Restauro

Com obras avançadas, Teatro do Parque deve ser entregue até o final do ano

Cine-teatro contará com equipamentos de última geração, como projetor 4k e tecnologia 3D

Márcio Bastos
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Márcio Bastos
Publicado em 05/08/2020 às 15:16
FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
OBRAS Toda a área da caixa cênica foi recuperada e ganhou equipamentos de última geração para receber os espetáculos - FOTO: FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
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Fechado há dez anos, o Teatro do Parque deve ser entregue reformado e restaurado até dezembro desde ano, segundo a Prefeitura do Recife. O equipamento cultural, um dos únicos teatros jardins do Brasil e um dos maiores símbolos da cultura recifense, será apresentado à população com as características que possuía em 1929, e com equipamentos de última geração, incluindo novos sistema de refrigeração, projetor 4k e sistema que permite a exibição de filmes em 3D.

Localizado na Rua do Hospício, em pleno Centro do Recife, o Teatro do Parque é uma joia arquitetônica inaugurada em 1915, mas que, ao longo do tempo, passou por diversas reformas que o desconfiguraram. A opção por recuperar a identidade do espaço após a reforma de 1929 se deu porque foi naquele momento que o equipamento passa por uma grande transformação física, se transformando em um cine-teatro, e ganhou foyer, bilheteria e a escada de acesso aos camarotes.

"Não se trata só do restauro de um edifício, mas de um equipamento público que exige tecnologia de ponta para garantir o conforto do público. Por isso, foram feitas várias adequações para garantir o conforto ambiental e também respeitar as regras de segurança, com mudança completa no sistema de refrigeração, de prevenção de incêndios, com instalação de detectores de fumaça e sprinklers, e de segurança", explicou Simone Ozias, arquiteta e Gerente Geral de Projetos do Gabinete de Projetos Especiais da Prefeitura, responsável pela obra.

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ÍCONE Um dos únicos teatros jardins do Brasil, Parque foi inaugurado em 1915 - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM

Ela explicou, durante visita técnica com a imprensa realizada na quarta-feira (5), que apesar do longo tempo de espera para a entrega da obra (a revitalização do espaço começou em 2013 e, o restauro, em 2015), a cidade receberá um cine-teatro com o que há de mais moderno no país.

FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
RECUPERAÇÃO Obras de reforma e restauro do Teatro do Parque tiveram início em 2013 - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM

Entre as intervenções feitas na reforma estão a recuperação dos alicerces e sistema de drenagem do prédio e a substituição de todo o madeiramento, além de telhas, calhas e rufo do telhado. As tubulações e fiações elétricas, além das instalações hidrossanitárias e do sistema de drenagem, também precisaram ser completamente refeitas. 

Arquitetura

Quem já conhece o teatro, notará as mudanças assim que adentrar o espaço. Após uma extensa pesquisa, que incluiu fotografias, notícias de jornais e outros documentos, foram identificadas as características originais das paredes, teto e piso, que foi todo substituído com a reprodução dos ladrilhos hidráulicos idênticos aos de 1929. Este primeiro salão funcionará como um memorial do teatro e do edifício, seguido pelo hall de espelhos.

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PESQUISA Piso foi todo trocado e recupera os padrões do final da década de 20 do século passado - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM

A grade que separava o público do jardim foi retirada e colocada junto aos camarins, a fim de seguir as normas de segurança e permitir que o público circule pelo aprazível jardim. Lanchonete e banheiros também foram completamente reformulados.

No cine-teatro em si, história e tecnologia se misturam: as poltronas, que devem chegar em breve, foram restauradas, mas adaptadas para garantir maior conforto e acessibilidade, inclusive com assentos para obesos e espaços reservados para cadeirantes. Por isso, a capacidade, antes de 900 pessoas, deve diminuir para cerca de 800, possibilitando também melhor visão para os que ocupam os camarotes.

O palco também foi ajustado para garantir a segurança da equipe técnica e dos artistas, com a completa recuperação da caixa cênica e dos painéis pintados pro Mário Nunes e Álvaro Amorim em 1929. As mecânicas do palco, antes manuais, também foram substituídas por estruturas de acionamento eletrônico.

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MEMÓRIA Processo de restauro recupera características originais de 1929, como os painéis de Mário Nunes e Álvaro Amorim - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM

Os camarins também foram todos reformados e há um espaço moderno e com acústica apropriada para os ensaios da Banda Sinfônica do Recife, cuja sede oficial é o Parque e que, desde seu fechamento, tem ocupado o Teatro Santa Isabel. O equipamento terá ainda dois geradores, um para o sistema de ar-condicionado e outro para o palco.

Diego Rocha, presidente da Fundação de Cultura da Cidade do Recife, estima o preço total da obra ente 10 e 15 milhões de reais, incluindo as licitações de compras de equipamentos, todas já realizadas. 

"O que está sendo feito é um trabalho histórico, com tudo feito com esmero e documentação apropriada, o que facilitará muito a preservação para o futuro", pontuou. "E, com isso, também vamos fazer um trabalho no entorno, em diálogo com outras secretarias, para garantir a revitalização da área e garantir a melhor experiência possível para os recifenses. O Parque é um teatro popular e vamos preservar essa característica."

A gestão do Teatro do Parque ficará a cargo de Marcelino Dias, que foi diretor do Barreto Júnior por dez anos. Ele diz que ainda estão estudando o melhor modelo de gestão a fim de garantir espaço para os artistas de cênicas, música e cinema. Com a pandemia, o diálogo sofreu entraves, mas ele afirma que logo serão retomados.

"Precisamos oferecer segurança a todos os espectadores. Então, é necessário também ter um plano para a abertura, já que não se sabe quando a pandemia será controlada", explica. "Para mim, é uma emoção fazer parte da equipe porque o Teatro do Parque é um espaço afetivo para o recifense. Todo mundo tem sua história com esse lugar. No meu caso, foi o primeiro em que entrei e onde decidi ser artista. Queremos que novas histórias sejam criadas aqui."

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GESTÃO Simone Ozias, arquiteta responsável pela obra, ladeada por Marcelino Dias e Diego Rocha, respectivamente, novo gestor do Teatro do Parque e presidente da Fundação de Cultura do Recife - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM

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