Descaso

Levante pela Música de Pernambuco denuncia descaso do governo com o setor

A organização entregou há um mês um documento que reunia proposições para a classe artística diante do impacto da pandemia do coronavírus. No entanto, até agora, não obteve respostas

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Publicado em 27/07/2020 às 18:47 | Atualizado em 27/07/2020 às 20:21
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"Há muito não existe diálogo com o setor e nossas demandas são ignoradas e preteridas pela burocracia e ineficácia dos processos da Secretaria de Cultura e Fundarpe", diz trecho da carta - FOTO: BRENDA ALCÂNTARA/JC IMAGEM

O Acorde - Levante pela Música de Pernambuco, que reúne músicos, produtores, técnicos e bandas do estado, divulgou nesta segunda-feira (27) uma carta denunciando o descaso com o setor pelo governo de Pernambuco e seus órgãos.

A organização entregou há um mês um documento que reunia proposições para a classe artística diante do impacto da pandemia do coronavírus. No entanto, até agora, não obteve respostas.

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"Pedimos para sermos atendidos, mas o governador sequer respondeu ao pedido deste grupo. Há muito não existe diálogo com o setor e nossas demandas são ignoradas e preteridas pela burocracia e ineficácia dos processos da Secretaria de Cultura e Fundarpe", diz um trecho.

As ações emergenciais, de curto, médio e longo prazo, envolvem Lei Aldir Blanc, criação de fundos de emergência com verbas destinadas a eventos cancelados, editais do Funcultura, entre outras que podem ser conferidas no documento na íntegra. 

Nas redes sociais, o movimento aumentou o coro com vídeos de artistas em apoio as demandas e a organização. China, Mestre Anderson Miguel, Siba, Flaira Ferro e Mãe Beth de Oxum são alguns que aparecem entoando "Acorde" nas publicações divulgadas.

"Há muito não existe diálogo com o setor e nossas demandas são ignoradas e preteridas pela burocracia e ineficácia dos processos da Secretaria de Cultura e Fundarpe", diz outro trecho.

"Nesta pandemia fomos abandonados à própria sorte. E mesmo com bastante tempo para pensar numa solução para a entrega em formato digital de projetos do Funcultura da Música, a Secult/Fundarpe manteve a forma presencial, colocando todas e todos em risco".

Confira a carta na íntegra, onde profissionais da música podem assinar como indivíduos ou coletivos.

A Secult-PE e Fundarpe responderam aos trabalhadores e trabalhadoras da cultura através de um comunicado:

Leia na íntegra:

A Secretaria de Cultura de Pernambuco e a Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco - Fundarpe – são conscientes e atuantes em seu papel de fomentadoras e executoras de uma política pública de Estado para a Cultura. Desde o início de sua gestão, o governo Paulo Câmara traçou metas estruturais com ênfase nas ações de incentivo, difusão, formação, regionalização, reconhecimento e valorização da diversidade cultural, alcançando todas as suas expressões, tendo ainda como horizonte o patrimônio e a memória.

A Cultura tem agenda rica e dinâmica, composta por ciclos, festivais, entre outros projetos especiais e apoios. Uma política de salvaguarda dos Patrimônios Vivos (com atualmente 48 deles recebendo bolsas vitalícias); além de um dos maiores fundos de incentivo do país, o Funcultura que, através de seus editais, incentiva a produção independente com um orçamento de R$ 32 milhões por ano. Atualmente são quatro os editais lançados com recursos do Funcultura: Geral, Audiovisual, Música e Microprojeto Cultural.

De março até o mês de julho, a Fundarpe terá garantido o pagamento de R$ 20,8 milhões somente em ação cultural. O que significa uma grande injeção de apoio a centenas de milhares de trabalhadores e trabalhadoras de cultura do estado. Estão contabilizados aí todos os cachês, infraestrutura e logística do Carnaval 2020 (R$ 5,6 milhões, pagos ainda no início da pandemia); Funcultura (R$ 11,1 milhões, sendo R$ 7 milhões já pagos e R$ 4 mi em processo); apoios culturais a festivais e eventos no interior do estado em 2019 e 2020 (mais de R$ 2 milhões); bolsas dos Patrimônios Vivos (R$ 616 mil até o momento, chegando a R$ 1,5 milhões até o final do ano), além de outras atividades finalísticas - tais como programação e recuperação de equipamentos, monitoramento e fiscalização de bens tombados - que, somadas, dão mais de R$ 2 milhões.

Os Conselhos de Cultura também estão ativos, com reuniões online e abertas. Desde 2019, já foram realizadas 81 reuniões do Conselho, tendo 11 delas, em plena pandemia. Sem contar outros encontros como Grupos de Trabalho e audiências diretas para tratar de variados assuntos com os gestores.

