LITERATURA

Ignácio de Loyola Brandão critica a desvalorização do professor pelo atual governo no Circuito Cultural Digital de Pernambuco

Escritor abre o evento nesta terça (10) com palestra intitulada O Professor Pode Criar um Escritor. Confira a programação completa:

Valentine Herold
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Valentine Herold
Publicado em 09/11/2020 às 19:45 | Atualizado em 09/11/2020 às 19:46
LETICIA GULLO
ESTÍMULO Loyola Brandão destaca influência do professores - FOTO: LETICIA GULLO

Desde que lançou seu primeiro livro de contos Depois Do Sol, em 1965, Ignácio de Loyola Brandão pensa a contemporaneidade do Brasil através de sua literatura. Hoje com 84 anos, o jornalista e escritor nascido em Araraquara, no interior de São Paulo, continua refletindo e se posicionando publicamente sobre os temas que lhe são caros, como o meio ambiente, a política e a cultura. Ele participa nesta terça-feira (10) da terceira etapa do Circuito Cultural Digital de Pernambuco, abrindo oficialmente a programação, que se estende até a próxima sexta-feira (13).

Em palestra virtual e gratuita, transmitida através do canal do YouTube do evento às 17h, Ignácio de Loyola Brandão irá falar sobre uma questão que reverberou recentemente em todo o país a partir de um texto seu intitulado O Professor Pode Criar um Escritor. Ele já havia citado alguns mestres que foram fundamentais em sua trajetória escolar, mas desta vez o assunto não surgiu por pura nostalgia e sim fruto de indignação a partir de uma fala do ministro da Educação, Milton Ribeiro.

"Ele falou que ser um professor é ter uma declaração de que a pessoa não conseguiu fazer outra coisa da vida, por isso teve que parar em uma sala de aula. Eu respondi com uma carta que foi publicada em vários jornais. Só virei escritor devido à influência de muitos professores que tive, são eles que formam os cidadãos. Sem o professor não há nada, mas isso o atual governo parece ignorar. Os professores estão abandonados pelo próprio Ministério da Educação", aponta.

O autor também destaca iniciativas como a do Circuito Cultural de Pernambuco como alternativas que valorizam a cultura e promovem o debate. Sua relação com o Estado, inclusive, data de muitos anos e perpassada pela relação que manteve com João Cabral de Melo Neto, Ariano Suassuna, Raimundo Carrero e Sidney Rocha.

Crítico do forte avanço do conservadorismo que vem acontecendo no Brasil e em diversos outros países, o escritor se mantém fiel ao projeto político que sempre defendeu, cujos preceitos envolvem a liberdade de pensamento e a valorização da cultura. Autor de grandes obras nacionais, como os romances Zero (1974), Bebel Que a Cidade Comeu (1986) ou ainda o mais recente Desta Terra Nada Vai Sobrar, a Não Ser o Vento Que Sopra Sobre Ela (2018), é sobretudo por Não Verás País Nenhum, lançado em 1981, que ele vem sido mais lembrando ultimamente.

É que no romance ele retrata uma Amazônia devastada, a ciência perseguida e um governo autoritário. Um Brasil que já se anunciava cerca de 40 anos atrás, muito bem retratado pelo relato ficcional de Ignácio de Loyola Brandão. Sobre a atualidade da obra, ele comenta que continua se surpreendendo com os fatos.

"Quando penso que nada mais vai acontecer, no sentido negativo, sempre acontece. Por outro lado, eu ando muito pelo Brasil e vejo que há focos de resistência em escolas, centros culturais, na literatura, no cinema, na musica. Os jovens estão preocupados."

Confira a programação completa do Circuito Cultural Digital de Pernambuco:

Terça-feira, 10/11

16h30 – Abertura Oficial do Circuito.

17h – Live “O professor pode criar um escritor”

Palestra com o escritor Ignácio de Loyola Brandão com apresentação do jornalista Fellipe Torres.


Quarta-feira, 11/11

8h30 – Ler, muito prazer!

Exibição de vídeos de experiências de leitura de crianças na primeira e segunda infância.

9h – Senta, que lá vem história! - Contação da história do livro Uma festa na floresta (Cepe), de Lêda Sellaro com o Tapete Voador.

10h – Oficina Infantil Caixinha de Ritmo - Com a Fada Magrinha.

11h – Bate-papo: Por um Brasil de Leitores - Participação de Zoara Failla (Instituto Pró-Livro) e apresentação de Hélio Monteiro (diretor interino da Biblioteca Pública de Pernambuco).

