LITERATURA

Nobel de Literatura 2021, Abdulrazak Gurnah terá quatro livros publicados pela Companhia das Letras

Obra do tanzaniano ainda é inédita no País. Grupo anunciou nesta quinta-feira o primeiro livro para 2022

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Bruno Vinicius

Publicado em 14/10/2021 às 11:24 | Atualizado em 14/10/2021 às 20:36
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Vencedor do Prêmio Nobel de Literatura 2021, o escritor tanzaniano Abdulrazak Gurnah nunca teve uma obra publicada no Brasil. Os leitores brasileiros, a partir de 2022, poderão conhecer quatro livros do premiado autor através da editora Companhia das Letras. O grupo fez anúncio, que já esperado pelos amantes da literatura, na manhã desta quinta-feira (14), nas suas redes sociais. O comunicado foi emitido com menos de uma semana do anúncio do principal prêmio da literatura mundial.

O escritor possui 10 obras publicadas. Entretanto, a Cia das Letras, anunciou que serão quatro livros publicados, por enquanto, pela casa gráfica: “Afterlives”, “Paradise”, “By the Sea” e “Desertion”. O primeiro a chegar às livrarias e e-commerce será o "Afterlives", justamente sua última publicação, lançada em 2020. O romance é ambientado no início do século 20, tendo como pano de fundo a Rebelião Maji Maji, uma revolta armada contra o domínio colonial alemão na região da África Oriental.

A característica da sua obra foi o motivo do prêmio, segundo a academia avaliadora. Ela aponta que a escrita de Gurnah é "empática e sem concessões dos efeitos do colonialismo e do destino dos refugiados presos entre culturas e continentes". O júri do Nobel diz que o autor tira as "descrições de estereótipos e abre o nosso olhar para um leste da África culturalmente diverso, que não é bem conhecido em muitas partes do mundo", completou na votação.

Não é por acaso que Abdulzarak Gurnah escreve sobre fluxos migratórios e impõe um olhar sem estereótipos para a África. Ele nasceu na Tanzânia em 1948, mas se refugiou no Reino Unido aos 18 anos por causa da perseguição aos muçulmanos no país africano. Na Europa, Gurnah fez carreira como professor acadêmico na Universidade de Kent, na qual lecionou Inglês e Literaturas Pós-coloniais.

Em entrevista à Fundação Nobel, o escritor afirmou que as pessoas precisam olhar diferente para a África e as questões de fluxos migratórios. ""Muitas dessas pessoas que vêm, vêm por necessidade, e também porque, francamente, têm algo a dar. Elas não chegam com as mãos vazias. Muitas pessoas talentosas e cheias de energia que têm algo a dar", frisou o autor.

Apesar de dedicar uma vida à academia - fazendo mestrado, doutorado e dando aula em universidades -, Abdulrazak Gurnah tem uma extensa carreira na literatura. Ele lançou 10 romances, sendo "Memory of Departure" o primeiro deles. Em 2006, ele entrou para Royal Society of Literature, o que seria equivalente à Academia de Letras da Grã-Bretanha. Gurnah também faz parte do júri do Prêmio Caine de Escrita Africana e do Booker Prize, sendo este último considerado o segundo maior prêmio da literatura mundial.

Quebra de sequência

Abdulrazak Gurnah quebra uma sequência dentro do Nobel de Literatura. A Academia Sueca, organizadora da premiação, prometeu que diversificaria os indicados das edições, já que os homens ocidentais têm predominado nos 120 anos de existência. Dos 118 vencedores do Nobel de Literatura, 95 são europeus, ou norte-americanos, sendo 80% do total. Além disso, foram premiados 102 homens e apenas 16 mulheres.

Gurnah é o primeiro africano a receber a premiação em 68 anos. Foi o período em que o nigeriano Wole Soyinka venceu, apesar da Nigéria ser uma grande potência para a literatura nas últimas décadas. Quanto às mulheres, a romancista polonesa Olga Tokarczuk e a americana Louise Gluck venceram em 2018 e 2020, respectivamente, após a pressão do movimento #MeToo.

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