LITERATURA

Quatro escritores pernambucanos estão entre os semifinalistas do Prêmio Oceanos 2022

Um dos principais prêmios literários em língua portuguesa, o Oceanos avaliou 2.452 livros de autores de 17 diferentes nacionalidades lançados em sete países

Romero Rafael Agência Estado
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Publicado em 31/08/2022 às 18:29 | Atualizado em 01/09/2022 às 18:21
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SEMIFINALISTAS Bernardo Brayner; Carol Braga; Micheliny Verunschk; Frederico Toscano - FOTO: DIVULGAÇÃO OU REPRODUÇÃO
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O Prêmio Oceanos 2022 revelou os 65 livros semifinalistas nesta quarta-feira (31). Concorrem 27 romances, 18 livros de poemas, 14 de contos, cinco de crônicas e um de dramaturgia. Os autores semifinalistas se dividem em 45 brasileiros, 12 portugueses, 5 moçambicanos, uma luso-angolana, um angolano e um cabo-verdiano.

Entre os brasileiros estão os pernambucanos Bernardo Brayner, com o romance Bicho Geográfico, lançado pela CepeCarol Braga, com o livro de poemas Minha Raiva Com Uma Poesia Que Só Piora, publicado pela editora Urutau; Frederico de Oliveira Toscano, com o livro de contos O Rinoceronte na Parede, também pela Urutau, e Micheliny Verunschk, com o romance O Som do Rugido da Onça, pela Companhia das Letras.

Autores pernambucanos

"Estar entre os melhores romances lançados em língua portuguesa já é uma vitória para mim. Estou concorrendo com grandes autores com carreira internacional, como Valter Hugo Mãe, e nem esperava por isso", fala Bernardo Brayner.

O autor conseguiu publicar Bicho Geográfico com dois projetos que ele mesmo redigiu e aprovou junto ao Funcultura, do Governo do Estado. Primeiro ele recebeu bolsa para escrever a obra e depois, recurso para imprimi-la na Companhia Editora de Pernambuco (Cepe).

Bicho Geográfico já havia ficado entre os três melhores do ano na lista da revista 451.

"Estou muito emocionada e impressionada em estar como semifinalista", diz Carol Braga, que é autora estreante. Sobre sua obra, Minha Raiva Com Uma Poesia Que Só Piora, ela define como "um livro para ser lido em voz alta, que trás na raiva a batida do poetry slam". "Três poemas que recitei quando ganhei o Campeonato Nacional do Portugal.Slam! estão nele em forma escrita. É, sobretudo, um livro antirracista e anticolonial escrito por uma mulher nordestina", completa.

Frederico de Oliveira Toscano, semifinalista com o livro de contos O Rinoceronte na Parede, relata que ficou feliz e muito surpreso com a indicação por este ser seu segundo livro de ficção (ele é historiador, com três publicações de pesquisa, uma delas premiada com o Jabuti, "À Francesa: A Belle Époque do Comer e do Beber no Recife") e também porque seus textos são da literatura fantástica - ou seja, são de ficção científica, fantasia, horror -, gênero que não é tratado com reconhecimento pelo menos no Brasil.

"Qualquer coisa que acontecer a partir de agora é lucro. Só por ser um livro declaradamente e incontornavelmente do gênero fantástico, é uma vitória para a literatura brasileira, para meus colegas do fantástico no Brasil, que não têm reconhecimento no seu País. Se chegar a um final vou ficar extasiado, não saberia nem como reagir", analisa Toscano.

Micheliny Verunschk também celebra seu nome na lista com O Som do Rugido da Onça: "Estar entre as obras semifinalistas do prêmio Oceanos, que teve tantos inscritos, é, por si, uma grande conquista, a meu ver. E ainda mais por estar ao lado de tantos livros incríveis e relevantes como estes".

