicado em 11/06/2020 às 11:55 | Atualizado em 11/06/2020 às 11:55
TEGAN SMITH/NETFLIX
ESTRELAS Khosi Ngema (Fikile) e Ama Qamata (Puleng) são as protagonistas de Sangue e Água - FOTO: TEGAN SMITH/NETFLIX

Entre abril e maio deste ano, a Netflix disponibilizou em seu catálogo três séries originais de temática adolescente, mas com um diferencial: elas trazem um elenco mais étnico e sai um pouco do centrismo norte-americano das tramas. É neste caso que se enquadram os recentes sucessos: Eu Nunca..., protagonizado por uma família indiana nos Estados Unidos; Control Z, ambientada no México e com elenco local; e Sangue e Água, uma série gravada na África do Sul e atores sul-africanos.

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Lançada no último dia 20 de maio e apresentada em seis episódios, Sangue e Água acompanha o cotidiano do Colégio Parkhurst, uma escola de uma cidade do interior para alunos de família rica e com desempenho acima da média. Esse é o principal cenário para a história de Puleng Khumalo (Ama Qamata), uma jovem de 16 anos da Cidade do Cabo que trama sua transferência para o colégio para investigar o sumiço da irmã mais velha que nunca conheceu.

A mistura de suspense e drama resulta numa trama bastante envolvente. O primeiro episódio é o suficiente para imergimos no universo de Puleng e, claro, acreditar imediatamente que a popular nadadora Fikile Behle (Khosi Ngema) seja mesmo a sua irmã sequestrada no nascimento. A série tem um ritmo acelerado e suas storylines paralelas também se mostram interessantes. Outro ponto positivo está nos diálogos, que volta e meia, traz algumas frases e expressões locais da África do Sul. 

Além de se aproximar de Fiks – apelido de Fikile – é na Parkhurst que Puleng tem que lidar com pessoas boas e más em seu caminho. No lado positivo, está o bondoso Wade (Dilon Windvogel), que no começo sonha em ter algo a mais com a garota e é seu grande “assistente de investigação”, e KB (Thabang Molaba), que consegue conquistar o coração da jovem Khumalo, ainda que sua família se mostre envolvida, de uma certa forma, em seu drama familiar. Entre as pedras no sapato de Puleng, conhecemos Wendy Dlamini (Natasha Tahane), que começa a sujar sua reputação na escola e a amizade com Fiks, e Chris (Arno Greeff), que se aproveita do rancor de Zama (Cindy Mahlangu), até então melhor amiga de Puleng, para descobrir alguns segredos da jovem, embaralhando ainda mais a história.

POLÊMICAS

Seguindo tendências das séries adolescentes da Netflix, Sangue e Água também toca em assuntos polêmicos. Além de mostrar jovens que bebem e fumam naturalmente, e menção leve sobre bissexualidade, o enredo aborda a questão do tráfico humano, e aliciamento de menores, destacando um romance proibido entre professor – que, inclusive, é casado na trama – e uma aluna. Todos esses delitos acarretam em consequências dentro e fora do colégio Parkhurst, que geram mais movimento ao enredo.

Com episódios escritos e muito bem dirigidos por Nosipho Dumisa, Daryne Joshua e Travis Taute, talvez o que pese contra Sangue e Água é, justamente, o seu desfecho. No afã de deixar mistérios para uma possível segunda temporada – que ainda não foi anunciada e/ou confirmada – a série encerra seu primeiro ciclo com muitas interrogações, inclusive em sua storyline principal. O que muitos podem considerar um ótimo artifício narrativo também pode ser visto como “furo” se não houver uma continuidade da trama, deixando uma leve impressão (para não dizer, frustração) de história inacabada.

JONATHAN FERREIRA/NETFLIX
PROTAGONISTA Puleng Khumalo (Ana Qamata, meio), quer encontrar sua irmã desaparecida na série - FOTO:JONATHAN FERREIRA/NETFLIX

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