MEMÓRIA

Antiga casa de Gilberto Freyre é reaberta ao público após restauro. Saiba como visitar

Casa-Museu Magdalena e Gilberto Freyre, na Zona Norte do Recife, teve melhoria da estrutura física e nova catalogação que expandiu conhecimento sobre o acervo

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Emannuel Bento

Publicado em 18/05/2022 às 15:58 | Atualizado em 18/05/2022 às 16:25
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A casa em que o sociólogo Gilberto Freyre (1900-1987) viveu por mais de quatro décadas, em Apipucos, Zona Norte do Recife, está sendo reaberta ao público após um processo de restauro financiado num convênio entre a Fundação Gilberto Freyre com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A reabertura ocorre nesta quarta-feira (18).

A Casa-Museu Magdalena e Gilberto Freyre fica aberta ao público de segunda a sexta-feira, com quatro visitas guiadas diárias: às 13h, às 14h, às 15h e às 16h. Os ingressos custam R$ 15 e R$ 7,50 (meia-entrada). Para grupos com mais de 10 pessoas, o agendamento pode ser feito em horários específicos - com ingresso por R$ 20 e agendamento pelo (81) 3441-1733.

O que mudou no restauro

BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM
Reabertura da Casa Museu Magdalena e Gilberto Freyre. após dois anos fechado para reforma e restauração das obras, o museu reabre ao público no próximo dia 18 de maio de 2022. - BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM
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Reabertura da Casa Museu Magdalena e Gilberto Freyre. após dois anos fechado para reforma e restauração das obras, o museu reabre ao público no próximo dia 18 de maio de 2022. - BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM
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Reabertura da Casa Museu Magdalena e Gilberto Freyre. após dois anos fechado para reforma e restauração das obras, o museu reabre ao público no próximo dia 18 de maio de 2022. - BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM
KEILA CASTRO/Divulgação
Casa-Museu Magdalena e Gilberto Freyre - KEILA CASTRO/Divulgação

O terreno abriga a Casa-Museu Magdalena e Gilberto Freyre, o Sítio Ecológico, o Memorial Gilberto Freyre, o Laboratório de Restauro e o Espaço Cultural. Todos esses espaços passaram por intervenções, como revisão das cobertas, da rede elétrica e de revestimentos, tratados por meio de técnicas apropriadas às características construtivas do prédio histórico.

A pintura das áreas internas foi finalizada e a da área externa ainda será concluída. No Sítio Ecológico, houve a melhoria da acessibilidade com a instalação de rampas e um projeto de iluminação que viabiliza a realização de visitas no horário noturno, além do manejo de espécies de plantas nativas.

"O diferencial desse restauro é que pela primeira vez pudemos realizar, ao mesmo tempo, melhorias no conjunto arquitetônico e também nos acervos", explica Jamille Barbosa, gerente editorial e de acervos da FGF.

BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM
CASA DE GILBERTO FREYRE Fernando Freyre Filho, Presidente da Fundação Gilberto Freyre. - BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM
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CASA DE GILBERTO FREYRE Restauradora Suzana Omena, Jamille Barbosa, Romero Paes, do BNDS, e Fernando Freyre Filho - BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM
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CASA DE GILBERTO FREYRE Jamille Barbosa, gerente editorial e de acervos de FGF - BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM

"Antes fazíamos apenas a restauração de objetos, mas eles continuavam dentro de ambientes que poderiam causar danos com o tempo. Assim, sanamos problemas arquitetônicos, impedindo a formação de umidade, ao mesmo tempo em que restauramos objeto".

Fernando Freyre Filho, neto de Gilberto Freyre, aponta que o recente restauro tem uma “importância histórica e de preservação da memória da nossa civilização e da nossa cultura”.

"Preservar um patrimônio é manter viva uma espécie de coletânea de informações que retratam uma etapa da formação do povo pernambucano, do povo brasileiro, sendo Freyre um escritor que contribuiu para a formação da nossa identidade".

