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Após 3 meses, Pagode do Didi é regularizado e planeja retorno

Estabelecimento conseguiu alvará de localização e funcionamento após a locação de um anexo; retorno da música ao vivo deve ocorrer no dia 28 de junho

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Emannuel Bento

Publicado em 20/06/2024 às 15:17 | Atualizado em 20/06/2024 às 16:49
Notícia

Boa novidade para os amantes do samba no Recife. Após três meses fechado para regularização de alvarás, o Pagode do Didi, localizado na Rua Ulhôa Cintra, no bairro de Santo Antônio, voltará a funcionar.

Rico Ferreira, filho de Vlademir de Souza Ferreira (o Didi), confirmou a informação ao JC. O documento do alvará de Localização e Funcionamento foi entregue ao estabelecimento nesta quinta-feira (20).

Agora, os proprietários vão se encontrar com advogados para entenderem o próximo passo no trâmite judicial, pois o fechamento foi uma decisão da 5ª Vara da Fazenda Pública do Recife, atendendo a um pleito do Ministério Público de Pernambuco (MPPE) e da Procuradoria Geral do Município (PGM).

A intenção é que retorno ocorra no dia 28 de junho, após o período do São João, a partir das 19h. "Tivemos que alugar um espaço perto do bar para atender às exigências, pois apenas a nossa planta não dava conta do que o alvará pedia", explicou Rico.

Em março, o fechamento do bar foi bastante sentido pelo público jovem que passou a frequentar o pagode das sextas no pós-pandemia. Também gerou críticas, já que o espaço resiste em meio à degradação do Centro.

Alvarás

Há três meses, a Prefeitura informou que notificou o estabelecimento para adequações necessárias desde setembro de 2023. Diante da falta de retorno, a gestão judicializou o caso.

Na plataforma Licenciamento Unificado, da Prefeitura do Recife, era possível encontrar dois processos ainda abertos envolvendo o estabelecimento até março deste ano.

Um deles, de 12 de junho de 2014, pede a apresentação alvará de localização e funcionamento. Um outro, de 22 de julho de 2014, diz que o local foi autuado por falta de alvará de som e poluição sonora.

Entenda a decisão que fechou o bar

O encerramento das atividades do Pagode do Didi foi fruto de uma decisão da 5ª Vara da Fazenda Pública do Recife, atendendo a um pleito do Ministério Público de Pernambuco (MPPE) e da Procuradoria Geral do Município (PGM).

Em nota, a Prefeitura informou que "trata-se de um estabelecimento comercial sem alvarás de localização e funcionamento, situado em Zona Especial de Preservação do Patrimônio Histórico/Cultural (ZEPH-SPR), com atividade potencialmente geradora de incômodo à vizinhança (APGI) e com extensa ocupação irregular do logradouro público - palco e mesas".

Tradição

Foto: Heudes Régis/ArquivoJC Imagem
Pátio de São Pedro e Pagode do Didi recebem eventos para homenagear o mais brasileiro dos ritmos - Foto: Heudes Régis/ArquivoJC Imagem

Fundado em 1981, o "Bar do Didi" logo se tornou ponto de encontro de sambistas, transformando-se no primeiro pagode ao ar livre do Recife, o Pagode do Didi - nome que carrega até hoje.

Diversas gerações de músicos, compositores e grupos iniciaram suas carreiras neste espaço. Em 2021, após a pandemia, o bar vivenciou uma renovação de público, atraindo jovens todas as sextas-feiras.

O espaço se tornou, inclusive, um ponto de encontro de nomes nacionais do ritmo. Arlindo Cruz, Almir Guineto, Negritude Jr, Jovelina Pérola Negra, Bezerra da Silva, Nelson Rufino, Noca da Portela, Délcio Luiz foram alguns dos nomes que passaram por lá.

Em 2010, o Didi do Pagode (Vlademir de Souza Ferreira) foi diplomado com o título de Patrimônio Vivo de Pernambuco.

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