INVASÃO AO PLANALTO

'Vamos trabalhar unidos para a reconstrução', diz Margareth Menezes sobre obras de arte destruídas. Veja obras e valores

Diversas obras de arte do Palácio do Planalto, do Congresso e do Supremo Tribunal Federal foram vandalizadas por bolsonaristas radicais no último domingo

Emannuel Bento
Cadastrado por
Emannuel Bento
Publicado em 09/01/2023 às 15:34 | Atualizado em 09/01/2023 às 16:05
CARL DE SOUZA / AFP
'As Mulatas', de Di Cavalcanti', foi danificada em ataque de terroristas bolsonaristas ao Planalto - FOTO: CARL DE SOUZA / AFP

Autoridades ainda mensuram qual o tamanho do estrago que o ataque terrorista aos prédios três poderes, em Brasília, causou ao patrimônio artístico e histórico do Brasil.

Diversas obras de arte do Palácio do Planalto, do Congresso e do Supremo Tribunal Federal foram vandalizadas, destruídas ou até furtadas por bolsonaristas radicais no último domingo (8).

São patrimônios históricos que dificilmente poderão ser recuperados. Uma das obras mais valiosas do Planalto, "As Mulatas", de Di Cavalcanti, é avaliada em cerca de R$ 8 milhões.

Nesta segunda-feira (9), a ministra da cultura Margareth Menezes informou que convocou uma reunião com Maurício Goulart e demais técnicos do Iphan para ter dimensão das perdas. "Contamos também com a colaboração de um grupo de especialistas e restauradores de arte de todo o país", disse, no Twitter.

"É urgente avaliarmos os danos e começarmos a recuperação e restauro de todo patrimônio que foi brutal e absurdamente arrasado. Um quadro de Di Cavalcanti destruído a facadas revela tamanha ignorância e violência desses atos abomináveis. Brasília é patrimônio histórico material e imaterial do Brasil e vamos trabalhar unidos para a reconstrução de tudo que foi violado."

OBRAS DE ARTE PALÁCIO DO PLANALTO

REPRODUÇÃO
OBRAS DE ARTE DESTRUÍDAS Relógio do século 16 foi destruído - REPRODUÇÃO

No Planalto, a tela "As Mulatas" (1962), de Di Cavalcanti, foi furada em seis pontos pelos invasores. A obra é considerada 'histórica' e 'emblemática'. Atualmente, os quadros de Di Cavalcanti têm batido sucessivos recordes em leilões no mercado internacional.

Ainda no Planalto, a escultura "O Flautista", de Bruno Jorge, avaliada em R$ 250 mil, também foi destruída.

Ainda foram vandalizados a mesa de trabalho de Juscelino Kubitscheck, que foi usada como barricada, e o relógio de Balthazar Martinot, que data do século XVII e foi presente da Corte Francesa para Dom João 6º. Ambos os objetos não tem valores estimados.

Contudo, esse relógio é o item que o diretor de Curadoria dos Palácios Presidenciais, Rogério Carvalho, acredita ser o mais difícil de recuperar.

"O valor do que foi destruído é incalculável por conta da história que ele representa. O conjunto do acervo é a representação de todos os presidentes que representaram o povo brasileiro durante este longo período que começa com JK. É este o seu valor histórico", comenta Carvalho.

A obra "Bandeira do Brasil”, de Jorge Eduardo, de 1995, também foi encontrada boiando sobre a água que inundou todo o andar, após vândalos abrirem os hidrantes.

OBRAS NO CONGRESSO E DO STF

REPRODUÇÃO
OBRAS DE ARTE DESTRUÍDAS Vitral "Araguaia", da artista Marianne Peretti, de 1977, foi danificado. - REPRODUÇÃO

No Congresso, o vitral "Araguaia", da artista Marianne Peretti, de 1977, foi danificado. A obra ficava no salão verde da Câmara.

Já no prédio do STF, o Hall dos Bustos, que incluía esculturas importantes da República, como Rui Barbosa e Joaquim Nabuco, também foram danificadas. O brasão da República também foi atacado.

Ainda no STF, a escultura "A Justiça", de Alfredo Ceschiatti, foi pichada. Uma réplica da Constituição de 1988 também foi furtada por golpistas de onde estava exposta, no Salão Branco da Suprema Corte. O STF informou que o exemplar original está guardado no museu do órgão.

Em nota, a presidente do STF, Rosa Weber, afirmou que o edifício-sede do Supremo , "patrimônio histórico dos brasileiros e da humanidade, foi severamente destruído por criminosos, vândalos e antidemocratas".

Comentários

Últimas notícias