MEMÓRIA

O penúltimo autógrafo de John Lennon

José Teles
Cadastrado por
José Teles
Publicado em 31/08/2020 às 2:00
Leitura:

O roqueiro Willie Nile, cultuado em Nova Iorque, cidade que é tema recorrente em sua música, gravou o álbum de estreia no Record Plant, no centrão de Nova Iorque, próximo à Time Square. Entrou em estúdio na mesma época em que John Lennon gravava com Yoko Ono, já com o Double Fantasy nas lojas.

Willie e John não se encontraram, mas uma noite, do estúdio em que o casal gravava, ligaram pelo interfone dizendo que John estava precisando de cordas pra guitarra, perguntando se tinham para emprestar. Willie Nile mandou as cordas. Foi com elas que John Lennon tocou em Walking on Thin Ice, a última música que gravou, lançada num single de Yoko Ono em 1981. Curiosamente, as cordas foram colocadas na guitarra Rickenbacker da época dos Beatles, e que Lennon não usava em estúdio desde 1965.

Um colecionador de autógrafos, amigo de um técnico de som que trabalhava no disco de Willie, pediu que este lhe conseguisse um autógrafo de Lennon. O técnico falou com o pessoal de John mentindo que o autógrafo era para Ken, o cara que tinha lhe mandado as cordas. John e Yoko já estavam deixando o Record Plant. Ele avisou ao verdadeiro Ken para esperar o ex-beatle na saída do estúdio. Lennon assinou: "Para Ken, que me deu corda, Amor John. Paz e Amor 1980 (com uma caricatura do seu rosto)".

Foi o penúltimo autógrafo que John Lennon daria. O próximo seria alguns minutos mais tarde, para Mark Chapman.

Willie Nile contou a história numa entrevista, de maio, para a revista Glide Magazine. Com ela, acabou com uma polêmica. Em quase todos os livros sobre o último dia de Lennon, lê-se que ele teria gravado no Hit Factory. Jack Douglas, que produziu Double Fantasy, afirmou que estava com John e Yoko naquela noite. A Hit Factory perde, pois, este duvidoso privilégio.

Comentários

Últimas notícias