O Nobel de Literatura será concedido este ano a dois autores, correspondentes aos contemplados de 2019 e 2018, depois que a atribuição do prêmio no ano passado foi adiada devido a um escândalo sexual.
O escândalo revelou os segredos que ocorriam no interior de uma instituição afetada por intrigas e corrupção.
A Academia Sueca, criada em 1786 e fundada no modelo da antiga Academia Francesa, teve que adiar por um ano o anúncio do Nobel de Literatura 2018, algo sem precedentes nos últimos 70 anos.
A instituição precisou lidar com as relevações de agressões sexuais de um francês, Jean-Claude Arnault, influente personalidade da cena cultural sueca e que recebia generosos subsídios da academia.
Ele foi condenado a dois anos e meio de prisão por estupro.
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Como todos os anos desde 1901, os prognósticos apontam para uma série de nomes, embora a academia guarde o segredo da votação de seus 18 membros até o último momento.
Confira cinco coisas sobre este prestigioso prêmio, entregue desde 1901 pela Academia Sueca.
O mais prestigioso
A Academia Sueca concede 16 prêmios, dos quais o mais prestigioso é o Nobel de Literatura.
Em seu testamento, o inventor Alfred Nobel confiou à instituição sueca a missão de recompensar a cada ano o "autor da obra literária mais transcendente de inspiração idealista". Entre quatro e cinco membros - de um total de 18 - são encarregados de compilar e debater as propostas de nomeação, antes de propor uma lista de nomes ao conjunto de acadêmicos.
A Fundação Nobel, que concede o prêmio, adicionou para 2019 e 2020 "cinco especialistas externos", principalmente críticos, editores e escritores.
As propostas são discutidas posteriormente pelo conjunto de membros da Academia, antes de submetê-las a uma votação por maioria absoluta.
350 propostas ao ano
Os arquivos da Academia Sueca lotam com mensagens dos principais nomes das letras e do setor editorial, reivindicando de forma mais ou menos sutil a atenção dos acadêmicos.
Anualmente, são enviadas 350 propostas por escrito de candidaturas procedentes de personalidades já premiadas, acadêmicos, organizações e outros profissionais do meio literário e linguístico, que destacam as vantagens de seu candidato, chegando inclusive a fazer uma oferenda aos acadêmicos - um gesto que costuma ser mal visto.
Para que sejam válidas, as candidaturas devem ser renovadas a cada ano e ser apresentadas antes de 1º de fevereiro. Os candidatos devem estar vivos e, a princípio, ter publicado no ano corrente.
Sete anos em branco e uma recusa
O Nobel de Literatura já foi atribuído para 114 contemplados, dos quais apenas 14 foram mulheres. Entre as premiações, houve quatro duplas. Foi rejeitado uma vez, em 1964, quando o filósofo francês Jean-Paul Sartre recusou a recompensa, algo que não estava previsto no testamento de Nobel. Assim, continua sendo considerado um contemplado, embora nunca tenha recebido o dinheiro do prêmio.
Anos antes, em 1958, Boris Pasternak foi forçado a rejeitar o prêmio por pressão do governo soviético.
Além disso, o Nobel de Literatura não foi concedido em sete ocasiões desde 1901, coincidindo principalmente com anos de guerra: em 1914, 1918, 1935, 1940, 1941, 1942 e 1943.
Literatura francesa no topo
Entre os países, a França está na liderança com 15 premiados, inclusive na primeira edição, que recompensou Sully Prudhomme. É seguida dos Estados Unidos e do Reino Unido, cada um com 12 prêmios. A língua de Molière, ao contrário, foi desbancada pela de Shakespeare, com 29 autores anglófonos premiados desde a criação do prêmio.
O caso Salman Rushdie
Os acadêmicos se abstiveram de se posicionar, em nome da "independência da literatura" sobre o caso Salman Rushdie em 1989 - quando o britânico, autor de "Os versos satânicos", foi ofendido por islamitas -, divididos entre quem queria lhe dar um verdadeiro apoio e os garantidores da neutralidade do cenáculo.
Três membros da Academia Sueca, indignados por seu silêncio, abandonaram suas poltronas, embora não tenham sido autorizados a se demitir.
Tiveram que passar três décadas para que a Academia denunciasse, em 2016, a fatwa contra o escritor.