CARNAVAL

Clube Vassourinhas luta para reabrir sede no Recife; espaço foi invadido e tem dívidas de R$ 500 mil

Diretoria do Vassourinhas retomou esforços para que sede volte a ser ponto de referência do Carnaval; em invasões, estandarte de 1953 bordado a fios de ouro foi destruído

Emannuel Bento
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Emannuel Bento
Publicado em 08/06/2023 às 18:19 | Atualizado em 09/06/2023 às 16:35
AMARO FILHO
Fachada de sede do Vassourinhas. Fonte: Livro Choro e Frevo - Duas Viagens Épicas, de José Teles, produção da Página 21 - FOTO: AMARO FILHO

A sede do Clube Carnavalesco Misto Vassourinhas, localizado em Afogados, Zona Oeste do Recife, pouco lembra o passado de glória da agremiação, que orgulhava a capital com seus desfiles grandiosos, chegando a divulgar o frevo em uma viagem história ao Rio de Janeiro, então capital federal, em 1953.

Com 134 anos de história, a agremiação Vassourinhas ainda desfila todos os anos no concurso de Carnaval da Prefeitura do Recife, mas há tempos atravessa uma crise financeira.

A sede está fechada desde 2014. Antes disso, a frequência do público já vinha minguando. O local vem sendo degradado, depredado e chegou a ser invadido várias vezes. Nesse período, inclusive, foi destruído o estandarte mais antigo do bloco, bordado a fios de ouro, feito na ocasião da citada ida para o Rio.

Além disso, o imóvel acumula dívida em processos tributários que ultrapassam a marca de R$ 500 mil. O presidente Maurício Batista chegou a colocar à sede venda, em 2017, o que não chegou a ser consumado.

Nova luta pelo Vassourinhas

AMARO FILHO
Salão principal e palco do Vassourinhas. Fonte: Livro Choro e Frevo - Duas Viagens Épicas, de José Teles, produção da Página 21. - AMARO FILHO
AMARO FILHO
Área interna do Clube Vassourinhas. Fonte: Livro Choro e Frevo - Duas Viagens Épicas, de José Teles, produção da Página 21. - AMARO FILHO

Agora, novos esforços criam uma luz o fim do túnel para o clube ligado à agremiação mais antiga do Recife em atividade - fundada em 1889. Os diretores procuraram o poder público para tratar sobre os principais problemas enfrentados em relação à reabertura.

"A situação do Clube Vassourinhas é bem difícil. Há alguns anos, a agremiação passou por uma crise de liderança, não teve seu comando renovado, como deveria. Isso fez com que dívidas fossem acumuladas e que populares invadissem a sede do Clube, roubando seu patrimônio e destruindo boa parte da sua história", explica o diretor social Thomás Ricardo.

O diretor, que é um grande fã do Carnaval, realizava pesquisas sobre as histórias de agremiações quando começou a procurar os seus presidentes e se deparou com a atual situação do Vassourinhas. Ele criou redes sociais para o clube, a fim de divulgar suas atividades.

"Agora, estamos arrecadando recursos para conseguir restaurar essa sede, deixando-a da forma como ela deveria estar. Maurício, que é o presidente, já investiu bastante dinheiro nisso. Pedimos doações de materiais, inclusive, para acelerar esse processo de restauração", diz Thomás.

A fachada do prédio, por exemplo, já foi pintada. Ainda faltam vários detalhes, como uma reforma para atender aos padrões do Corpo de Bombeiros, lâmpadas e mais.

Uma das principais vontades da diretoria é o resgate da gafieira, uma tradição cultural que movimentou bastante a sede antes do seu fechamento. "Queremos, sobretudo, tornar essa sede um ponto de referência para o Carnaval da idade novamente. Eu suspeito que o Paço do Frevo surgiu para suprir essa necessidade que a cidade estava tendo, levando em consideração que lugares como o Vassourinhas estavam fechados", diz Thomás.

A diretoria do Vassourinhas ainda é formada por Paulo Fernandes, diretor de patrimônio, e Gilson Amaro, diretor social. Maurício Batista segue como presidente.

Dívidas

EDUARDO CUNHA

Diretoria do Clube Vassourinhas com vereadora Liana Cirne (PT) - EDUARDO CUNHA

A dívida de processos tributários da sede do Vassourinhas ultrapassa a marca de R$ 500 mil. Recentemente, uma outra importante agremiação da cidade passou por um problema semelhante: o Batutas de São José, que tinha uma dívida de IPTU no valor de R$ 1,6 milhão.

Em dezembro do ano passado, no caso do Batutas, a vereadora Liana Cirne (PT) defendeu a aplicação do Artigo 17, inciso X, do Código Tributário do Recife, que prevê a revê isenção do Imposto sobre Propriedade Territorial Urbana (IPTU) para os imóveis de propriedade das agremiações carnavalescas. O processo de extinção da execução da dívida está tramitando.

Na última sexta-feira (2), a vereadora esteve em uma reunião com os diretores do Vassourinhas. Ao JC, ela reforçou que os grupos já são isentos de alguns impostos, mas as pessoas que estão à frente das agremiações às vezes não têm acesso às informações, oque dificulta alguns trâmites.

"Quem toma conta dos Clubes muitas vezes não contam com assessoria jurídica e não conhecem o nosso Código. Cabe ao município reconhecer a isenção prevista em lei e aplicar de ofício. Identificar quem são os grupos culturais e dizer que eles não vão pagar IPTU e nem taxa de lixo", disse Liana Cirne.

A parlamentar acredita que com essa iniciativa os principais problemas dos blocos tradicionais podem ser sanados. "Isso vai garantir que instituições como o Batutas de São José, Vassourinhas e outros grupos tradicionais possam sobreviver, compartilhando a nossa cultura dentro do nosso coração e a tradição da nossa cidade", destacou.

A diretoria do Vassourinhas aceita doações em prol da sede: 13778475436 (chave Pix).

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