DESPEDIDA

Morre o cineasta Geraldo Pinho, programador do Cinema São Luiz que fez história na cultura pernambucana

Uma figura presente na cultura pernambucana, Geraldo foi gerente e programador do Cinema São Luiz, nosso principal cinema de rua

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Bruno Vinicius, Emannuel Bento

Publicado em 09/11/2021 às 11:25 | Atualizado em 09/11/2021 às 19:24
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Um dos nomes reconhecidos dentro do cinema pernambucano, o cineasta e fotógrafo Geraldo Pinho faleceu na manhã desta terça-feira (9), aos 70 anos. A informação foi confirmada pelo repórter Augusto Tenório, do Blog do Jamildo, afirmando que Pinho morreu dormindo - ainda sem causa confirmada.

Uma figura presente na cultura pernambucana, Geraldo foi gerente e programador do Cinema São Luiz, nosso principal cinema de rua, localizado na Aurora, Centro do Recife. Segundo a Secretaria de Cultura de Pernambuco (Secult-PE), ele estava presente no equipamento público desde 2009, quando houve a reinauguração. Antes disso, Geraldo Pinho havia sido gestor do Museu da Imagem e do Som de Pernambuco (Mispe), também ligado à Secult-PE/Fundarpe, e do cinema do Teatro do Parque, a partir de 1993.

Em nota, Marcelo Canuto, presidente da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), ressaltou a importância de Pinho para o funcionamento do São Luiz. "Ele sempre foi nossa referência, entendia muito da parte técnica de como operar um cinema, além de ser um profundo conhecedor da produção audiovisual do Brasil e ser um importante interlocutor de quem fazia parte da cadeia produtiva do cinema. Lamento demais sua morte e expresso meu pesar aos familiares. Sou muito grato pelo tempo que ele dedicou, não só ao cinema como à cultura pernambucana."

HANS V. MANTEUFFEL
Geraldo Pinho no Cineteatro do Parque, em 1999, para reportagem de Luiz Joaquim no Caderno C do Jornal do Commercio - HANS V. MANTEUFFEL

"Geraldo Pinho foi um incansável trabalhador da gestão pública da área de Cultura do Estado e o sucesso de público no São Luiz mostra sua dedicação e esforço para sempre dar a melhor programação que o cinema poderia exibir. Desejo todo conforto aos familiares", disse o secretário Estadual de Cultura, Gilberto Freyre Neto. A poeta e vereadora Cida Pedrosa, o senador Humberto Costa, a vice-governadora Luciana Santos estão entre os nomes que também lamentaram a ida do cineasta.

Homenagens

O professor e pesquisador da UFPE Paulo Cunha prestou uma homenagem a Geraldo nas redes sociais. "Geraldo Pinho, que amou o cinema como poucos, partiu hoje bem cedo. Ele fez muito (e fez muito para muita gente) programando os filmes do Parque e do São Luiz. Há um mês, me deu uma ajuda incrível na pesquisa que estou concluindo. Estava tranquilo e firme como sempre… Que siga luminoso na nossa memória", comentou.

"A partida de meu amigo Geraldo Pinho. Não estou acreditando", publicou o jornalista, crítico e professor da Uniaeso Luiz Joaquim. "Um ídolo para mim, sempre com o entusiasmo de um menino cuja 1ª devoção era o cinema. Um "cinemêro", como se dizia. Geraldo, cadê você nos recebendo numa sala de cinema, com seu vozeirão doce e carinhoso".

O cineasta e jornalista Kleber Mendonça Filho, diretor de sucessos como "Bacurau", chamou Pinho de "herói da cultura". "A notícia é devastadora para o audiovisual pernambucano. Geraldo tem importância gigante para o Cinema em Pernambuco. Ele programava filmes, lutava pelo acesso democrático às imagens de todo o mundo e do Cinema de Pernambuco. Eu aprendi com ele o que significa "formar público" ao ser eu mesmo parte de um público formado por ele e de ele sempre responder generosamente minhas perguntas sobre “como funciona”, perguntas feitas desde os anos 90 no Cinema do Parque e no Cinema São Luiz."

O jornalista especializado em cinema André Dib relembrou momentos com o programador. "Nos encontrávamos na frente do São Luiz, e antes, no Parque, lugares que ele não classificava como cinemas de rua, mas de calçada. Tivemos longas conversas ali, no centro do Recife. Era o ambiente dele, onde estava à vontade, atravessado e misturado pela cidade. Geraldo sempre teve como foco a formação de público. Ele queria que os trabalhadores e as juventudes de todas as classes ocupassem os cinemas, e conseguiu. Profissional generoso, aberto e tranquilo, atento, sagaz. Foi-se um mestre, um amigo."

 

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