Segundo informações da Organização Mundial da Saúde divulgadas em 2020, o Brasil é o país com a maior taxa de indivíduos com transtornos de ansiedade - cerca de 9,3% da população. Apesar desse fato, ainda permanece o preconceito e desconhecimento a respeito das questões ligadas à saúde mental. Na contramão do silenciamento, um número crescente de pessoas têm utilizado suas experiências para quebrar tabus e tratar o tema com a naturalidade que deve ter. Foi o caso da escritora Tati Bernardi, cujo livro Depois a Louca Sou Eu, que aborda sua relação com a ansiedade, deu origem ao filme homônimo com estreia programada para esta quinta-feira (25).
Dirigido por Julia Rezende (De Pernas Para o Ar 3 e Meu Passado Me Condena), o longa-metragem é inspirado na obra literária, mas não é uma adaptação literal. No filme, a protagonista é Dani (Débora Falabella), uma jovem com sonhos de uma vida dentro dos padrões sociais, mas que sofre com os sintomas impostos pelas crises de pânico desde a infância.
A jornada de Dani, que passa por diversos tratamentos em busca de melhorias, da psicanálise à terapias alternativas, com dança, meditação e constelação familiar, deve soar familiar a muitos espectadores, seja por se sentirem como ela ou por conhecerem pessoas em situações similares. Este, inclusive, é um dos grandes méritos da obra, que aborda as questões de saúde mental sem estigmas.
Para compor sua personagem, Débora Falabella conta que, além do livro de Tati Bernardi, que ela já havia lido e adorado, usou como base várias referências, inclusive suas próprias memórias. A atriz sofre de ansiedade e relata já ter vivido alguns episódios de crise.
"Me identifico muito com algumas coisas que acontecem no livro e com a personagem. São situações comuns, que acontecem com muita gente e que ainda se tem muita vergonha de dizer. As pessoas não expõem essas fragilidades. A gente teve uma preparação grande, conhecemos alguns tipos de terapias usadas no tratamento de ansiedade, quais os efeitos desses remédios, o que eles causam no corpo. A gente foi atrás tanto dessas questões técnicas quanto de relatos das pessoas que passam por isso", contou Débora em entrevista ao JC.
PANDEMIA
Originalmente programado para estrear em abril de 2020, o longa foi adidado por conta do novo coronavírus. Diante do contexto - de acordo com pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 80% da população aumentou o nível de ansiedade durante a pandemia - questões abordadas pelo filme foram desdobradas na web série Diários de Uma Quarentena. Nos episódios, que têm mais de 7 milhões de visualizações no YouTube, as questões de Dani continuam sendo abordadas, agora isolada por conta da crise sanitária. A atriz conta que adoraria continuar atuando como Dani, seja em uma continuação ou em outros produtos, como uma série.
"A gente queria que a ideia do filme continuasse viva e imaginamos como seria essa personagem vivendo deste período, que é o que muita gente está passando. Ela já se isolava por conta das crises de ansiedade, então era uma personagem interessante de se explorar nesse momento. A gente fez de uma maneira despretensiosa e as pessoas se identificaram para caramba, comentavam. A gente ficou especulando como seria Dani trabalhando em casa, fazendo compras em meio a pandemia etc", enfatizou.
Esta não foi a única empreitada virtual da artista durante a quarentena: ela também protagonizou a web série Se Eu Estivesse Aí, do GShow, ao lado de Gustavo Vaz, que também atua em Depois a Louca Sou Eu.
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