Com Chris Pratt, 'A Guerra do Amanhã' tem muita ação e pouca personalidade
Longa-metragem é uma superprodução que diverte, mas se perde ao repetir estereótipos
Chris Pratt é, atualmente, um dos nomes mais requisitados de Hollywood quando o assunto são filmes de ação. Assim como os seus xarás (Hemsworth, o Thor; Evans, o Capitão América, e Pine, de Mulher-Maravilha e Star Trek), ele incorpora a imagem do galã que dominou o cinema desde os primórdios, mas que nos últimos anos (felizmente) vem sendo transformado pela maior diversidade nas telas. Esse papel fortemente alinhado aos ideias estadunidenses é retomado por ele em A Guerra do Amanhã, filme do Amazon Prime Video que entra hoje no catálogo do streaming.
No longa, Pratt interpreta Dan, um ex-militar que abandonou o combate para se dedicar à ciência, sua grande paixão. Bem casado e com uma filha pequena que quer seguir seus passos na carreira acadêmica, ele atua como professor em uma escola, mas sonha em poder aplicar seus talentos em pesquisas laboratoriais.
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No dia em que não consegue o emprego de seus sonhos, ele e toda a população recebem uma notícia que muda a dinâmica na Terra: durante uma partida de futebol do Brasil no Qatar, pessoas vindas de 30 anos no futuro informam que seres alienígenas dominaram o planeta e que é preciso que todos se empenhem no combate aos monstros.
Pessoas comuns começam a ser recrutadas para ir ao futuro e pouquíssimas voltam - e quando o fazem, estão, em geral, debilitadas e traumatizadas. Um dia, Dan é chamado e precisa deixar sua família. Antes de sua partida, ele tem ainda um encontro com seu pai (J.K. Simmons), com quem tem um relacionamento conturbado e por quem se sentiu abandonado.
Esse terreno dramático preenche todas as lacunas da construção do herói de ação que domina os blockbusters de Hollywood há décadas. Dan não quer repetir os erros do seu pai e fará de tudo para garantir um futuro para a sua filha. Honesto e de bom coração, ele é capaz de arriscar a própria vida não só pelos seus, mas também por desconhecidos.
Diante das criaturas, que lembram outras várias que permeiam o imaginário popular em torno de alienígenas e monstros, a exemplo dos demogorgons, de Stranger Things, é destemido e hábil com armas. É a personificação da imagem dos estadunidenses sobre si, cabendo a eles, sempre, salvar o mundo.
A direção de Chris McKay, dos ótimos filmes da franquia Lego, não tenta inovar: segue a cartilha dos filmes de ação, com cenas grandiosas, muitos efeitos especiais e vários personagens secundários descartáveis. Ao longo de pouco mais de duas horas, há uma corrida frenética pela sobrevivência, pontuada por momentos em que o protagonista precisa se confrontar com seus próprios medos para, assim, completar sua jornada do herói.
É um filme, em sua essência, conservador: é uma história sobre família e o papel dos homens nesta estrutura. Ainda que tente colocar uma personagem mulher forte (interpretada por Yvonne Strahovski), ela está ali unicamente com a missão de dar a motivação emocional para que o protagonista se complexifique.
A nível de entretenimento, A Guerra do Amanhã diverte, especialmente porque o filme reconhece que entreter é sua maior missão e não tenta se vender como outra coisa. É apenas uma combinação de tiros, bombas, sustos e alguma emoção.