IMERSÃO

Rock in Rio 2022: Com arte e tecnologia, Amazônia será tema de uma grande instalação audiovisual

Idealizada pela Natura com o festival de música, a Nave vai colocar o público em contato com uma Amazônia contemporânea, através de trabalhos e falas de mais de 50 artistas e ativistas da região

Romero Rafael
Cadastrado por
Romero Rafael
Publicado em 19/08/2022 às 20:34 | Atualizado em 23/08/2022 às 16:22
DIVULGAÇÃO
IMERSÃO Montada na Arena 3 do Rock in Rio, a Nave é feita de artes visuais, música e tecnologia - FOTO: DIVULGAÇÃO
Leitura:

Pense na Amazônia. Imagens chegam em fração de segundo. A região — observe que contradição! — parece estar vivíssima no nosso imaginário, mas guardou-se na memória da maioria da gente limitada e cristalizada. Quem for ao Rock in Rio, que começa dia 2 de setembro, no Parque dos Atletas, terá a oportunidade de atualizar as percepções e o próprio acervo imagético sobre a Amazônia.

Uma instalação audiovisual de 360 graus, projetada para uma experiência imersiva com telas de cerca de 11 metros de altura, será construída na Arena 3. Chama-se Nave e, a bordo dela, será possível viajar para, não uma, algumas Amazônias. Mais de 50 artistas contemporâneos e ativistas amazônicos participam deste projeto, que é uma realização da Natura com o festival de música.

"São muitas Amazônias"

"O primeiro ponto de partida é entender que a Amazônia são muitas Amazônias. O recorte que a gente decidiu abordar nesse projeto é o da Amazônia contemporânea, feita pela diversidade de gente, territórios e linguagens", explica ao JC a artista visual paraense Roberta Carvalho, diretora do Coletivo Criativo Nave, responsável pela curadoria da instalação audiovisual.

A Nave propõe atualizar o repertório de imagens e conhecimentos sobre a região. Que se supere o resumo que dá conta (somente) da floresta, dos rios, bichos, povos originários, indígenas e ribeirinhos, e se amplie para os centros urbanos e as periferias, a tecnologia e a convivência do regional, como o carimbó, com o pop, caso do hip hop e outras manifestações.

Os conflitos que têm desafiado a floresta a manter-se de pé — como o desmatamento aumentado durante o governo Bolsonaro e os assassinatos do indigenista pernambucano Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips, em junho — não são evocados diretamente, mas as questões habitam os trabalhos dos artistas.

Eles serão exibidos em projeções, com recursos como efeitos sonoros e texturas. A proposta é que o visitante sinta as Amazônias. Diante da nossa disposição ao engajamento virtual e ao uso de hashtags que perigam esvaziar as lutas e se encerrarem nelas mesmas, a instalação audiovisual quer, sobretudo com arte, impactar mais gente para a percepção dessa Amazônia que é plural não só pela biodiversidade.

"A ideia é, justamente, possibilitar outras maneiras de se pensar a floresta em pé; como respeitá-la e entender uma série de questões que a arte pode impulsionar", resume Roberta Carvalho, que dirige o espaço com cenografia da diretora e cenógrafa carioca Daniela Thomas, argumento da contadora de histórias acreana Karla Martins e direção musical da cantora e multiartista paraense Aíla.

Aparelhagem em forma de barco

A diretora da Nave destaca, na instalação, uma aparelhagem, a maior já projetada pelo artesão paraense João do Som, construtor desse equipamento sonoro comum em Belém. "A aparelhagem, que é típica do tecnobrega, manifestação periférica da cultura amazônica, principalmente do Pará, tem a forma de um barco. Esse barco é o símbolo de nossas ruas, que são rios", conta. "O barco chega ao Rio de Janeiro com a ideia de dizer: 'a Amazônia está aqui e veio de barco, trazendo suas pessoas e seus artistas'", completa.

De barco chegarão à Nave artistas da música e das artes visuais de origens muitas ("É um grande conjunto de gente, cada um trazendo um pedacinho dessa Amazônia"). Sendo uma região de tamanho continental e de distâncias multiplicadas pela floresta e pelos rios, Roberta acredita que mesmo a população amazônica poderá se (re)conhecer mais, de alguma forma.

Fora as projeções, haverá uma programação de performances e apresentações musicais — do rap ao marabaixo amapaense e o carimbó paraense. Um redário estará disponível para quem quiser descansar e sonhar.

Seja pelos trabalhos dos artistas, pelas falas dos ativistas, e toda a tecnologia empregada em diálogo com o Rock in Rio, "a Nave é cheia de sensações".

Diretora global da Natura, Maria Paula Fonseca defendeu, na apresentação do projeto, que "a arte, a cultura e o entretenimento acessam um campo dos sentidos e das emoções que tem um grande potencial de mobilização para as transformações que queremos ver na sociedade".

Comentários

Últimas notícias