Anfitrião, Mano Brown une ciência e entretenimento em podcast

Ter uma carreira consolidada, o nome cravado entre os mais respeitados da música brasileira e permanecer referência para todas as gerações do hip hop nacional. Tudo isso em apenas 51 anos de vida. O que mais poderia encher os olhos de Mano Brown? Bom, um dos quatro pilares dos Racionais MC's decidiu embarcar em proposta desenvolvida junto ao Spotify Brasil e se tornou apresentador do mais novo podcast da plataforma, Mano a Mano, que estreou quinta-feira (26), tendo Karol Conká como convidada. Já na sexta (27), o episódio figurava entre os mais ouvidos, aparecendo como uma das principais sugestões.

Em conversa virtual com a imprensa, realizada dois dias antes do debute e mediada por Adriana Ferreira Silva, Mano Brown destacou que o intuito do programa é unir entretenimento ao compartilhamento de informações, principalmente as historicamente negadas ao povo preto e periférico. Religião, cultura, sociedade e política estão entre os assuntos abordados, sempre de forma direta, sem meias palavras. Ao todo, serão 16 episódios, que entram no ar sempre às quintas-feiras. Vale destacar que as equipes envolvidas na produção são formadas majoritariamente por pessoas negras.

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"No começo da pandemia, vi as pessoas em dificuldade mental. Falei: 'vou estudar. É única maneira de eu não chapar com essa ansiedade e essa falta de perspectiva'. Fui ler, estudar coisas sobre teologia, arqueologia, filosofia, ciência e coisas relacionadas à África e à diáspora africana pelo mundo. Descobri coisas maravilhosas e em todas as reuniões com os amigos passei a falar muito disso. Aí, os caras disseram: 'pô, você deveria fazer um podcast para contar suas histórias, você é um contador de histórias nato'", relata ele, que teve incentivo do filho, Jorge, e da produtora Boggie Naipe, fundada em parceria com Eliane Dias, para levar a ideia adiante.

As conversas também terão muito da lógica de Brown como letrista, compositor, que está sempre interagindo com o universo ao seu redor, influenciando e sendo influenciado. Por isso, o nome escolhido, um trocadilho com o apelido que o consagrou e ainda uma alusão a um tipo de papo frente a frente. "A gente tem que usar todo o espaço [para] a filosofia e a ciência negra, tão banalizadas no Brasil. É preciso ter um estudo mais profundo a respeito", complementa.

SEM O HIP HOP, NADA

"Sem o hip hop eu não seria nada, o hip hop me salvou", respondeu Mano Brown ao ser perguntado como as décadas de experiência dentro dessa cultura podem contribuir para o formato de comunicação que abraça em Mano a Mano. "Eu renasci, tudo o que tenho veio do hip hop, inclusive o acesso ao podcast. Sem a popularidade de [ser o] Mano Brown e do que o Racionais me proporcionou, não teria como".

O rapper também se preparou para estar do outro lado do microfone lendo e assistindo entrevistas, para entender um pouco mais sobre, como ele mesmo diz, a ciência que é conseguir tirar do entrevistado a melhor informação. Thaíde, também rapper e apresentador de TV, foi citado como um exemplo de inspiração nesse sentido .

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Sobre o peso que carregam seus posicionamentos, Mano Brown afirma que sua maior necessidade é fazer o que o coração manda e deixar os outros à vontade, sem medo de perseguição. "Há temas que não tem como se acovardar e não falar. Não estou fechado a entendimentos novos, a gente está sempre aprendendo. As pessoas vão descobrir que eu sou o cara mais comum do mundo, a cara da massa, produto tipicamente brasileiro".

MAIS CONVIDADOS

Além de Karol Conká, que não exitou em falar sobre as polêmicas em torno de sua participação no Big Brother Brasil 21, outros convidados confirmados são o Pastor Henrique Vieira, o médico Dráuzio Varella, o técnico de futebol Vanderlei Luxemburgo e o vereador por São Paulo Fernando Holiday. Mano a Mano é uma realização do Spotify Brasil, em parceria com a MugShot e a Boogie Naipe.