Com cinco indicações ao Oscar, 'Bela Vingança' expõe a sordidez do machismo
Longa concorre em categorias como melhor Filme, Direção, Roteiro Adaptado e Atriz
Um dos principais concorrentes do Oscar, com cinco indicações, incluindo Melhor Filme, Bela Vingança é um dos filmes mais celebrados do último ano — e com razão. O longa dirigido e escrito por Emerald Fennell (que concorre a Melhor Direção) é sagaz e incisivo em sua crítica social, expondo a perversidade da cultura machista e da misoginia entranhada na sociedade.
O longa acompanha Cassie (Carey Mulligan, excelente no papel pelo qual está indicada ao Oscar de Melhor Atriz), uma jovem que trabalha como atendente em um café e, à noite, costuma ir a bares onde finge embriaguez. Aparentemente desacordada, ela costuma ser abordada por homens que oferecem ajuda e, diante da vulnerabilidade dela, a levam para suas casas e tentam abusar dela. Porém, são surpreendidos quando ela mostra estar no controle de suas faculdades físicas e mentais
Esse modus operandi tem origem no início de sua vida adulta: quando estava na universidade de medicina, ela acompanhou o sofrimento de sua melhor amiga que, estuprada por um colega, foi ridicularizada por todos e viu seu algoz sair impune das acusações, enquanto ela foi culpabilizada por ter “bebido demais”.
Após o suicídio da amiga, Cassie larga a faculdade e busca fazer justiça com as próprias mãos. A situação ganha novos contornos quando ela reencontra um colega de faculdade, com quem passa a se relacionar. Ela se lança então em um plano complexo para vingar sua amiga.
Bela Vingança tem uma trama ágil e complexa sobre como a estrutura social deslegitima o sofrimento das mulheres e torna suas vivências vulneráveis.
A direção segura de Emerald conduz o filme por momentos de acidez e tensão, capazes de suspender o fôlego do espectador, que deve permanecer com o incômodo provocado por ele para além dos créditos finais.