História e acervo ampliado

BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM
Reabertura da Casa Museu Magdalena e Gilberto Freyre. após dois anos fechado para reforma e restauração das obras, o museu reabre ao público no próximo dia 18 de maio de 2022. - BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM
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Reabertura da Casa Museu Magdalena e Gilberto Freyre. após dois anos fechado para reforma e restauração das obras, o museu reabre ao público no próximo dia 18 de maio de 2022. - BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM
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Reabertura da Casa Museu Magdalena e Gilberto Freyre. após dois anos fechado para reforma e restauração das obras, o museu reabre ao público no próximo dia 18 de maio de 2022. - BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM
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Reabertura da Casa Museu Magdalena e Gilberto Freyre. após dois anos fechado para reforma e restauração das obras, o museu reabre ao público no próximo dia 18 de maio de 2022. - BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM

O autor de clássicos como "Casa Grande e Senzala" (1933) e "Sobrados e Mocamos" (1936) começou a morar neste local nos anos 1942, após seu casamento, e viveu por lá até a sua morte, em 1987 - ano em que a Fundação Gilberto Freyre foi criada.

Não por acaso a casa fica ao lado de um campus da Fundação Joaquim Nabuco, instituição fundada pelo sociólogo quando foi deputado federal por Pernambuco.

O espaço recebeu muitas visitas ilustres, sendo palco de discussões que decidiram o rumo político, cultural e social do Estado e do País. Mas o que interessa mesmo ao visitante é o que foi deixado pelo escritor e sua esposa.

O acervo da casa-museu conta com mobiliário, peças de arte, quadros, imagens sacras católicas e africanas, azulejos portugueses, porcelanas, pratarias, vestuário, além um vasto acervo bibliográfico e de uma rica pinacoteca.

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Reabertura da Casa Museu Magdalena e Gilberto Freyre. após dois anos fechado para reforma e restauração das obras, o museu reabre ao público no próximo dia 18 de maio de 2022. - BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM
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Reabertura da Casa Museu Magdalena e Gilberto Freyre. após dois anos fechado para reforma e restauração das obras, o museu reabre ao público no próximo dia 18 de maio de 2022. - BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM
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Reabertura da Casa Museu Magdalena e Gilberto Freyre. após dois anos fechado para reforma e restauração das obras, o museu reabre ao público no próximo dia 18 de maio de 2022. - BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM

Antes desse processo de restauro e conservação, o museu contabilizava 2 mil peças. Após uma nova fase de registro, o número dobrou, chegando a quase 5 mil peças.

"Dessa vez conseguimos registrar painéis de azulejos, que antes eram obras integradas, conjunto de lustres, e algumas peças que eram consideradas em conjunto, como mesas, conjunto de louças e faqueiros”, diz Jamille.

"O que é bastante curioso é que a casa dialoga continuamente com o autor, com a obra do autor, e com as pessoas que o casal conviveu. A casa tem obras de Cícero Dias, que foi um grande amigo de Freyre, Lula Cardoso Ayres e Vicente do Rego Monteiro", continua a gerente editorial.

"A medida que o visitante vai acompanhando a visita guiada, conhece alguns objetos que têm relação com os livros de Gilberto, pois foram obras que ele colheu em pesquisas de campo. Uma cadeira como a do Barão de Suassuna, citado em 'Assombrações do Recife Velho' (1955), não é uma simples cadeira. Isso é destacado na visita."

Ações para atrair o público

Nos últimos anos, muitos museus têm repensado seus papéis na sociedade e procurado atrair novos públicos com diversas ferramentas. Fernando Freyre explica que a FGF tem feito um trabalho nas redes sociais, a fim de atrair a comunidade que se interessa pelo universo museológico.

Além disso, programações culturais mensais serão realizadas. "A partir de junho estamos iniciando um trabalho de um final de semana por mês com diferentes atrações para a população pernambucana. Devemos ter uma feira literária Na Foz, que é realizada por parceiros nossos no fomento do artesanato com material reciclável. Também temos prevista uma oficina de fotografia", diz Freyre Filho.

O Espaço Cultural, um dos ambientes da casa-museu, ainda está passando por um processo de intervenção. Deve ficar pronto em quatro meses. Também falta finalizar a restauração da parte externa, com todo o muro que envolve o terreno. Ainda assim, a visita ao público já está liberada.

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