MÚSICA

The Voice Brasil: Carreiras de pernambucanos foram impactadas pela competição

Em 10 anos de edições, programa da TV Globo já recebeu pernambucanos de diversos municípios, estilos e timbres; relembre

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Emannuel Bento

Publicado em 29/01/2022 às 14:45 | Atualizado em 29/01/2022 às 15:20
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A segunda temporada do "The Voice +", versão dedicada aos candidatos com mais de 60 anos, começa neste domingo (30), às 14h15, na TV Globo. Com apresentação de André Marques, os talentos vão tentar surpreender os técnicos Fafá de Belém, Toni Garrido, Ludmilla e Carlinhos Brown nas "Audições às Cegas", primeira etapa da disputa. No ano passado, um artista do Recife se destacou na estreia desse formato: Geraldo Maia, que chegou à final.

Desde que a competição de canto passou a ser exibida pela emissora, em 2012, muitos pernambucanos mostraram seus talentos. O JC entrevistou alguns deles para mostrar como o "The Voice" impactou as suas carreiras e também como andam suas trajetórias na atualidade.

Geraldo Maia, por exemplo, conseguiu ser conhecido para além das fronteiras de Pernambuco, onde já tinha uma carreira musical de décadas. "Eu comecei a ser visto e ouvido por pessoas que nunca teriam contato comigo, com o meu trabalho, se não fosse por essa fresta que se abriu", reflete.

O cantor ressalta, no entanto, que a edição acabou quando a vacinação ainda estava começando no país. "Isso foi muito negativo para mim e para todos os demais participantes. Acabamos não tendo os frutos que poderíamos ter colhido se estivéssemos numa situação normal", lamenta Maia, que fez algumas lives e conseguiu trabalhos no período de retomada. "Para 2022, pretendo fazer um disco autoral com o pianista Zé Manoel. Gravei duas músicas recentemente com ele no Estúdio Carranca", adianta, sobre a carreira.

THE VOICE BRASIL/TV Globo
TV Hercinho Gouveia cantou no The Voice e recebeu elogio de Carlinhos Brown - THE VOICE BRASIL/TV Globo

Em 2012, Hercinho Gouveia não foi apenas o primeiro pernambucano, mas como o primeiro cantor a aparecer quando o piloto foi ao ar. Ele cantou "Oh! Chuva", da banda Planta e Raiz. Nenhum jurado virou a cadeira, mas foi o suficiente para que ele vivesse o seu momento de fama. "Foi surreal, ainda mais para mim, que sou de Garanhuns, sair do estado, ir para o Rio e ter uma visibilidade nacional."

No mesmo ano, Ivete Sangalo chegou a convidá-lo para cantar durante um show no Recife. "Apesar de tudo isso, não tive um direcionamento, alguém que me ajudasse na produção. Segui depois dando os meus próprios passos. Você precisa aproveitar aquele ganho e surfar na onda. Hoje em dia quem me reconhece, acho massa, porque já faz 10 anos", diz o cantor, que lançará em breve o single "Alquimia", com sonoridade experimental e regional.

Na segunda temporada, foi a vez de Bruna Borges, de São Vicente Ferrer, e do recifense Rafael Furtado. Ele conquistou os jurados com o clássico "Don't Look Back in Anger", do Oasis. "Eu já tocava na noite do Recife e tinha uma carreira caminhando. Essa repercussão me deu mais visibilidade, contratantes, seguidores. Acho que a maior realização é a própria participação no programa, cantar com cantores que você só vê pela TV", diz Furtado, que continua como vocalista da banda de rock Papaninfa.

