CULTURA POPULAR

Ocupação Lia de Itamaracá, no Recife, chega à reta final debatendo racismo na cultura popular

Representantes do meio cultural, acadêmico, político e da gestão pública se reúnem no Paço do Frevo na roda de diálogo "O Racismo na Cultura Popular - Reflexões e Proposições"

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Publicado em 13/06/2023 às 15:38
YTALLO BARRETO/DIVULGAÇÃO
Lia de Itamaracá - FOTO: YTALLO BARRETO/DIVULGAÇÃO

Em cartaz no Paço do Frevo até 21 de junho, a Ocupação Lia de Itamaracá promoverá a roda de diálogo "O Racismo na Cultura Popular - Reflexões e Proposições" nesta quarta-feira (14), a partir das 15h.

No museu, estarão reunidos representantes do meio cultural, acadêmico, político e da gestão pública num debate que marca o lançamento do catálogo da exposição, que será distribuído de forma gratuita aos presentes. Os interessados devem se inscrever por meio de formulário, neste link.

Para a roda de diálogo, estão confirmadas as presenças de Lia de Itamaracá; do seu produtor e empresário, Beto Hees; da professora doutora e ialorixá Mãe Denise Botelho; de Fabiano Santos, presidente da União dos Afoxés de PE e do Afoxé Alafin Oyó, membro da comissão de Cultura da OAB; Lenne Ferreira, jornalista e produtora cultural; e Geisa Agrício, gerente de Desenvolvimento Institucional do Paço do Frevo. A mediação será de Michelle de Assumpção, curadora da Ocupação Lia de Itamaracá e autora de sua biografia.

"O racismo que Lia enfrentou ao longo da vida também é um tema esmiuçado na Ocupação Lia de Itamaracá - Paço do Frevo. Práticas racistas explícitas, por exemplo, permeiam em um recorte de jornal de 1973, que descreve pela 1ª vez a existência de Lia de Itamaracá, até então conhecida em todo país como personagem de uma famosa ciranda, intitulada 'Quem me deu foi Lia', lançada na voz de Teca Calazans, em 1969", diz Michelle de Assumpção.

"'Escurinha', 'boneca de piche' e 'empregadinha' são alguns dos adjetivos utilizados pelo jornalista que escreve a matéria, revelando a naturalização do racismo que hoje configura crime. A roda de diálogo é um convite à troca de experiências, reflexões e proposições que precisam ser feitas para encararmos o problema do racismo estrutural brasileiro e deixarmos no legado da mostra uma contribuição para esse debate, sob o ponto de vista da cultura popular, que é feita por mãos, corpos e vozes negras."

"Eu sempre encarei de frente o racismo, ele sempre existiu, mas eu nunca baixei minha cabeça. E é o que digo a todas que enfrentam esse problema: seja mais você, se fortaleça e encare", reflete Lia de Itamaracá, que chega a tratar do assunto em entrevistas que foram levadas à mostra, no Paço do Frevo.

CATÁLOGO

O catálogo da exposição foi construído a partir dos eixos que nortearam a própria Ocupação, que compreendem o Território, a Casa, a Raça e a Trajetória da artista. Lia de Itamaracá, a ilha que a gestou, de onde sai para o mundo e para onde sempre retorna, é o fio condutor dessa história que deixa o registro de todo o processo da mostra. A publicação é composta por fotos do espaço expositivo e por retratos da artista feitos pelo fotógrafo Ytallo Barreto, que tem acompanhado de perto a trajetória de Lia. Traz ainda uma série de textos sobre a cirandeira, não apenas celebrando um importante momento da sua carreira, mas constituindo uma memória de sua longeva e fascinante história de vida e obra.

WEBSÉRIE

Também dia 14, vai ao ar o sexto e último episódio da série em vídeo "Quem me deu foi Lia", com lançamento no Youtube do Paço do Frevo. No capítulo derradeiro, as culturas paraense e pernambucana se misturam. É a vez da Rainha do Carimbó chamegado, Dona Onete, falar sobre a influência que a mestra da Ciranda exerceu em sua vida.

Ambas são mulheres negras referências da cultura popular, que ousaram quebrar regras, fortalecendo e espalhando a cultura e a identidade de seus territórios e origens exaltados nas canções, nos ritmos e também nas vestimentas. Tal representatividade as colocou como tema de duas ocupações simultâneas em cartaz e sucesso de público: a Ocupação Dona Onete, no Itaú Cultural (São Paulo), e a Ocupação Lia de Itamaracá, no Paço do Frevo (Recife). A websérie tem patrocínio do Itaú e da Rede e o apoio cultural e financeiro do Itaú Cultural.

EXPOSIÇÃO

Já visitada por cerca de 30 mil pessoas desde o dia 21 de março, a ‘Ocupação Lia de Itamaracá - Paço do Frevo’ celebra a terra, o mar, os sons e todo o universo de uma das maiores artistas da música popular brasileira.

A exposição é um tributo e um reconhecimento à trajetória de uma artista cuja vida e obra vêm seduzindo gerações e fortalecendo a identidade do povo pernambucano a partir da Ciranda e de outros gêneros da cultura popular. Traz documentos, figurinos, objetos pessoais, fotografias, mobiliários e diversos recursos audiovisuais, como videoclipes e imagens recentes de apresentações da artista pelo mundo.

Com o patrocínio do Itaú, da Rede e o apoio cultural e financeiro do Itaú Cultural, a exposição tem a realização do Paço do Frevo e do Centro Cultural Estrela de Lia. A entrada se dá através do ingresso do museu, que custa R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia), com gratuidade às terças-feiras.

SERVIÇO
Roda de Diálogo "O Racismo na Cultura Popular, Reflexões e Proposições" e lançamento do catálogo da exposição "Ocupação Lia de Itamaracá - Paço do Frevo"
Onde: Paço do Frevo - Praça do Arsenal da Marinha, s/n, Bairro do Recife, Recife
Quando: Quarta-feira, 14 de junho, às 15h.
Inscrições no link.
Horários: Terça a sexta, 10h às 17h | Sábado e domingo, 11h às 18h
Ingressos: R$ 10 e R$ 5 (meia) - entrada gratuita às terças-feiras

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