'Envolver': Com ajuda do TikTok, Anitta finalmente emplaca seu hit solo e orgânico
Em momento crucial, reggaeton marca a melhor posição da cantora no ranking internacional do Spotify e reforça que música precisa cair no gosto das pessoas de forma natural
Após inúmeras tentativas para ganhar destaque nas paradas internacionais, Anitta parece finalmente estar vivenciando o seu primeiro hit solo global. "Envolver", lançada ainda em novembro de 2021, vem apresentando um crescimento expressivo no ranking mundial do Spotify, chegando à 17ª posição, muito por conta da ajuda de uma ferramenta que já é indispensável na música pop: o TikTok.
No "challenge", os usuários fazem uma coreografia marcada por um rebolado no chão. A divulgação dos passos foram reforçados num clipe sensual, dirigido pela própria Anitta. O curioso é que a tendência tem crescido organicamente no exterior com vídeos que vão desde alunos de uma escola colombiana até uma vendedora de roupa íntima do México.
@anitta E aí? Qual o melhor? #envolver ? Envolver - Anitta
"Envolver" alcançou a melhor posição de um brasileiro no ranking do Spotify, superando "Vai Malandra", que chegou ao 18º lugar - é preciso ressaltar que, na época, o maior impulsionador ainda era o Brasil. O novo hit chega num momento importante nessa empreitada internacional de Anitta. Há meses os fãs pedem uma data para o lançamento do álbum "Girl From Rio", grande aposta após sua mudança para os Estados Unidos.
O que se sabe é que faltava uma finalização e também um "ok" da alta cúpula da Warner, sua gravadora. "Envolver" parece ser o empurrão que estava faltando. Na quinta-feira (17/03), a cantora confirmou o lançamento do álbum para um pouco antes do seu show no festival Coachella, na Califórnia, realizado entre 15 e 24 de abril.
Em live realizada no Instagram, Anitta reconheceu a importância de ter um sucesso solo. De inicio, queriam que ela lançasse com uma parceria masculina. "Quando eu fiz essa música eu queria lançá-la sozinha e um monte de gente ficou falando que não, que eu não tinha força suficiente para entrar nos charts sem a ajuda de um feat. homem…Eu falei 'não preciso de homem para c*ralho nenhum'".
Sucesso precisa ter organicidade
Anitta iniciou seus flertes internacionais por volta de 2015, colaborando com Maluma ("Sim ou Não"), J Balvin (remix de "Ginza") e Iggy Azalea ("Switch"”). Mas a investida começou mesmo no projeto "CheckMate", que trouxe um single por mês, com destaque para "Downtown", parceria com J Balvin que marcou a primeira entrada de uma brasileira no Top 50 do Spotify Global.
Após o fiasco do audacioso "Kisses", álbum visual em três línguas, Anitta então passou a apostar em parcerias e singles esporádicos. Muitas dessas músicas sequer chegaram a ser conhecidas de fato no Brasil. Por outro lado, sempre existiu uma pressão para que a coisa finalmente decolasse. É como se, pelo crescimento meteórico, acompanhado de perto pelos brasileiros, todos fossem capazes de opinar — e julgar — os seus passos.
Mas Anitta sempre soube que estava indo aos poucos, pelas beiradas, tornando-se uma figura conhecida aos poucos.
@lenceria_angy Quien ya lo hizo? #envolver #mujeres #chichas #girl ? Envolver - Anitta
"Envolver" parecia ser um desses singles esporádicos para pulverizar seu nome em playlists, mas a canção está conseguindo ser um trunfo por alguns motivos: Anitta já não é mais uma anônima na América Latina e a faixa é um reggaeton bastante comum, mas que cumpre o seu papel em ser chiclete. A cereja do bolo, é claro, foi a dança no TikTok.
O curioso é que "Envolver" tirou os holofotes da sua mais recente aposta, "Boys Don't Cry", um single voltado para o mercado dos EUA ao misturar tendências como o rock teen de Olivia Rodrigo e o pop nostálgico de The Weeknd. É um tipo de música que, apesar da boa produção, carece de uma certa autenticidade por parte de Anitta.
Eis que "Envolver" parece ter conseguido despertar essa organicidade que todo hit mundial necessita. Mesmo que tudo seja milimetricamente pensado, como a própria cantora gosta de fazer parecer quase sempre, a música precisa, antes de tudo, cair no gosto das pessoas naturalmente. Da mesma forma como "Show das Poderosas" caiu, naquele longínquo ano de 2013.