JOÃO COTTA/TV GLOBO
THE VOICE Recifense Rafael Furtado na segunda temporada do The Voice - JOÃO COTTA/TV GLOBO

Foi só na quarta temporada que um recifense chegou até a final: Ayrton Montarroyos, que na época tinha 20 anos e integrou o time de Lulu Santos. "O impacto foi muito imediato, depois você descobre que aquilo é muito virtual, não é uma coisa muito sua. É diferente de um artista que faz sucesso porque as pessoas estão cantando as músicas dele. A gente fica sendo visto um pouco como celebridade", opina Ayrton. "Se fosse hoje, eu aproveitaria mais da fase, porque tenho mais experiência em lidar com pessoas, com a carga. Parece pouco, mas já são sete anos", continua o jovem.

Em 2021, Montarroyos foi selecionado por um edital de fomento à cultura de São Paulo. Realizou uma série de lives para falar sobre artistas e compositores. O projeto resultou quatro álbuns para revisitar repertórios de Ivone Lara, Lupicínio Rodrigues, Caetano Veloso e Tom Jobim. "Para 2022, está tudo muito incerto. É uma situação complicada. Tenho um acordo com a Biscoito Fino para lançar um disco esse ano, mas ainda não me sinto pronto."

 

ISABELA PINHEIRO/TV GLOBO
TV Ayrton Montarroyos no The Voice Brasil - ISABELA PINHEIRO/TV GLOBO

 

Bella Schneider (quarta temporada), Luan Douglas (quinta), Letícia Bastos (sexta), Nanara Bello (nona) são alguns outros exemplos. Na sétima temporada, Erica Natuza chegou à final e cantou "Anunciação", de Alceu Valença. O estado mostrou de diversas formas a sua diversidade. Na 9ª temporada, Diva Menner brilhou como primeira mulher trans da atração e chegou até à semi-final.

A décima temporada, a mais recente na memória do público, teve um quarteto de conterrâneos: Dayse Rosa (Caruaru), Belle Britto (Tracunhaém), Belle Ayres (Recife) e Carlos Filho (Serra Talhada), que foi desclassificado na semifinal após ter contraído a gripe H3N2.

"Não estava nos meus planos participar, mas sem dúvidas foi algo que me fortaleceu. Também foi uma questão de me entender como cantor, qual tipo de voz quero ter, a quem quero representar e quais valores quero me opor. E apesar do programa ter terminado, eu sigo nessa missão, algo que está forte dentro de mim", diz Carlos. "Sobre a minha saída repentina, as pessoas ficaram chateadas mas confesso que senti uma paz incrível. Tudo o que eu tinha que fazer eu fiz da forma mais correta. Fiquei muito feliz por Julian ter ganhado."

REPRODUÇÃO
Carlos Filho e Belle Ayres no 'The Voice Brasil' - REPRODUÇÃO

Naturalmente, a agenda pós-programa de Filho foi afetada pela pandemia. "Eu adiei a turnê e hoje vejo que foi prudente ter aceitado alguns pareceres. Comecei a trabalhar no meu primeiro disco solo, gravei demos e estou lançando o primeiro single dentro de algumas semanas. Estou com uma série no YouTube chamada 'O Que Voz é Essa?'. Ela tem recebido propostas para serem apresentadas em outros veículos para trabalhar como apresentador, mas estou avaliando", compartilha Carlos, que também continua no grupo Estesia e no Baile do Menino Deus.

Já Belle Ayres diz que fez "muito network". "O meu impacto foi de chegar até a algumas pessoas que eu não teria chegado se não tivesse uma visibilidade nacional. Conversar e ter acesso a pessoas que eu não teria. Mais pessoas acompanham as redes. A realização maior é ter esse espaço na TV, pra tanta gente, pras pessoas conhecerem", comenta a cantora. "Já antes do programa eu havia lançado o single 'Ela Sou Eu' e em breve estarei lançando outro. Eu estou sempre postando novidades nas redes sociais', finaliza.

No formato "Kids", a atração já recebeu Bella Maria, Paulinho Arretado, Pedro Lucas, Guilherme Simões, Ana Clara Rodrigues, Andréa Vitória e Letícia Santos.

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