Após a divulgação de informações extraoficiais, a cantora Margareth Menezes informou nesta terça-feira (13) que aceitou o convite do presidente eleito Lula (PT) para assumir o Ministério da Cultura a partir de 2023.
A artista baiana concedeu uma coletiva no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) em Brasília, onde atua a equipe de transição de governo.
Ela estava nessa equipe ao lado de nomes como Antônio Marinho (músico e poeta), Juca Ferreira (ex-ministro da Cultura), Lucélia Santos (atriz) e Márcio Tavares (secretário do PT).
Margareth Menezes aceitou convite de Lula para ser ministra da Cultura
Margareth Menezes se encontrou com Lula nesta terça-feira (13), no hotel onde o presidente eleito está hospedado na capital federal.
"Foi uma conversa [com Lula] muito animadora para a gente que é da área da cultura. Nós conversamos e eu aceitei a missão. Recebo isso como uma missão mesmo. Foi uma surpresa para mim também", declarou a artista.
O anúncio foi celebrado por parte considerável da esquerda. Além da experiência com projetos sociais e produção cultural, Menezes traz a representatividade de uma mulher negra - o que não foi visto no anúncio da última sexta-feira (9), quando cinco homens brancos foram revelados como ministros.
A escolha também relembra o passe do primeiro governo Lula, em 2002, quando Gilberto Gil - também negro e baiano - foi empossado como ministro da cultura.
Quem é Margareth Menezes, Ministra da Cultura de Lula
Margareth Menezes da Purificação nasceu em 1962, na Boa Viagem, região da Península de Itapagipe, Salvador.
Sua veia artística aflorou ainda cedo, por conta da influência de sua família. A baiana chegou aos palcos primeiro pelo teatro, participando do grupo teatral do Centro Integrado de Educação Luiz Tarquínio.
Em 1983, ela participou da fundação do Gran Circo Troca de Segredos, espaço cultural que revolucionou a cena cultural de Salvador.
Margareth Menezes deu início a sua carreira musical em 1986, fazendo uma turnê pela Bahia. No ano seguinte, passa a realizar participações em gravações e em festivais.
É dessa época o sucesso "Faraó - Divindade do Egito", que lançou junto com Djalma Oliveira.
Seu primeiro disco, auto-intitulado, chega em 1988. Logo a cantora despontou como um dos principais nomes do axé e do samba reggae, fazendo shows em todo o mundo.
Margareth Menezes na Cultura: Conheça os projetos sociais da cantora
Em 2005, Menezes lançou o Movimento Afropop Brasileiro, bloco sem cordas que festeja a cultura negra no Brasil.
O Afropop recebe apoio de grandes blocos afro (Ilê Aiyê, Muzenza, Cortejo Afro, Filhos de Gandhy e MalêdeBalê), além de reunir nomes como Gilberto Gil, Daniela Mercury, Lazzo, Roberto Mendes, Virgínia Rodrigues, Mariene de Castro, entre outros.
Em 2008, ela deu início às atividades da Fábrica Cultura, seu projeto social. A ONG começou atuando na Ribeira (bairro onde morou na infância), oferecendo cursos profissionalizantes para jovens e oficinas de arte e educação para crianças.
Atualmente, através do apoio de instituições parceiras, a Fábrica Cultural conta com quatro sedes na Península de Itapagipe, uma no Bonfim e um novo espaço no bairro do Jardim Cruzeiro. O projeto desenvolve importantes projetos, como o Na Trilha da Cidadania, o Circulando Arte e o Conversa na Varanda.
Ela também idealizou o Mercado Iaô, evento realizado numa antiga fábrica e que reúne música, moda, gastronomia, artesenato e economia criativa.
Os desafios do Ministério da Cultura do Governo Lula
A artista baiana terá grandes obstáculos no cargo, visto que a área foi rebaixada a secretaria especial, sofreu cortes e constantes trocas de comando no governo de Jair Bolsonaro - passaram por lá nomes como Mário Frias, Regina Duarte e Roberto Alvim. O primeiro desafio do governo eleito será justamente a reestruturação complexa de um Ministério.
Desde a campanha de 2018, o governo Bolsonaro colocou a maior parte da classe artística dentro de um campo de batalha ideológico. A Lei de Incentivo à Cultura (Lei Rounaet), que trabalha com verbas de renúncia fiscal de empresa, virou uma "verba de comprar artistas" nas redes sociais.
Assim, outro desafio será conseguir diálogo com a sociedade civil para que o uso das verbas da cultura seja melhor compreendido.
O novo Ministério da Cultura também terá de ter orçamento para bancar os programas de fomento. O primeiro embate sobre esse tema começou ainda neste ano, com o adiamento do pagamento das leis Aldir Blac 2 e Paulo Gustavo.
A medida provisória de Bolsonaro deixou a lei Paulo Gustavo ficará para 2023, enquanto a Aldir Blanc será em 2024. Outra área em que a verba é um desafio é o cinema. A proposta de orçamento de 2023 enviada por Bolsonaro excluiu a Condecine, que sustenta o Fundo Setorial do Audiovisual.
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