12h - Prazer de Ler! - Exibição de vídeos de experiências de leitura de jovens e adultos.

14h – Por dentro do livro - Processo de criação de O livro sem fim, de Iara Adeodato, lançamento da Cepe Editora.

15h – Bate-papo: Atuação das editoras independentes - Participação de Wellington de Melo (Mariposa Cartonera) e João Varela (Lote 42) com mediação de Roberto Beltrão.

16h – Apresentação infantil: Vento forte para água e sabão - Com a Companhia Fiandeiros de Teatro.

17h – Live ‘Quem diria que viver ia dar nisso?” - Palestra da escritora Martha Medeiros com apresentação de Luiza Maia.

18h – Cineminha - Acalanto, de Evandro Lunardo.

19h – Lançamento literário - Opulência (Cepe), de Luis Krausz. Conversa entre o autor e a jornalista Isabelle Barros.

20h – Sarau cultural: O pai, o filho e a música- - Com João Netto e Pabllo Moreno.


Quinta-feira, 12/11

8h30 – Ler, muito prazer! - Exibição de vídeos de experiências de leitura de crianças na primeira e segunda infância.

9h – Senta, que lá vem história! - Contação da história do livro O pedido de Clarice (Cepe), de Tadeu Pereira, com Érica Montenegro.

10h – Oficina Infantil Teatro para crianças - Com Dani Travassos.

11h – Bate-papo: Produção literária e escrita criativa - Participação dos escritores Sidney Rocha e Veronica Stigger com mediação da professora Manuela Travasso.

12h - Prazer de Ler! - Exibição de vídeos de experiências de leitura de jovens e adultos.

13h – Circuito em conexão com a União Brasileira de Escritores.

14h – Por dentro do livro - Processo de criação do livro Viver de ver o verde mar (Cepe), de Ana Farache e Paulo Cunha. Participação de Paulo Cunha e apresentação de Lula Portela.

15h – Bate-papo: Fotografia e cotidiano = Participação de Fred Jordão, autor do livro Recife – Fotografias:1986-2018 (Cepe). Conversa entre o autor e o professor João Guilherme Peixoto.

16h – Apresentação infantil: Malassombros, contos do além Sertão. Com o Coletivo Teatro de Retalhos.

17h – Live “João Cabral: as edições e o centenário”- -Participação dos escritores Antonio Carlos Secchin e Inês Cabral, filha de João Cabral de Melo Neto. Apresentação do crítico literário Peron Rios.

18h – Cineminha - Quando a chuva vem?, de Jefferson Batista

19h – Lançamento literário - Três homens chamados João (Cepe), de Anna Maria César. Conversa entre a autora e o jornalista Vandeck Santiago.

20h – Sarau Cultural: Calçada poesia - Com Gabi da Pele Preta e Alexandre Revoredo.


Sexta-feira, 13/11

8h30 – Ler, muito prazer! - Exibição de vídeos de experiências de leitura de crianças na primeira e segunda infância.

9h – Senta, que lá vem história! - Contação de história do livro Além da Lenda, de Bruno Antônio, Erickson Marinho e Ulisses Brandão. Com Joanah Flor.

10h – Oficina infantil História de Pano - Com Samantha Pimentel.

11h – Bate-papo: Xilogravura e cordel, o encontro da rima com o entalhe - Participação de Nireuda Longobardi, Marcelo Soares e mediação de Érica Montenegro.

12h - Prazer de Ler - Exibição de vídeos de experiências de leitura de jovens e adultos.

13h – Circuito em conexão

14h – Por dentro do livro - Processo de criação do livro Tereza Costa Rêgo: uma mulher em três tempos (Cepe), de Bruno Albertim. Conversa entre o autor e Sofia Lucchesi.

15h – Bate-papo: A poesia das coisas - Participação de Mariana Félix e Akapoeta com mediação de Marília Mendes.

16h – Apresentação infantil com a Banda Mini Rock.

17h – Live “Fantasia e terror à brasileira”- -Participação de André Vianco com apresentação de Renato Mota.

18h – Cineminha- -Sebá – face das artes, de Robson Santos.

19h – Lançamento literário - Não me empurre para os perdidos (Cepe), de Maurício Melo Júnior. Conversa entre o autor e a jornalista Gianni Paula de Melo.

20h – Sarau Cultural Enraizado - Com Ciel Santos.

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