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Entenda como deve funcionar a gestão de crise de Karol Conká após eliminação do BBB

A rapper foi eliminada do reality show com 99,17% dos votos, o maior índice de rejeição da história do programa

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Do jornal Correio para a Rede Nordeste

Publicado em 24/02/2021 às 16:42 | Atualizado em 24/02/2021 às 16:48
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Após um paredão no BBB, geralmente o eliminado sai da casa diretamente para o estúdio onde ocorre uma entrevista com o apresentador. Na saída de Karol Conká, ocorrida na noite desta terça-feira (23), este processo demorou mais tempo que o normal, com um intervalo longo entre a despedida da casa e o encontro com Tiago Leifert.

Após a espera, o público deparou-se com uma Conká muito diferente da "Mamacita", apresentando uma postura mais doce e calma do que a vista nas semanas de confinamento. Esta mudança súbita de atitude tem nome e sobrenome: gestão de crise.

Não é possível dizer se, de fato, alguém conversou com a rapper nos bastidores, ditando as palavras que deveriam ser ditas no primeiro contato com o mundo exterior. Apesar disso, o especialista em relações públicas, Rodrigo Almeida, afirma que a gestão de crise já ocorria naquele momento.

Essa tentativa de se humanizar foi vista também durante entrevista ao Mais Você, na manhã desta quarta-feira (24). Mas isso é apenas o começo. Afinal, o prejuízo de Karol Conká no BBB foi tão grande quanto a ansiedade por sua entrada.

"É tudo uma questão de expectativa versus realidade. Durante toda a carreira dela foi construída uma reputação com base na representatividade, na figura de uma mulher negra de opinião forte. Esperava-se que ela fosse mocinha, não vilã. Justamente por conta disso o baque foi maior", detalha o especialista.

Ainda durante o programa, alguns festivais cortaram a participação dela, fãs a abandonaram e a imagem dela passou a ser associada a tortura psicológica. Ela, que para o público deveria ser uma representante da pauta identitária, tornou-se a responsável pela opressão de um homem negro. Os prejuízos somados podem chegar a casa dos R$ 5 milhões, calculam alguns especialistas.

Saída da crise

A trajetória dela, que foi uma âncora puxando ainda mais para baixo a popularidade dela, pode tornar-se uma boia que a salvará do "afogamento". Na visão de Rodrigo Almeida, ela precisa mostrar para o público de onde veio, toda a sua trajetória que não pode ser apagada por conta de 4 semanas de reality.

Outro ponto que pode ser abordado é a cultura do cancelamento - termo dado ao processo de linchamento virtual causado por alguma atitude ou posicionamento divergente da opinião da maioria.

"Isso é algo que está em evidência e ela pode tornar-se uma bandeira pelo fim deste movimento que é extremamente prejudicial. Muitos artistas perdem sua espontaneidade por conta disso. Claro que, também, isso não inclui atitudes preconceituosas, que, sim, devem ser combatidas", pondera.

Agilidade e verdade

Algo é certo: não importa qual estratégia adotará Karol Conká, mas dois princípios devem ser seguidos, a agilidade e verdade. Ou seja, a resposta para o problema precisa ser rápida, mas honesta.

"Muitos diriam que agora o ideal seria ela se esconder, não dar entrevistas. Não é assim que funciona. O nome dela está em evidência, talvez seja o mais falado no Brasil hoje. Isso é algo ruim, mas também significa a oportunidade de se redimir. Tudo que ela falar será escutado e, se ela se portar bem, isso ajudará", afirma o especialista.

O ideal numa gestão de crise é que ela resolva o problema antes do grande público tomar conhecimento. No caso de Karol isso foi impossível porque o país inteiro assistiu, em tevê aberta, o problema surgir e não havia como entrar em contato com a artista para pedir uma mudança de postura.

"Porém, muito provavelmente, enquanto ela estava lá dentro, aqui fora a equipe dela estava traçando uma estratégia para recuperar sua imagem positiva que foi construída ao longo de anos de carreira. Por isso a mudança de postura dela foi tão rápida e assertiva", analisa Rodrigo.

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