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No auge, série nacional '3%' encerra sua saga na Netflix

Quarta temporada do thriller pós-apocalíptico de Pedro Aguilera fecha ciclo na plataforma e sai de cena como um produto de alta qualidade

Robson Gomes
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Robson Gomes
Publicado em 20/08/2020 às 17:45 | Atualizado em 20/08/2020 às 17:52
NETFLIX/DIVULGAÇÃO
Em cena, Bruno Fagundes (André) e Vaneza Oliveira (Joana) entregam atuações viscerais na quarta e última temporada de '3%' - FOTO: NETFLIX/DIVULGAÇÃO

Primeira série original brasileira lançada pela Netflix, 3% chegou à sua quarta e última temporada na última sexta-feira (14). A produção criada por Pedro Aguilera e protagonizada por Bianca Comparato apresentou em sete novos episódios o desfecho do thriller ambientado num mundo pós-apocalíptico em sua estética e temporalidade, mas não muito distante em relação aos dramas sociais e conflitos pessoais vividos pelos personagens.

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Na sinopse do último ciclo, o conflito entre a Concha – uma sociedade alternativa – e o Maralto – uma terra de elite e excludente – está escancarado e uma guerra é iminente. Mas, enquanto o Processo 108 (a seleção de quem pode entrar no Maralto) se inicia sob uma liderança nova e ainda mais agressiva, os integrantes da Concha são convidados para uma visita “diplomática” ao Maralto. A proposta de paz acaba sendo o pretexto para a destruição que define o futuro desse mundo, até então, dividido.

A narrativa da quarta temporada de 3% ainda foca no grupo de liderança da Concha, que além da líder Michele (Comparato), se destaca pelas presenças e histórias de Marco (Rafael Lozano), Rafael (Rodolfo Valente), Joana (Vaneza Oliveira), Elisa (Thais Lago), Glória (Cynthia Senek) e Marcela (Laila Garin) – líder do Maralto, até então presa na Concha. Mas também crescem as histórias e importâncias de Natália (Amanda Magalhães) e Xavier (Fernando Rubro) na trama, bem como o fanático André (Bruno Fagundes), irmão de Michele, o novo líder do Maralto. Sem exceção, todos estes atores da linha de frente entregam atuações viscerais, vivendo aquele contexto fictício com muita verdade, o que dá direito a cenas e sequências bem executadas.

O roteiro da série também segue caprichado. Escrito a seis mãos – Teodoro Poppovic, Natalia Maeda, Carol Rodrigues, Ivan Nakamura, Denis Nielsen e o próprio Pedro Aguilera – 3% tem um texto muito forte e cirúrgico em vários momentos. Um dos destaques é o episódio 4, intitulado Submarino. A sequência da votação sobre a execução do plano de destruição do Maralto, quando o grupo da Concha está prestes a ser preso, tem uma riqueza de diálogos certeiros. E assim como muitas situações da série, elas funcionam como metáforas que podem, perfeitamente, serem aplicados num contexto qualquer passado hoje, em 2020. As direções de Daina Gianecchini, Jotagá Crema e Dani Libardi resultam em várias situações de suspense, de prender o fôlego (como o episódio 6, Botões), e claro, de boas viradas na história.

A estética de 3% também sai de cena como algo positivo. Com cenas gravadas em São Paulo e Inhotim, em Minas Gerais, impressiona o caráter futurista, porém simples dos cenários, bem como os figurinos. As participações especiais de Fernanda Vasconcellos, Silvio Guindane, Zezé Motta e Ney Matogrosso (principalmente a atuação dele no episódio 5, Pintura), são decisivas para o enredo. E na parte musical assinada por André Mehmari – junto a supervisão musical de Submarino Fantástico – a dramaticidade, principalmente nas trilhas instrumentais, ganha força com solos de violino e rabeca, dando mais impacto a sequências importantes da série. E ainda, no último episódio, o cantor Chico César brilha em cena ao revisitar o clássico Velha Roupa Colorida, de Belchior, num momento crucial do desfecho.

FORTE MENSAGEM

Cumprindo sua missão como a primeira produção nacional da Netflix, 3% fecha seu ciclo como uma obra de qualidade que merece um maior reconhecimento, principalmente no território brasileiro, já que lá fora, a série tem bastante sucesso na plataforma.

E o modo como a história termina, que não é exatamente um “happy end”, mas uma utopia subjetiva, deixa uma leve mensagem de esperança diante de um mundo contemporâneo que também anda dividido. Pois no fim de tudo, é preciso reconhecer que somos todos iguais e estamos todos no mesmo barco. Ou ao menos, precisamos estar.

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