LUTO

Classe artística pernambucana lamenta a morte de Tereza Costa Rêgo

Carlos Ranulpho, Dani Acioli, Cida Pedrosa prestam homenagem à grande pintora pernambucana

Valentine Herold
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Publicado em 26/07/2020 às 16:36 | Atualizado em 26/07/2020 às 19:22
FELIPE SOUTO MAIOR/JC IMAGEM
VAI EM PAZ A homenagem de todos que fazem a coluna e o blog Social1 a Tereza Costa Rêgo, esta grande mulher que nos enche de orgulho com a herança de uma obra inigualável - FOTO: FELIPE SOUTO MAIOR/JC IMAGEM

A personalidade de Tereza Costa Rêgo era indissociável dos sentimentos que transmite sua obra e das próprias características técnicas e sua pintura. Intensidade, potência, força e vermelho são palavras que, muito além de descreverem o seu legado artístico, recorrem na fala de amigos que buscam retratar o que era conviver com Tereza. Em meio à tristeza pela sua partida, a classe artística pernambucana prestou na tarde deste domingo (26) belas homenagens à pintora, que faleceu aos 91 anos em decorrência das complicações de um AVC.

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Contemporâneo da artista, o marchand Carlos Ranulpho, que já sediou exposições de Tereza Costa Rêgo no Recife e em São Paulo se disse com o coração dolorido. "Não haverá substituto para sua arte, sua visão de mundo e sua delicadeza e grandeza enquanto ser humano e artista. Em São Paulo, apresentamos duas exposições em 1989, O Gato na Pintura e, devido ao grande sucesso da primeira, O Gato Pintado. Os mistérios da figura felina, em sua destreza e sabedoria, habitavam a poética de Tereza e tiveram grande repercussão nas mostras no Sudeste. Em 1990, propomos uma exposição mais abrangente, no Recife, também de grande sucesso, intitulada As Cores de Pernambuco. Era um percurso mais geral da obra de Tereza, sua visão singular, potente e multidimensional da figura feminina, das paisagens geográficas e emocionais que havia percorrido, no exílio e pós-exílio, sua leitura peculiar e tão bonita da vida. Tudo em Tereza exalava beleza e coragem. Sua ida dói porque Tereza é, em si mesma, insubstituível, e sua obra é eloquente quanto a isso. Que falta fará", afirmou.

A trajetória política da artista também é lembrado pela poeta Cida Pedrosa, cujo livro As Filhas de Lilith é ilustrado com pinturas da artista pernambucana. Tereza Costa Rêgo viveu no exílio, na França, durante a Ditatura Militar e retornou ao Brasil em 1979, com a Anistia.

"Morre uma mulher adiante de seu tempo. Uma mulher cuja vida se confunde com a historia do Brasil, que lutou pela liberdade e pelo amor e isso não é pouco! Porque o afeto, o amor e a liberdade são revolucionários", pontuou a escritora que, no início deste mês de julho, esteve à frente do lançamento do Coletivo de Cultura Tereza Costa Rêgo. "Mas artista não morre, se encanta e o céu hoje vai estar em festa, vai receber Tereza em festa. Partiu uma das maiores pintoras brasileira, o legado artístico dela é para além de todos os tempos. E eu perco uma pessoa a quem queria muito bem. Tereza faz parte da minha obra e da minha vida."

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"A minha avó era um acontecimento, uma força da natureza. Uma pessoa muito cheia de vida, uma cabeça muito jovem e inquieta. E ninguém está preparado para que uma coisa assim cesse, mesmo ela tendo 91 anos. A minha avó Tata partiu hoje e fica a saudade do convívio e dessa voz coerente que ela sempre foi. Mas a pintora Tereza Costa Rêgo essa não acaba, continua. A grandeza de sua obra, sua contribuição para a arte, a cultura e os costumes de nosso país ficam para o mundo. Agora devemos trabalhar para que seu acervo seja preservado e que mais e mais pessoas tenham acesso a ele", disse a jornalista Joana Rozowik, neta da pintora.

Tereza nunca parou de pintar, foram 76 anos de vida artística. Além de ter sido um dos grandes nomes da pintura modernista, na primeira metade do século 20, ela continuou inspirando gerações com seus trabalhos mais recentes. Dani Acioli é uma das artistas pernambucanas cuja obra dialoga diretamente com a de Tereza Costa Rêgo a partir das temáticas da liberdade e da celebração do feminino.

"A notícia da morte dela é muito triste. Sempre admirei o seu trabalho, é um influência muito forte para mim. Tereza foi uma pintora pulsante, de muita força, senso de humor afiado e raciocínio rápido. Era também muito sedutora e isso está presente em sua obra, essa paixão, essa intensidade. Para mim, ela representa o vermelho! Sua história, o que ela representou como mulher...a gente perde imensamente."

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Dani Acioli, pintora que teve a oportunidade de trabalhar com Tereza Costa Rêgo - DIVULGAÇÃO
Ana Siqueira/Divulgação
Cida Pedrosa, poeta nascida em Bodocó - Ana Siqueira/Divulgação
Sergio Bernardo/ JC Imagem
Carlos Ranulpho - Sergio Bernardo/ JC Imagem

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