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'Mulher-Maravilha 1984' é obra única no universo dos filmes de herói

Segundo longa-metragem da heroína DC estreia nesta quinta (17) nos cinemas do Recife

João Rêgo
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Publicado em 16/12/2020 às 11:49
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Gal Gadot encarna Diana pela segunda vez, numa produção de duas horas e meia - FOTO: DIVULGAÇÃO

Mulher-Maravilha 1984 é uma obra única no universo de filmes de herói. E para atestar isso nem precisamos falar do seu papel central no imbróglio entre Warner Bros, HBO e as redes de cinemas. O longa estreia nesta quinta (17), em várias salas de cinemas do Recife que estão reabertas.

O segundo filme da heroína DC possui expressivas duas horas e meia de duração – não que isso seja mais assustador que as três horas de Batman vs Superman. Mas o que Patty Jenkins, diretora também do primeiro longa-metragem, faz com esse tempo é o que torna tudo mais interessante.

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Durante as primeiras horas de um filme de herói, o foco não está nos embates ou ambientações maquiavélicas de um inimigo a ser enfrentado.

Em Mulher-Maravilha 1984, o mal é intrínseco à própria concepção do drama. Ele está presente no luto de Diana pela perda do seu grande amor, no autoflagelo meio nerd da futura vilã Cheetah, ou pela megalomania empresarial do principal antagonista.

A ameaça desumana reside justamente nas falhas mais humanas dos personagens, potencializado por um pequeno artefato divino que concede o direito de qualquer desejo a quem o tocar.

Foco nas relações

Jenkis nos reserva quase metade do filme para nos apresentar as aspirações e dores de quem ficará em evidência. Não que elas sejam muito complexas, mas isso nunca foi o que importou.

Até para os fãs mais entusiasmados de cenas de ação, deve ser consenso que Mulher-Maravilha (2017) só se tornou assistível pela boa construção romântica entre a protagonista (Gal Gadot) e o piloto Steve Trevor (Chris Pine) – e consequentemente como a trama comportava isso.

É nesta mesma dinâmica que Mulher-Maravilha 1984 inicia com ares de filme contido e focado nas relações interpessoais. Marcam presença muitas conversas, personagens caricatos, emoções sinceras e até Steve Trevor volta da morte por um desejo de Diana.

É como se tudo que funcionou de estruturação dramática cativante nas entrelinhas das toscas cenas de ação do longa anterior fossem preservadas.

O roteiro nos guarda, senão coisas grandiosas, momentos de singeleza e sinceridade. Como quando Diana caminha pela cidade com um Trevor sob choque de temporalidade – morto na década de 40, ele retorna para um novo mundo em que os prédios, manifestações artísticas e os aviões evoluíram.

Muita ação, pouca iluminação

Mas isso é apenas metade do filme. Daí para frente, voltamos à velha correria e grandiloquência de quase todos os filmes da DC. Tudo isso envolto do sempre presente subtexto político da "Era Trump" como uma leitura crítica do que pode vir a ser os Estados Unidos (nunca do que foi, ou mesmo do que já é).

Maxwell Lord, o antagonista, é um capitalista do Petróleo, regido não pelo dinheiro, mas por um sentimento de busca por grandeza. O desejo e sua posição vilânica terminam se aproveitando da ambientação do filme.

Mulher-Maravilha 1984 se passa no período da Guerra Fria, com tensões entre EUA, União Soviética e alguns países do Oriente Médio. Um prato cheio para referências históricas e metáforas "atuais" para estampar a obra como política e pertinente para um mundo que talvez nem a enxergue tanto assim.

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''Mulher-Maravilha 1984' estreia nesta quinta (17) - WARNER/DIVULGAÇÃO

Com sua principal cena de ação sendo filmada quase toda no escuro (e catarse final se resumindo a diálogos motivacionais), o segundo longa-metragem da Mulher Maravilha deve ser recebido com estranheza por um público ávido por lutas e explosões. Para quem não liga muito para isso, fica o desejo de que as primeiras horas do filme nunca acabem.

Mas elas acabam, e no final de tudo, Mulher-Maravilha 1984 ainda continua sendo uma experiência interessante para ambos os públicos (com uma pequena ajudinha da trilha sonora de Hans Zimmer).

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