CINEMA

"Duna" tem de tudo para ser a grande saga do cinema desta década

Filme de Denis Villeneuve é baseado em clássico da ficção científica, tem elenco estelar, efeitos especiais, questões contemporâneas e ganchos para continuidade

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Emannuel Bento

Publicado em 20/10/2021 às 20:19 | Atualizado em 22/10/2021 às 12:04
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Uma nova saga épica do cinema pode estar prestes a surgir com o lançamento de "Duna", filme dirigido por Denis Villeneuve, cineasta inspirado por Stanley Kubrick e responsável pelo aclamado "A Chegada" (2016) e por "Blade Runner 2049" (2017). "Prestes a surgir" porque a continuidade deve depender do sucesso dessa primeira parte. Contudo, o longa-metragem é bastante ambicioso para cumprir esse objetivo.

É possível listar uma série de características que o coloca ao lado de outras franquias de sucesso das telonas, como "O Senhor dos Anéis" ou "Harry Potter". Para começar, o roteiro coescrito pelo diretor, Jon Spaihts e Eric Rot foi baseado no livro homônimo de Frank Herbert, lançado em 1965 e considerado um dos pilares da ficção científica — a obra já ganhou adaptação para as telonas com o pouco lembrado filme de David Lynch, de 1984. Herbert escreveu cinco continuações para "Duna", sendo a última publicada em 1985.

A produção conta com efeitos especiais imponentes, supervisionados por profissionais que já trabalharam com Villeneuve em "Blad Runner" (Paul Lambert e Gerd Nefzer). Impressionam as naves monumentais e as paisagens majestosas dos planetas que ambientam a trama. Outro ponto é a formação do elenco, com atores queridinhos do público juvenil: Timothée Chalamet (Me Chame Pelo Seu Nome) interpreta o protagonista Paul Atreides, enquanto Zendaya (Homem-Aranha: Longe de Casa, Euphoria) vive Chani. O público também deve reconhecer os rostos de nomes da franquia Star Wars (Oscar Isaac e Sharon Duncan-Brewster) e dos filmes do Universo Marvel e DC Comics (Jason Momoa, Rebecca Ferguson, Oscar Josh Brolin, Stellan Skarsgård).

Enredo

Duna se passa no ano de 10191. A humanidade se espalhou por planetas do universo, mas regrediu politicamente para um regime feudal. A trama principal gira em torno do duelo político de três famílias nobres que governam conjuntos de planetas: os Atreides (da qual o protagonista é herdeiro), Harkonnen e Corrino. Nessa disputa, existe um destaque para um planeta chamado Arrakis, que é completamente deserto, mas o único que produz um recurso muito valioso, essencial para o funcionamento das naves espaciais e capaz de prolongar a vida.

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Zendaya em Duna - WARNER/DIVULGAÇÃO
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Rebecca Ferguson e Timothée Chalamet em Duna - WARNER/DIVULGAÇÃO
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Oscar Isaac em Duna - WARNER/DIVULGAÇÃO
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Sharon Duncan-Brewster em Duna - WARNER/DIVULGAÇÃO
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Cena de Duna - WARNER/DIVULGAÇÃO
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Sharon Duncan-Brewster em Duna - WARNER/DIVULGAÇÃO
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Cena de Duna - WARNER/DIVULGAÇÃO
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Oscar Isaac e Rebecca Ferguson em Duna - WARNER/DIVULGAÇÃO

A casa de Harkonnen, então, convida os Atreides para administrar o planeta, jogando o protagonista em um mundo desconhecido, castigado pela seca (sendo a água a principal moeda) e dominado pelo fanatismo religioso. A sua população miserável, os fremen, espera eternamente a chegada do Messias que poderá guiar o mundo para a glória. E, como já é esperado nos filmes desse gênero, o heroico e bondoso protagonista tem tudo para ser o predestinado.

Menos tecnologia, mais política

Duna é uma história repleta de camadas, detalhes e influenciada por outras histórias ainda não contadas — assim como é o livro de 1965. Talvez para conseguir abarcar essa complexidade e ser fiel à obra de Frank Herbert, o longa é demasiadamente longo. Ainda sobre a "fidelidade", a adaptação pode não agradar os fãs mais fiéis que esperavam uma produção mais obscura, já que a perspectiva de Denis Villeneuve trouxe um filme mais "pop".

O diretor teve a árdua tarefa de tornar todo esse universo mais palatável. Fica claro que o seu objetivo é atingir desde o público pré-adolescente. Mas, ainda assim, a complexidade não é deixada de lado e o filme pode soar confuso para pessoas menos interessadas em mergulhar nessa galáxia.

Uma característica interessante é que, apesar do gênero ficção científica, não existe tanto destaque para tecnologias, robôs ou computadores. O universo de "Duna" tem um aspecto feudal, com tecnologias beirando o analógico. Isso faz com que a trama seja essencialmente política, trazendo ainda à tona questões sociais e religiosas. Outro elemento original está na parte da ação: a existência de escudos invisíveis que protegem o corpo de armas de longa distância faz com que todos os combates sejam realizados corpo a corpo com armas brancas.

Apesar de relativamente confuso, "Duna" é interessante quando consideramos que os jovens podem ser estimulados a desvendar essas arquiteturas dos poderes ou até, quem sabe, ler o clássico de 1965. O filme não parece ser um daqueles "fenômenos à primeira vista", que instantaneamente viram tendências e marcam gerações, mas sim um produto que utiliza das possibilidades dos dias atuais para tentar emplacar uma nova sensação. Dando certo ou não, vale a pena assistir.

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