Além deles e de Valter Hugo Mãe, Mia Couto, Dulce Maria Cardoso, a poeta Ana Luisa Amaral, que faleceu no início de agosto, Djaimilia Pereira de Almeida, Ana Paula Maia, Silviano Santiago e Marçal Aquino são alguns dos demais autores semifinalistas.

Avaliação

São três etapas de avaliação. A primeira, que se encerra agora, contou com a avaliação de 122 escritores, poetas, professores e críticos literários residentes em Angola, Brasil, Guiné-Bissau, Moçambique e Portugal. Eles também foram responsáveis por eleger os membros dos júris posteriores.

Agora, as obras serão avaliadas por Jeferson Tenório, Nina Rizzi, Paulo Scott e Prisca Agustoni, do Brasil; João Luís Barreto Guimarães e José Riço Direitinho, de Portugal; e Teresa Manjate, de Moçambique. Depois, o júri final escolherá os três vencedores entre os dez finalistas.

O primeiro colocado vai ganhar R$ 120 mil; o segundo, R$ 80 mil e o terceiro, R$ 50 mil.

Em 2021, O Plantador de Abóboras, livro do timorense Luís Cardoso, venceu o Prêmio Oceanos. A obra foi lançada no Brasil este ano, pela Todavia. O segundo lugar foi para O Ausente, do brasileiro Edimilson de Almeida Pereira, e o terceiro para O Osso do Meio, de Gonçalo M. Tavares.

Concorrência

Um dos principais prêmios literários em língua portuguesa, o Oceanos avaliou 2.452 livros de autores de 17 diferentes nacionalidades lançados em sete países. As 65 obras foram publicadas por 40 diferentes editoras - 25 do Brasil, 11 de Portugal, 3 de Moçambique e uma de Cabo Verde.

No Oceanos, que tem como apoiador o Itaú Cultural, que também cuida da governança e da viabilidade tecnológica do prêmio, concorrem entre si livros de qualquer gênero. A poesia liderou este ano as inscrições: foram 1.130 livros, o que corresponde a 46,1% das inscrições. Os romances somaram 743 obras (30,3%) e foram seguidos por contos, com 372 inscrições (15,2%); crônicas, com 156 (6,4%) e dramaturgia, com 51 obras (2,1%).

Confira todos os semifinalistas do Prêmio Oceanos 2022

A gaivota ou a vida em torno do lago, de Susana Fuentes | 7Letras - Poesia

A nota amarela, de Gustavo Melo Czekster | Zouk - Romance

A pediatra, de Andréa Del Fuego | Companhia das Letras Brasil e Portugal - Romance

Afastar-se (treze contos sobre água), de Luísa Costa Gomes | D. Quixote - Conto

Alguns dias violentos, de Ismar Tirelli Neto | Macondo - Poesia

América - um poema de amor, de Mariana Ianelli | Ardotempo - Poesia

Área de broca, de Luciana Tiscoski | Nave - Conto

As doenças do Brasil, de Valter Hugo Mãe | Porto e Biblioteca Azul - Romance

As formigas do Tavinho e outras recordações, de Almiro Lobo | Alcance - Conto

Atirar para o torto, de Margarida Vale de Gato | Tinta-da-china e Macondo - Poesia

Autobiografia não autorizada, de Dulce Maria Cardoso | Tinta-da-china - Crônica

Baixo esplendor, de Marçal Aquino | Companhia das Letras - Romance

Bicho geográfico, de Bernardo Brayner | Cepe - Romance

Clube dos niilistas, de Tom Correia | Urutau - Conto

De cada quinhentos uma alma, de Ana Paula Maia | Companhia das Letras - Romance

Degeneração, de Fernando Bonassi | Record - Romance

Deste silêncio em mim, de Rui Conceição Silva | Visgarolho - Romance

Deus Pátria Família, de Hugo Gonçalves | Companhia das Letras Portugal - Romance

Discurso sobre a metástase, de André Sant’Anna | Todavia - Conto

Elefantes no céu de Piedade, de Fernando Molica | Patuá - Romance

Essa palavra eu não falo, de Luiza de Carvalho Fariello | Patuá - Conto

Eu confundi um vaga-lume com um acidente de avião, de Vinícius Mahier | Macondo - Poesia