Além dos conselhos, a Secretaria de Cultura e a Fundarpe abriram canais de diálogo, com email e telefones de diversas gerências, para o atendimento aos artistas e produtores da cultura, que nos procuram com dúvidas, esclarecimentos e sugestões. Todos os contatos estão na primeira página do site www.cultura.pe.gov.br.

De forma que não procede a afirmação de que não há diálogo da gestão com os artistas. Como informado, os canais oficiais estão ativos, os Conselhos em pleno funcionamento, além do que os gestores sempre estiveram abertos para receber artistas e produtores, que procuram diretamente os gabinetes para apresentarem suas questões.

Especificamente em relação ao Funcultura da Música, é preciso esclarecer os pontos. Além do fator financeiro, a falta de prestação de contas das parcelas recebidas também motiva o atraso do pagamento das parcelas subsequentes. O adiamento do cronograma do edital GERAL e MÚSICA ocorreu por conta da pandemia, já que o recebimento dos projetos é presencial ou correios. Já o edital de Microprojeto Cultural, que é por email, precisou ser adiado pelas baixas inscrições. Todas as mudanças no cronograma foram pactuadas com a Comissão Deliberativa do Funcultura.

Com relação à digitalização, reconhecemos que é preciso avançar. Por outro lado, com a implantação do SEI, este é o primeiro ano que todo processo de pagamento está sendo feito online, com a assinatura dos Termos de Compromisso no sistema. Em março, a Fundarpe começou tratativas para digitalizar todo processo do Funcultura e a meta é que isso ocorra até 2021.

Sobre a Lei Aldir Blanc, é importante dizer que Pernambuco - por meio da Secretaria de Cultura - está sendo protagonista no Brasil no que se refere aos encaminhamentos para execução da lei emergencial da Cultura. Milhares de pessoas têm acompanhado a atuação da Secult, por meio de webconferências que visam esclarecer, tirar dúvidas, ouvir os fazedores de cultura de todos os segmentos, para assim dar ampla transparência ao processo. Já foram realizadas dezenas de reuniões virtuais abertas. Entre elas, seis webconferências, sendo quatro regionalizadas (para cada macrorregião do estado), que tiveram ampla audiência e participação. Além de lives com grupos diversos que os gestores públicos estaduais vêm participando, sempre que convidados.

Grupos de Trabalho, formados por gestores e também por conselheiros de cultura que representam a sociedade civil, vêm discutindo e planejando a aplicação da lei em todos os seus incisos (benefício para pessoa física, para equipamentos culturais, e editais). É preciso, no entanto, entender que a regulamentação ainda não foi publicada e as ações mais efetivas dependerão de definições que serão dadas pelo Governo Federal.

Secult-PE e Fundarpe estão num grande esforço para para materializar a Lei Aldir Blanc no estado, executando integralmente os R$ 150 milhões que serão destinados a Pernambuco, sendo R$ 74 mi para execução pelo Estado e os outros R$ 74 mi pelas prefeituras. Uma situação que requer a máxima responsabilidade dos gestores públicos, não apenas na execução, bem como na garantia de que os benefícios cheguem aos artistas, trabalhadores da cultura e equipamentos culturais que mais necessitam.

Nos editais do Funcultura, nos chamamentos públicos para as contratações dos ciclos festivos, nos concurso para os prêmios e Patrimônio Vivo, a gestão da cultura inclui mecanismos (como pontuações maiores) para garantir a inclusão de agentes, grupos e artistas negros, indígenas, povos tradicionais, de periferia, além de pessoas com deficiência. Nos projetos aprovados pelo Funcultura, por exemplo, vem sendo um destaque os que têm, em suas equipes, pessoas de todos os grupos citados. O mais novo edital do Funcultura, o de Microprojetos Culturais, é totalmente dirigido para produtores jovens, de baixa renda, provenientes de periferias do estado. O recorte de gênero, raça, regionalização e acessibilidade também está sendo pensado nas discussões do grupo de trabalho de editais da Lei Aldir Blanc.

Expostas todas as questões, queremos dizer ainda que a Secretaria de Cultura e a Fundarpe compreendem e se importam com a difícil situação por que passam os trabalhadores e trabalhadoras da cultura, em virtude da crise que se abateu sobre nossa sociedade. Temos uma longa história de conquistas no campo da cultura e nossa principal missão é mantê-las e ampliá-las. Não perdendo de vista o momento emergencial, que haveremos de vencer, acreditamos que o diálogo e a participação são fundamentais para o entendimento e as novas construções.

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