Música

Almério e Ney Matogrosso celebram Cazuza em nova versão de 'Brasil'

Canção faz parte do disco 'Tudo é Amor' e é lançada no domingo, 4 de abril

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Márcio Bastos

Publicado em 01/04/2021 às 19:37 | Atualizado em 06/11/2023 às 15:18
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Neste domingo, 4 de abril, dia em que Cazuza completaria 63 anos, Almério lança nas plataformas digitais sua versão de Brasil, uma das faixas mais emblemáticas do artista carioca. Ele divide os vocais com Ney Matogrosso, reforçando a contemporaneidade da poética do compositor, falecido em 1990. A canção faz parte do novo disco do pernambucano, intitulado Tudo É Amor, todo voltado para a obra de Cazuza, que será lançado em maio pela gravadora Biscoito Fino.

Almério lembra de estar em casa quando a empresária carioca Ione Costa, sua amiga, lhe telefonou e indagou se ele sabia cantar O Tempo Não Para. O cantor prontamente respondeu que não só sabia, como também mantinha uma relação estreita com o repertório de Cazuza, artista que ele ouvia desde criança e cuja obra interpretou com frequência quando cantava na noite de Caruaru.

"Ione me disse que estava montando uma nova empresa, a Parças do Bem, e que gostaria que eu gravasse um disco só com músicas de Cazuza. Foi uma grata surpresa para mim porque enxerguei como uma oportunidade de trazer a obra dele para a nova geração. Cazuza continua muito firme e atual e precisamos mexer com as águas e as marés das pessoas", explicou o cantor em entrevista por telefone, direto da Vila do Vitorino, no Agreste pernambucano, onde reside atualmente.

A escolha de Brasil, originalmente presente no álbum Ideologia (1988), como faixa de apresentação do novo álbum se deu pela carga política da composição, que explicita as contradições de um país recém-saído da ditadura militar e ainda reproduzindo injustiças históricas.

"Cantar Brasil neste contexto em que o país está em uma decadência gigantesca é hastear novamente nossa bandeira, mesmo que ela esteja em frangalhos. Eu sentia que precisava de uma grande voz para entoar esse discurso comigo, e Marcus Preto, produtor artístico do disco, sugeriu Ney Matogrosso, o que para mim foi uma honra, porque ele é a maior voz do Brasil, para mim. Ele é pura arte. Ney topou e trouxe toda a sua genialidade para a música. A gravação foi uma aula para mim. Ter dois artistas gays cantando essa canção neste momento de ódio e necropolítica é muito simbólico. Estou muito emocionado", reforça.

Musicalmente, a canção ganha novos contornos, se aproximando do Agreste pernambucano a partir da produção de Pupillo, diretor musical do álbum, que também adicionou elementos que dialogam com o manguebeat.

TUDO É AMOR

Além de Brasil, também será lançada em breve a versão de Amor Amor, composição de Cazuza, George Israel e Roberto Frejat. Sem dar muitos detalhes do álbum, Almério conta que, além de sucessos, ele também escolheu canções pouco conhecidas, como uma forma de apresentar ao público outras facetas da obra múltipla do cantor, compositor e poeta carioca.

"Não queria que o álbum soasse como um pastiche. Por isso, mergulhei na obra dele. Ouvia Cazuza o tempo todo, revirei a discografia. Como venho do teatro, o trabalho foi quase de ator, de pesquisa de personagem. Quando terminei o projeto, tive uma queda energética, tamanha a entrega. Mas, o resultado ficou lindo. Muita gente vai se surpreender com a escolha das músicas e vai tomar um susto quando descobrir que certas canções foram escritas por Cazuza (risos)", disse Almério.

Como parte do projeto Parças do Bem, Tudo É Amor terá parte de sua renda doada para projetos na comunidade de Entra Apulso, em Boa Viagem, Zona Sul do Recife.

 

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