Impressão sua, de André Dahmer | Companhia das Letras|Poesia

Introdução à pintura rupestre, de José Tolentino Mendonça | Assírio & Alvim - Poesia

Jerusalém de nós - peça em um ato, de Leo Lama | É Realizações - Dramaturgia

Líbano, labirinto, de Alexandra Lucas Coelho | Editorial Caminho - Crônica

Máquina, de Eleazar Venancio Carrias | Urutau - Poesia

Maremoto, de Djaimilia Pereira de Almeida | Relógio D'Água - Romance

Menino sem passado, de Silviano Santiago | Companhia das Letras - Romance

Minha raiva com uma poesia que só piora, de Carol Braga | Urutau - Poesia

Mobiliário para uma fuga em março, de Marana Borges | Dublinense - Romance

Mundo, de Ana Luísa Amaral | Assírio & Alvim Portugal e Brasil - Poesia

Museu da Revolução, de João Paulo Borges Coelho | Editorial Caminho e Kapulana - Romance

Nós só compreendemos muito depois, de Laís Araruna de Aquino | Corsário-Satã - Poesia

Notas sobre a impermanência, de Paula Gicovate | Faria e Silva - Romance

O caçador de elefantes invisíveis, de Mia Couto | Fundação Fernando Leite Couto e Editorial Caminho - Conto

O canto dela, de Ana Kiffer | Patuá - Romance

O castiçal florentino, de Paulo Henriques Britto | Companhia das Letras - Conto

O deus das avencas, de Daniel Galera | Companhia das Letras - Conto

O drible da vaca, de Mario Prata | Record - Romance

O evangelho segundo Madalena, de Marcelo Pagliosa | Reformatório - Romance

O livro do homem líquido, de Pedro Pereira Lopes | Gala-Gala Edições - Conto

O livro dos pequenos nãos, de Heloisa Seixas | Companhia das Letras - Romance

O mais belo fim do mundo, de José Eduardo Agualusa | Quetzal - Crônica

O réptil melancólico, de Fábio Horácio-Castro | Record - Romance

O rinoceronte na parede, de Frederico de Oliveira Toscano | Urutau - Conto

O som do rugido da onça, de Micheliny Verunschk | Companhia das Letras - Romance

Purgatório, de Pedro Eiras | Assírio & Alvim - Poesia

Quarentena - uma história de amor, de José Gardeazabal | Companhia das Letras Portugal - Romance

Quem tá vivo levanta a mão, de Maria Fernanda Elias Maglio | Patuá - Conto

Querida cidade, de Antônio Torres | Record - Romance

Resistências íntimas e outros itinerários, de Lucilene Machado | Patuá - Crônica

Risque esta palavra, de Ana Martins Marques | Companhia das Letras - Poesia

Safras de um triste outono, de Arménio Vieira | Rosa de Porcelana e Casa Brasileira de Livros - Poesia

Só as hienas matam sorrindo, de Aramyz | Urutau - Conto

Também guardamos pedras aqui, de Luiza Romão | Nós - Poesia

Tornado, de Teresa Noronha | Exclamação - Romance

Transfer, de Kevin Kraus | Editacuja - Crônica

Tristia, de António Cabrita | Porto - Poesia

Um nome inteiro disposto à montaria, de Caetano Romão | 7Letras - Poesia

Uma exposição, de Ieda Magri | Relicário - Romance

Vazão 10.8 - a última gota de morfina, de Diógenes Moura | Vento Leste - Romance

Vingar, de Danielle Magalhães | 7Letras - Poesia

Virando o Ipiranga, de Guilherme Purvin | Terra Redonda - Conto

Vista Chinesa, de Tatiana Salem Levy | Todavia e Elsinore - Romance

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