Artes cênicas

Aramis Trindade encena 'Romeu e Julieta, Cordel de Ariano Suassuna' online

No espetáculo, com o qual circula desde 2012, ator celebra a cultura popular e a literatura

Márcio Bastos
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Márcio Bastos
Publicado em 14/09/2020 às 10:23
NEWMAN HOMRICH/DIVULGAÇÃO
CENA Aramis Trindade une sua experiência com teatro, cinema e televisão para adaptar peça para o online - FOTO: NEWMAN HOMRICH/DIVULGAÇÃO
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A versatilidade é um característica inerente a Aramis Trindade, artista que ao longo de quatro décadas de carreira desenvolveu trabalhos no teatro, circo, televisão e cinema. Nada mais natural, portanto, do que, diante das dificuldades impostas pela pandemia da covid-19, ele encontrasse uma forma de se reinventar mais uma vez e continuar compartilhando sua arte. E é isso que o artista faz com a adaptação para a internet da peça Romeu e Julieta, Cordel de Ariano Suassuna, que ganha temporada online a partir desta terça-feira (15), às 20h, no Sympla.

O ator já circulava com o trabalho desde 2012, apresentando-o em espaços tradicionais, como teatros, em escolas e áreas alternativas, como praças e feiras literárias. Nele, o pernambucano, que além de atuar, assina o texto e a direção, conta a história dos amantes de Verona a partir do dramaturgo paraibanao, em forma de cordel, em 98 sextilhas, acompanhado pela música Armorial (a trilha sonora original é de Zé da Flauta, com viola de 12 cordas executadas por Tuca Araújo). No segundo ato, ele interpreta o próprio Ariano em uma de suas célebres aulas-espetáculo. 

Para Aramis, criar é uma pulsão constante comprovada por seu currículo: o ator já esteve presente em sete peças, 70 filmes, 33 séries de TV e 12 novelas na Rede Globo. Essas experiências em diferentes meios possibilitaram que a migração dele para o online fosse natural e tranquila, entendendo as especificidades da linguagem para criar uma obra singular, em sintonia com as produções que estão sendo realizadas neste período de teatros fechados.

"Este trabalho é um misto de teatro, cinema e televisão. Teatro porque há essa troca, mesmo que o público não esteja presente de carne e osso, é uma transmissão ao vivo, então as pessoas estão ali, acompanhando de suas casas. Há também a preparação do território sagrado do ator, mantenho os rituais para entrar em cena", explica o ator. "É cinema e televisão porque tem câmera, o enquadramento, que exigem toda uma marcação técnica específica. Utilizo esses recursos para criar uma experiência única, na qual também falo com o público, dou uma marretada na quarta parede, já que o personagem é um exemplo do romanceiro popular do nordeste."

Na visão do artista, esta nova forma de fazer teatro não substitui o encontro presencial, mas possibilita que a arte continue a pulsar, especialmente em um momento de tantar dificuldades. Ele também enxerga como um benefício a facilidade do acesso, permitindo que o trabalho chegue a locais que normalmente não conseguiria devido às dificuldades para circulação, como cidades do interior.

Esta temporada online, que acontece nos dias 15, 22, 29 de setembro e 6 de outubro, sempre às 20h, será transmitida pelo Sympla. O ingresso custa R$ 25. 

Projetos

Em paralelo à peça, Aramis Trindade está desenvolvendo outros projetos. E, como é característica sua, essas obras passeiam por diferentes linguagens. Entre as iniciativas estão o documentário Aramis, Mosqueteiro da Arte e uma fotobiografia, Aramis em Quatro Atos, desenvolvida em parceria com o jornalista Cleodon Coelho.

Sua vida e relação com a arte também são temas de uma dramaturgia em desenvolvimento, um solo que apresenta cerca de 30 personagens já interpretados por ele desde a infância, quando se apresentava com um circo em Nova Jerusalém.

Outra novidade é uma série de vídeos curtos, chamada O Recanto de Ariano, na qual retorna à obra de Suassuna. 

"O ator vai amadurecendo com o tempo. Não importa o meio, matenho a premissa de Constantin Stanislavski de manter o coração quente e a cabeça fria. Me interessa sempre esse território emocional, sagrado, da arte da interpretação, seja em um teatro enorme, na sala da minha casa, em frente a uma câmera", reflete Aramis.

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