Roberto Burle Marx (1909-1994) foi um visionário que transformou o paisagismo, imprimindo elementos da natureza e da cultura brasileira em seus projetos, a exemplo dos cerca de 40 projetos que legou ao Recife, como as praças Euclides da Cunha (Cactário da Madalena) e de Casa Forte, no Recife. Seu trabalho tinha um caráter holístico e plural, que unia suas várias referências e paixões, a exemplo das artes visuais, o urbanismo e a consciência ambiental, como enfatiza a exposição Burle Marx: Paraísos Inventados, cuja visitação online está aberta ao público no site da galeria paulista Galeria Almeida e Dale.
O arquiteto e urbanista Guilherme Wisnik, curador da mostra, pontua que as múltiplas áreas de atuação de Burle Marx estão em sintonia com o pensamento modernista do início do século 20, expresso em projetos como a escola vanguardista alemã Bauhaus. Ele afirma que esse olhar agregador perpassa todos os âmbitos do trabalho do brasileiro.
"Uma parte do Modernismo buscou integrar as artes em um pensamento mais amplo, no qual os artistas aprendiam pintura, escultura, design industrial, projeto de construção, urbanismo. Burle Marx faz parte disso e ele acrescenta uma coisa importante, que é o paisagismo", explica. "(Nas artes visuais) Ele começa com uma arte figurativa, passa pela influência do Cubismo, mas cai na arte abstrata, que é fundamental na sua obra, com um pouco de surrealismo, que é fundamental para o seu paisagismo."
Na exposição, a curadoria buscou ressaltar o teor multidisciplinar e as várias influências presentes na obra de Burle Marx. No projeto expográfico aproxima as linguagens, convidando o espectador a perceber os pontos de aproximação entre as criações dele em diferentes linguagens, sem hierarquizá-las.
"Em um momento em que, no Brasil, ainda se fazia jardins seguindo os modelos da França e da Inglaterra, ele passa a usar espécies nativas da América do Sul e começa a desenhar os jardins como se fossem telas abstratas e isso renova completamente a linguagem", reforça.
O título da exposição alude à criatividade e à relação com o abstracionismo intrínsecas ao universo de Marx. Entre os trabalhos expostos estão obras importantes, como a tela Guaratiba, pinturas a óleo, desenhos e produções a partir das plantas de seus projetos, como o calçadão de Copacabana e o jardim do Palácio Capanema, ambos no Rio de Janeiro, e o Cactário Madalena.
Além deles, estão também em exibição estudos que ele fez para produzir tapeçarias, joias e fotos de suas obras construídas. As obras são provenientes do acervo da galeria, de colecionadores e do Instituto Burle Marx. No tour virtual, o internauta consegue passear pela galeria, que é apresentada em perspectiva 3D, além de conseguir acessar informações sobre as obras em exibição.
ACERVO ONLINE
Em Pernambuco, a Arte Plural também passa a investir com ênfase no ambiente virtual. Nesta quarta-feira (26), a galeria, cuja sede fica na Rua da Moeda e está recebendo clientes mediante agendamento prévio, lança sua primeira exposição virtual. Intitulada Ressignificados, a mostra conta com obras de artistas do casting, como Gabriel Petribu, Gustavo Bettini, Manoel Veiga, Antônio Mendes, Conchita Brennand, Gegê Pedrosa e Roberto Ploeg.
Através do site www.artepluralgaleria.com.br, é possível fazer uma visita 360º à mostra e à exposição Olhar, de João Urban, que estava em cartaz quando eclodiu a pandemia. Ao todo, são 26 fotografias do artista paranaense que revelam sua íntima relação com Pernambuco, onde morou por cinco anos. Através de seu site, a Arte Plural também passa a comercializar suas obras online.
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