Para coroar uma noite emocionante de celebração à literatura nacional e à pluralidade de vozes literárias como a de ontem, o prêmio de Livro do Ano da 62° edição do Jabuti não poderia ter sido outro. A pernambucana Cida Pedrosa, sertaneja de Bodocó, foi a grande vencedora e a comemoração para o Estado foi dupla, pois sua obra Solo Para Vialejo não apenas levou a categoria Poesia, como também foi editada pela Companhia Editora de Pernambuco, Cepe.
A premiação ocorreu de forma remota e virtual devido às restrições da pandemia que marcou 2020 e redefiniu, como tanto, a forma de nos relacionarmos com a leitura. As dificuldades pelas quais passaram livreiros, autores, editoras e todos os trabalhadores da cadeia do livro foram lembradas por Maju Coutinho, apresentadora, e por Vítor Tavares, presidente da Câmara Brasileira do Livro. As demandas de uma sociedade historicamente invisibilizada, que ecoam cada vez mais alto, também se refletiram no Jabuti deste ano através da diversidade dos jurados e dos livros finalistas e vencedores. Foi também maior o número de editoras fora do eixo Rio-São Paulo, como a Cepe e editoras independentes.
"Esse é um livro sobre nossas negritudes várias, indigenices várias, branquitudes várias. É um livro em busca da música, de mim e de minhas origens sertanejas. É um livro da volta, da migração ao contrário, do mar para o sertão, de onde vim", disse Cida, por chamada de vídeo no momento final da cerimônia. Emocionada e grata, a poeta ainda ressaltou a importância de reverenciar a ancestralidade e agradeceu ao seu editor Wellington de Melo e ao colega escritor Sidney Rocha.
Concorrendo com os veteranos Chico Buarque (Essa Gente), Maria Valéria Rezende (Carta à Rainha Louca), Paulo Scott (Marrom e Amarelo) e Adriana Lisboa (Todos os Santos), o baiano Itamar Vieira Junior venceu na categoria Romance Literário com o aclamado Torto Arado, também finalista do Oceanos (junto a Maria Valéria, inclusive). A novidade deste ano foi a categoria Romance de Entretenimento cujo ganhador foi o jovem escritor carioca Raphael Montes, pelo thriller psicológico Uma Mulher no Escuro.
Além de Cida Pedrosa, outros autores pernambucanos estavam concorrendo. Bell Puã também em Poesia com o livro Lutar é Crime (Letramento); o fotógrafo Fred Jordão com Recife - Fotografias: 1986-2018 (Cepe), em Artes; e na categoria Histórias em Quadrinhos estava O Obscuro Fichário dos Artistas Mundanos (1934-1958), que marcou a estreia do selo HQ da Cepe, roteirizado por Clarice Hoffmann e Abel Alencar, e ilustrado por Maurício Castro, Greg, Paulo do Amparo e Clara Moreira. A lista completa dos vencedores está em jc.com.br/cultura.
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