NOVA JERUSALÉM

'O artista precisa parar de ser julgado como um bandido', diz Klebber Toledo ao interpretar Jesus na Paixão de Cristo

Estreante na Paixão de Cristo de Nova Jerusalém, Klebber Toledo acredita que os artistas são 'instrumentos para repassar a palavra divina': 'Não existe transformação na humanidade sem educação, arte ou cultura'

Emannuel Bento
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Emannuel Bento
Publicado em 06/04/2023 às 15:13
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Klebber Toledo na Paixão de Cristo de Nova Jerusalém - FOTO: DIVULGAÇÃO

Estreante na Paixão de Cristo de Nova Jerusalém, o ator Klebber Toledo, 38, costuma dizer que o "papel mais importante da carreira" sempre é o do momento. Não foi diferente com Jesus Cristo. "Como ser humano, no entanto, acho que apenas quando eu tiver filhos talvez eu me transforme mais", admite o artista, dando a dimensão da experiência que é viver o messias no maior teatro ao livre do mundo.

Conhecido por trabalhos em novelas como "Morde & Assopra" (2011), "Império" (2014) e "Verão 9)" (2019), o ator global foi escolhido para substituir Gabriel Braga Nunes no papel principal da encenação, que teve sua retomada em 2022 após dois anos da pandemia.

 

Durante coletiva de imprensa realizada após a pré-estreia para a comitiva da governadora Raquel Lyra (PSDB) e imprensa, na última sexta-feira (31), Klebber fez um enfático discurso em defesa da cidade-teatro e das artes como um todo.

'Estamos sendo instrumentos da palavra divina'

"Esse lugar precisa ser preservado e eternizado. Os nossos governantes têm que olhar para isso daqui e dizer: ‘é único e tem que se para sempre’. Temos de parar de criar problemas para tudo o que temos de fazer", pediu, em relação à cultura.

"O artista precisa parar de ser julgado como um bandido, como um ladrão. Não somos. Somos educadores, somos transmissão. Nessa peça, estamos sendo instrumentos da palavra divina para todos vocês. Ninguém aqui é bandido, muito pelo contrário".

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Klebber Toledo na Paixão de Cristo de Nova Jerusalém - DIVULGAÇÃO

O ator ressaltou que "não existe transformação na humanidade sem educação, arte ou cultura". "O nosso passado não para de ser esquecido por um monte de besteiras, de fake news, entre outras coisas que vem por aí".

"Estamos vivendo um momento muito maluco do mundo, quando as coisas estão se invertendo. As pessoas estão subjugando e subvertendo tudo: uma coisa que você fala vira outra. Então, não é preciso ter mais base. As pessoas não buscam mais a verdade. Isso daqui [o espetáculo] é um resgate pelo o que temos de melhor", concluiu.

Vale ressaltar que a Paixão de Cristo de Nova Jerusalém passou por um momentos difíceis com dois anos de pandemia. O Ministério do Turismo chegou a autorizou o espetáculo a captar R$ 2,9 milhões da Secretaria de Cultura, pela Lei Rouanet, para a edição de 2022 - fato que espelha a necessidade de diálogo com os governantes, como enfatizou Klebber.

Assim como todos os outros atores que estreiam no espetáculo, o ator não deixou de ficar impressionado pela dimensão da cidade-teatro. "Estamos num lugar mágico, feito para encantar. A história que estamos contanto, independente de como eu me sinto, é sobre a palavra que estamos passando. Temos de honrar esse espaço e os antepassados que passaram por aqui", disse.

"Quando eu falo todas aquelas coisas, me parece que tudo seria mais simples se simplesmente seguíssemos a palavra. Eu não vivo fazendo muita besteira, não (risos). Mas, aqui foi possível seguir a palavra fazendo o que gostamos. Para mim, foi isso. Me emocionei e chorei em várias cenas."

DESAFIOS

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Klebber Toledo e Luíza Tomé na Paixão de Cristo de Nova Jerusalém - DIVULGAÇÃO
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Luíza Tomé, Klebber Toledo, Marina Pacheco e Washington Machado, na Paixão de Cristo de Nova Jerusalém - Felipe Souto Maior/DIVULGAÇÃO
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Eriberto Leão, que foi protagonista no espetáculo da Paixão de Cristo de Nova Jerusalém em 2005 e 2010, será Pôncio Pilatos, este ano - FELIPE SOUTO MAIOR/DIVULGAÇÃO

Klebber Toledo iniciou a sua participação na coletiva mostrando as marcas nas suas costas. "Todo mundo pergunta se dói mesmo. Claro que não é como se fosse real, mas sentimos um pouco, sim. Como viver Jesus e não sentir um pouco disso? Eu faria mais, duas vezes, três vezes, porque a história merece o público merece."

Apesar da responsabilidade de viver o ícone máximo do cristianismo, Toledo afirmou que o suporte dado por toda a equipe facilitou muito o processo. "Eu estou sempre tremendo na base, mas, na verdade, nem preciso, porque a galera daqui é muito boa", disse.

"Eu estou com meus companheiros e essa experiência vai muito além de mim. As pessoas me fazem sentir que vai dar certo. Não posso entregar menos do que o máximo nessa coisa linda que estamos fazendo. Existe um estado de espírito que nos faz ficarmos despreocupados. ‘Portanto, não se preocupem com o amanhã, pois o amanhã trará as suas próprias preocupações'", disse, citando Mateus 6:34

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