Orquestra Popular da Bomba do Hemetério celebra 20 anos como resultado da transformação social pela cultura
No Dia do Frevo, show inédito do grupo será transmitido no YouTube diretamente do Paço do Frevo
Há 20 anos, uma iniciativa de transformação social pela arte nasceu na Bomba do Hemetério, bairro da periferia da Zona Norte que é um celeiro de manifestações culturais. A Orquestra Popular da Bomba do Hemetério foi resultado de um amadurecimento do Escola de Música da Bomba do Hemetério, ambos capitaneados por Maestro Forró, nascido e criado por lá. Atravessando duas décadas com formação quase intacta, o projeto celebrará essa marca nesta quarta-feira (9), quando também será comemorado o Dia do Frevo, a partir das 19h.
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Um show inédito será transmitido pelo canal do YouTube do Paço do Frevo, que também está completando oito anos de inaugurado com uma programação que irá durar todo o mês de fevereiro. Uma comemoração tripla. A apresentação será posteriormente disponibilizada no Youtube do Maestro Forró.
O show especial irá trazer um grande mix do repertório da Orquestra Popular, com músicas de álbuns como "Jorrando Cultura" e "#CabeçaNoMundo", que ganhou o Prêmio da Música Brasileira em 2013, um dos grandes feitos do projeto, além das participações em eventos como Festival del Caribe, em Santiago, o Brazilian Day, entre outros.
Integram o repertório da live-show canções como "Frevando em Bomba do Hemetério", "Luanda d’Agora” e "Tô Doidão", além do lançamento "Pra Tirar Coco”, uma releitura do cearense Messias Holanda. A live contará com participações especiais do compositor Getúlio Cavalcanti, Caniball e o professor e passista Ferreirinha.
"A gente está super feliz e agradecido ao universo por essa trajetória. Chegamos em alguns lugares esperados, mas outros foram uma surpresa, como o Prêmio da Música Brasileira e as viagens por parte do mundo. Somos 27 pessoas e viajamos o Brasil praticamente todo", diz Maestro Forró, em entrevista ao JC. Ele antecipa que a Orquestra realizará outros eventos para comemorar durante o ano.
"Em 2002, o frevo estava virando uma peça de museu, intocável. A orquestra surgiu como resultado de um trabalho de pesquisa, manutenção, releitura e interação, que é a parte que eu mais gosto. Mixar, liquidificar sons. Partimos do princípio que somos filhos de um só universo", reflete o músico.
Forró acredita que a Orquestra Popular acabou movimentando até mesmo o âmbito mercadológica do frevo. "Isso foi muito positivo, mexer em estruturas, mas sempre com base na educação, na autoformação. A gente começou fazendo laboratórios, porém estudando muito o que iríamos fazer depois. Com muito amor, disciplina e estudo."
A própria figura do Maestro Forró, nome artístico de Francisco Amancio da Silva, trouxe novos ares ao frevo. Ainda morando na Bomba do Hemetério, o artista sempre estudou na rede pública de ensino e foi na escola que deu os primeiros passos musicais. No palco, traz vestimentas e performances mais populares, tirando o ritmo de uma redoma formal.
"O próprio personagem é uma mistura de vários aspectos do cotidiano humano. É soldado, advogado, cachorro, jornalista. Ainda assim, o Maestro Forró nasceu influenciado pela linguagem acadêmica. Todos os dias eu estudo essa parte, que é somada à alegria e espontaneidade", conta.
Escola de Música
A Escola de Música da Bomba do Hemetério ainda existe, com cursos de três meses, seis meses e um ano de duração para diferentes faixas etárias - as abordagens variam de acordo com as idades. As turmas são formadas anualmente. Mais informações via e-mail contatoecombh@gmail.com e no Instagram do projeto (@ecom_bh).